A redução dos casos de covid-19 nos últimos meses deixou a sensação de que a pandemia era coisa do passado. Mas o surgimento de uma nova subvariante, a pouca adesão às doses de reforço das vacinas e as aglomerações dispararam a taxa de transmissão (Rt), aumentando as internações e o risco de uma nova onda às vésperas das festas de fim de ano.
A preocupação surgiu primeiro nos hospitais, onde os médicos passaram a atender cada vez mais pacientes com covid. A impressão dos médicos é confirmada pelo aumento da Rt do vírus, que depois de muito tempo voltou a indicar alta na transmissão, segundo a Info Tracker, a plataforma das universidades estaduais paulistas USP e Unesp, que monitora a pandemia.
Testes confirmam alta e internações aumentam. O reflexo desse aumento já foi notado nos laboratórios de diagnósticos: a positividade saltou de 3,7% no começo de outubro para 23% na primeira semana de novembro, segundo a Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica).
Nas farmácias, os testes positivos cresceram 15% entre 17 e 23 de outubro, último dado coletado pela Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias).
A consequência é que o número de pessoas internadas por dia também cresceu. Como o Ministério da Saúde não consolidou os dados nacionais, a Info Tracker colheu os dados no estado de São Paulo, onde as novas internações saltaram de 80, em 17 de outubro, para 168 em 6 de novembro.
Por que a covid voltou a preocupar?
Imunidade de vacinados caiu. Infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Rosana Richtmann explica que a última vez que o Brasil dedicou atenção à vacinação foi em junho, durante o último pico da pandemia.
“Foi a última vez que a população aderiu em massa à vacinação. Já faz cinco meses, que é o tempo médio de proteção da vacina”, diz ela. Casaca, da Info Tracker, concorda. Ele lembra que aquele repique começou em maio. “Quem se vacinou naquela época já está vulnerável de novo.”
Baixa imunização de reforço. A situação é ainda mais preocupante entre aqueles que não voltaram para completar o ciclo vacinal ou receber a primeira e segunda dose de reforço. O Vacinômetro do governo federal indica que apenas 16% da população tomou a quarta dose —a segunda do reforço.
Subvariante chega ao Brasil. Depois de identificada no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo confirmou ontem a primeira morte de um paciente após contaminação por uma subvariante, a BQ.1. Uma mulher de 72 anos com comorbidades morreu no dia 17 de outubro depois de uma semana internada no Hospital São Paulo.
Derivadas da variante BA.5, da ômicron, as subvariantes BQ.1 e BQ.1.1 já respondiam por 27% dos casos nos Estados Unidos em 29 de outubro. Na Alemanha, França, Itália, Coreia do Sul e Nova Zelândia, elas elevaram a média de novos casos acima do alto patamar de 300 por 100 mil habitantes, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde).
Vai ter nova onda?
Casaca prefere chamar o aumento de casos de repique, uma vez que a gravidade dos casos é menor do que no passado, com menos internações e mortes. Já a infectologia Richtmann diz que “chamaria de uma nova onda, mesmo que uma marola”, em razão do aumento de casos, da chegada das festas de fim de ano e da flexibilização das medidas sanitárias.
O que fazer agora?
“Os vírus mudam, mas as recomendações são as mesmas: um dos vilões de transmissão são nossas mãos: sempre faça a higienização com álcool em gel ou sabão para diminuir a possibilidade de contaminação do ambiente e de se contaminar”, diz a médica.
Fonte: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2022/11/09/nova-onda-covid-19-aumento-de-casos-internacoes.htm