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Hospital de Praia Grande oferece ajuda e recebe pacientes gaúchos

A política da boa vizinhança nunca foi tão importante quanto neste momento de pandemia. Em um ato de solidariedade, o Hospital de Praia Grande recebeu, na última sexta-feira, dia 19, seis pacientes de Covid-19 de Capão da Canoa, município que está na região em situação mais grave no Rio Grande do Sul por causa da pandemia.

Segundo a médica do Samu, que atua no hospital catarinense, Cynthia Mota Etchandy, ela foi contatada por Capão da Canoa para ajudar no combate à doença. Ao chegar, percebeu o caos em que a saúde gaúcha estava. “Não tinha mais lugar, tínhamos que manejar eles ali”, conta.

Articulando com o hospital, ela conseguiu emprestar seis leitos para o Rio Grande do Sul, já que na região do extremo-sul a situação não estava tão grave. Ela ainda pediu para a secretaria de saúde de Capão da Canoa uma ambulância com oxigênio para a transferência e para o diretor técnico que liberasse UTIs para transporte, visto que o Samu não faz transporte interestadual de pacientes. “Seria uma burocracia, teríamos que transportar até Torres, fazer a transferência de ambulâncias… Ia ser horrível. Mas ele liberou as ambulâncias”, comenta.

Os seis foram transferidos em três viagens com dois pacientes cada, em estado de moderado a grave. Não foi requisitado nenhum recurso a mais de nenhum dos dois estados, ou seja, a ação foi exclusivamente na política da boa vizinhança.

Cynthia recorda que, na hora em que percebeu a situação, lembrou das vezes em que se colocou no lugar de um colega que teria de escolher qual paciente salvar. Dessa forma, se sentiu pronta a ajudar. “Por me colocar no lugar de outras pessoas, eu vi nos olhos da minha colega, ajudei. Ajudar a gente pode, assim que eu me senti”, diz.

A ajuda prestada pelo hospital catarinense foi classificada como divina pelo secretário de saúde de Capão da Canoa, Josiel Matos. “Foi providencial, na hora em que realmente precisamos. Foi divino ter a doutora Cynthia naquela hora. Com isso, está dando tempo do estado se reorganizar. Ainda tem falta de leitos, mas aquele momento foi o mais desesperador”, relata.

Atualmente, segundo Josiel, a média é de 130 atendimentos por dia, sendo que cerca de 60% dessas pessoas estão positivando. Pelo menos dois pacientes estão sendo recebidos em estado grave. A situação se intensificou no verão, quando o município recebe muitos veranistas. É o pior momento desde o início da pandemia para o sistema de saúde gaúcho. “Com certeza, este é o pior momento, esperamos não passar daqui, porque se ultrapassarmos isso, nosso sistema não vai aguentar”, conclui.

Dos pacientes gaúchos que estão internados em Praia Grande, quase todos já poderão receber alta nesta semana. Outros quatro leitos deverão ser colocados à disposição de Capão da Canoa, mas todos respeitando a situação da região da Amesc. “Tudo depende de como vai ficar a demanda na nossa região. Não podemos liberar leitos para o Rio Grande do Sul e atrapalhar o fluxo em Santa Catarina”, explica Cynthia.

Tanto Cynthia quanto Josiel, esperam que o número de casos confirmados diminua e que as próximas ações entre os estados sejam em momentos mais alegres. “A gente pede que as pessoas tenham mais empatia, pode ser um parente nosso a qualquer momento, e essa ajuda que recebemos de Santa Catarina, foi justamente isso, empatia, se pôr no lugar do outro”, finaliza Josiel.

Situação na região

O Hospital Regional de Araranguá está com 100% de seus leitos de UTI para Covid-19 ocupados. A informação é da Secretaria de Saúde do estado, a SES. O número teria sido atualizado nesta segunda-feira, dia 22. 

No último dia 14, dez dos vinte leitos destinados ao tratamento intensivo do vírus, foram desativados pela administração do hospital. Em uma reunião com o secretário André Motta nesta segunda, a administração alegou que o problema foi falta de recursos humanos, e garantiu que uma força-tarefa será montada para que os leitos possam voltar a funcionar já na próxima semana. 

De acordo com a matriz de risco mais recente, divulgada na última sexta-feira, dia 18, a região da Amesc está em risco gravíssimo para o coronavírus. Segundo dados da secretaria de Saúde do estado, nesta segunda-feira, dia 22, 34% dos leitos de enfermaria estão ocupados na Amesc e 95% dos leitos de UTI destinados a outras doenças.