Nunca fui o melhor em nada. E, pra ser bem sincero, nunca me fez falta. Enquanto uns corriam pra alcançar o topo, eu só queria caber em mim.
Já tentei. Bah, como tentei. Ser o funcionário nota 10, o filho exemplar, o cristão modelo, o pastorzão, o homem que todo mundo aponta e diz: “olha lá, esse é o cara”. Mas me perdi. Me perdi bonito. Porque quando a régua é o outro, a gente nunca alcança.
Li uma vez em um livro que “a comparação mata a criatividade e rouba a alegria”. E olha… matou foi minha paz por um bom tempo. Porque, na ânsia de ser o melhor, deixei de ser bom. E o detalhe é que o melhor nem sempre é o mais necessário. O mundo precisa mesmo é de bons.
Bom pai. Boa amiga. Bom vizinho. Bom caráter. Ser o melhor pode até impressionar. Mas é o bom que sustenta.
Muitas vezes troquei presença por resultado, descanso por meta, ternura por eficiência.
E o que ganhei? Nada.
Foi aí que eu entendi: ser bom não é pouco. Ser bom é um baita feito. É olhar nos olhos. É lembrar do nome. É fazer o básico com alma. É perguntar “tudo bem?” e querer ouvir a resposta.
Ser bom é saber que talvez tu não brilhe nos holofotes, mas vai ser lembrado nas entrelinhas da memória de alguém.
Na comida simples que matou a fome. Na palavra certa dita no dia errado. Na calma que tu foi, quando o mundo tava gritando.
Tem gente que vive pra ser o melhor de todos. Eu prefiro ser o bom de alguém.
Entre ser o melhor do mundo e ser bom no que importa… eu fico com o bom. Porque o melhor se mede em comparação. Mas o bom… o bom se sente.
E se um dia me chamarem de “o melhor” por ser bom — que seja sem querer. Porque o que eu quero mesmo, é continuar sendo o suficiente — mas de verdade.
