Cheguei em casa esses dias e minha esposa estava assistindo um clássico: Tom & Jerry. Ela ama esses desenhos antigos, junto com outros como Pica-Pau e A Pantera Cor-de-Rosa. Eu, já sou mais do time Chaves, Todo Mundo Odeia o Chris e filmes que já vi um milhão de vezes. Bah, eu adoro filme repetido. Aliás, já assisti Ratatouille mais de cem vezes e, nunca perde o sentido pra mim.
Foi aí que me veio a pergunta: por que a gente gosta tanto de ver algo que já sabe exatamente o que vai acontecer? Afinal, não tem surpresa. O episódio do Chaves a Dona Florinda sempre bate no seu Madruga, e o Tom & Jerry… bom, o Jerry sempre se dá bem. Mesmo assim, a gente assiste de novo. E ri. E espera ansioso pelo momento que já conhece de cor.
Pois bem, existe um efeito psicológico pra isso. Os estudiosos chamam de “prazer antecipatório” ou “comfort watch”. É quando a gente sente prazer em esperar por algo que já sabe que virá. É como ouvir a música preferida: o refrão chega, e o cérebro solta um pacote de dopamina — aquele hormônio da felicidade.
Além disso, tem a tal memória afetiva. Cada vez que revemos algo que gostamos, revivemos também o momento da primeira vez que vimos. É como visitar um lugar querido: você sabe onde fica cada detalhe, mas o passeio ainda emociona.
E não para por aí. Os roteiristas usam isso de propósito. Eles criam padrões reconhecíveis e pausas estratégicas. Antes da piada ou da confusão, tem sempre um momento de silêncio ou repetição que deixa a gente na beira do sofá, mesmo já conhecendo o final. É quase uma “armadilha boa” para a nossa atenção.
O mais curioso é que isso vai além do entretenimento. A gente repete histórias, músicas e até versículos bíblicos que já ouvimos dezenas de vezes. E, a cada repetição, sentimos de novo o impacto. É como se nosso cérebro tivesse um botão de replay emocional.
No fundo, isso diz muito sobre nós. Gostamos do novo, sim, mas amamos o conhecido. Ele nos dá segurança, conforto e, de vez em quando, a boa sensação de rir ou se emocionar como se fosse a primeira vez.
Nunca subestime o poder do repetido. Seja um episódio do Chaves, um livro, um sermão antigo ou aquele filme que você sabe as falas de cor, certas coisas não precisam ser novidade para serem especiais. Às vezes, a melhor surpresa é justamente a que já conhecemos — e que continua nos fazendo sorrir.
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