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Em cenário pessimista, Saúde projeta 1,6 mil mortes nos próximos 20 dias

O secretário de Estado de Saúde, André Motta Ribeiro, apresentou nesta segunda-feira (3) uma projeção da pasta que estima, no pior dos casos, mais 1,6 mil mortes por Covid-19 nos próximos 20 dias. O modelo é baseado numa taxa de transmissibilidade de 1,32 – ou seja, cada doente transmitiria o vírus para, em média, 1,32 pessoa.  

O estudo leva em conta a metodologia do Imperial College, de Londres, referência nas projeções da Covid. A estimativa da Secretaria é de que, caso nada seja feito, o número de óbitos atinja 2,8 mil no Estado em 23 de agosto. Hoje, são quase 1,2 mil. O alerta foi realizado durante reunião da Comissão Especial dos Gastos Públicos da Assembleia Legislativa de SC (Alesc), nesta segunda-feira (3).

“Nós temos uma projeção bastante ruim. Olhando para o pior cenário nós teremos quase 3 mil óbitos em 23 de agosto se nada for feito, se as ações não forem efetivas”, disse. 

Um dos principais problemas do enfrentamento à pandemia é a escassez de remédios. “Nós temos uma dificuldade extrema de fornecimento e de aquisição de medicamentos. O Estado lançou alertas lá no final de maio para os hospitais de que deveriam se preparar. Alguns fizeram estoques, mas outros não”, complementou.

Segundo Motta Ribeiro, o Estado estuda junto aos empresários e representantes do setor produtivo um novo protocolo para ampliar a testagem entre os trabalhadores, o que permitiria um diagnóstico precoce e rastreabilidade de contatos daqueles que positivarem à doença. 

Além disso, o secretário criticou a crise política em curso. “Eu também tenho o entendimento de que falta gestão em saúde no Brasil como um todo, seja ela pública ou privada. A gente tem melhorado neste aspecto, mas estamos muito longe de chegarmos ao ideal. É muito duro trabalhar neste momento que as pessoas estão morrendo gastando energia discutindo impeachment e outras necessidades que me parecem fora de propósito”, disse. 


Projeção da Saúde apresentada na Alesc. No pior cenário, 23 de agosto registra 2,8 mil mortes. Foto Reprodução

Combate financeiro

Desde março, o governo de Santa Catarina já empenhou mais de R$ 335 milhões em gastos em saúde para combater a pandemia de Covid-19. O resultado foi apresentado pela Secretaria da Fazenda também durante a Comissão Especial dos Gastos Públicos da Alesc nesta segunda (3).

Do total de R$ 335 milhões empenhados, são R$ 109,8 milhões destinados à contratação de serviços, R$ 86,9 milhões para aquisição de bens e equipamentos (inclusos os valores pagos à Veigamed), R$ 48,9 milhões na compra de materiais de consumo, e R$ 45,5 milhões em repasses a municípios, entre outras destinações. 

O secretário da Fazenda, Paulo Eli, voltou a afirmar que “não faltará dinheiro para a saúde” no combate à pandemia. Segundo ele, o Estado fará o provisionamento de recursos federais emergenciais para quitar custos de enfrentamento à doença. “Se não houvesse ajuda federal, nós estaríamos com a folha atrasada”, afirmou. 

O orçamento contra Covid tem origem variada de recursos. A maioria (R$ 177,1 milhões) foi repassada pela União via convênio SUS e outra parcela importante (R$ 171,1 milhões) veio do próprio tesouro do Estado. A aplicação conta ainda com mais R$ 56 milhões de doações de outros poderes, como Alesc, Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, entre outros órgãos.