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Secretaria fecha escola isolada com 9 alunos em Soares

A Secretaria de Educação de Araranguá decidiu paralisar as atividades da Escola Campestre do Soares, na localidade de mesmo nome, próximo à divisa com Ermo. Segundo a pasta, neste ano apenas 9 alunos iriam estudar na unidade, e a própria professora sugeriu que a secretaria pensasse na ideia. “Estava ficando difícil trabalhar com cinco turmas de pré-escolar ao 5° ano em dois períodos. Quando vi a situação, fiquei pasma. Essa professora tinha que se desdobrar com conteúdo, currículo e serviços gerais”, relata a secretária Mariluce Bilck.

Na unidade não há outros professores atuando, o que dificulta o trabalho pedagógico da educadora. Então, a equipe começou a avaliar a situação, buscando o setor jurídico e pensando para onde remanejar as crianças. “Pensamos em levar lá para a Sanga da Toca 2, olhamos o transporte, que é uma garantia deles, e fizemos uma reunião com ata com os pais. Dois ou três deles irão para Ermo, que fica até mais perto do que na Sanga da Toca”, continua Mariluce.

Alguns pais não gostaram da ideia, já que por ser uma escola antiga e pequena, fica próxima da casa dos alunos o que traz alguma segurança para quem manda os filhos pequenos para a escola. Por essa questão, o assunto acabou chegando ao Ministério Público. “Estivemos com o promotor, que nos perguntou sobre isso e depois que expliquei, ele concordou com a gente. O promotor quer saber do bem-estar da criança”, completa Mariluce.

O Conselho Municipal de Educação também se envolveu na discussão. Segundo Darlan Vargas, presidente do conselho, tudo foi garantido para as crianças, prometendo que com a mudança, o ensino terá mais qualidade. “É melhor que eles estudem em um colégio, cada um na sua sala, do que todos no mesmo espaço”, defende.

Hoje, em Araranguá, cerca de 5.250 alunos são atendidos na rede municipal de ensino.

Comunidade entristecida

Percebendo que a escola seria fechada, uma mãe matriculou seu filho em outra instituição já no ano passado. Segundo ela, era perceptível a deficiência na educação da criança por causa do excesso de turmas dentro da mesma sala. “Sei que vários pais, assim como nós, também trocaram de escola ano passado pelo mesmo motivo. A educação da maioria das crianças estava bem debilitada devido ao acúmulo de séries em apenas um espaço e com uma professora, tendo em vista que temos várias escolas da região que abrigam crianças de outros municípios”, comentou a mulher, que preferiu não se identificar.

Edi Anastácio, mãe de duas alunas da escola e parte da Caep da comunidade de Soares, discorda. Segundo ela, os pais fizeram um abaixo-assinado para que a instituição não fosse fechada. “Levamos ao promotor, mas ele disse que não podia fazer nada. Os pais sempre ajudaram, compramos muito do que tinha ali dentro, geladeira, fogão, quadro, parquinho… Vieram com um caminhão e levaram tudo”, relata.

Ela ainda comenta que a comunidade inteira ficou entristecida pelo fechamento da escola, que já existe há cerca de cinquenta anos. “Eles decidiram, vieram ali em uma reunião e disseram que iam fechar, não nos deram escolha. É uma dó”, lamenta. 

A mulher diz que, além da professora, trabalhavam no local uma merendeira e um professor de texto. “Não entendo o que eles viram de errado ali. Todo mundo ficou triste”, encerra.