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Federações movimentam o xadrez político nacional: União Progressista confirmada

O mês de agosto trouxe duas confirmações importantes no campo das federações partidárias – uma na centro-direita e outra na centro-esquerda. Apesar de semelhantes na forma, as alianças se diferenciam pela razão de existir.

De um lado, PSB e Cidadania selam uma federação que tem como pano de fundo a sobrevivência política. Ambos os partidos perderam musculatura nos últimos anos. O PSB, do vice-presidente Geraldo Alckmin, busca superar a cláusula de barreira. Já o Cidadania (ex-PPS), partido da prefeita Carmem Zanotto, encerra em 2026 sua frustrada federação com o PSDB e aposta agora numa nova união com o PSB, válida até 2029, atravessando as eleições de 2026 e 2028. Não se descarta que outras legendas de centro-esquerda se juntem ao grupo.

No outro extremo, União Brasil e Progressistas (PP) oficializaram a federação União Progressista, com objetivos bem mais ambiciosos: garantir força no Congresso e se consolidar como alternativa no tabuleiro presidencial de 2026.

A convenção desta terça-feira (19) deixou claro o peso do movimento. Além dos líderes partidários Antônio Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (PP), marcaram presença Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Valdemar da Costa Neto (PL-SP) e até Ciro Gomes (PDT-CE). A nova federação nasce como embrião de uma coalizão de centro-direita capaz de, ao mesmo tempo, conter o bolsonarismo e oferecer um caminho alternativo à reeleição de Lula.

O horizonte é ainda mais amplo: uma frente unindo União Brasil/PP, Republicanos, PL e, eventualmente, PDT e PSD. Ratinho Júnior (PSD-PR) e Eduardo Leite (PSD-RS) aparecem como nomes-chave nesse arranjo, assim como Ronaldo Caiado (União Brasil-GO). O isolamento dos ministros de Lula ligados ao União Brasil e ao PP, durante o anúncio, reforça o distanciamento do grupo em relação ao governo. Neste pacote ainda poderia figurar Romeu Zema (Novo-MG), que se lançou como pré-candidato a presidente.

Na centro-esquerda, além da nova federação PSB-Cidadania, Lula já conta com o apoio da Federação PT – PC do B e PV e deve manter a federação Psol-Rede Sustentabilidade. Ainda é muito pouco para tentar garantir uma base forte para busca da primeira eleição sem Jair Bolsonaro (PL) desde 2018 e 2022.

 

E o lugar de MDB e PSDB?
A indefinição persiste. Há quem defenda uma federação ou até fusão entre os dois partidos, reaproximando legendas que se separaram em 1988 quando emedebistas Franco Montoro, Mário Covas e Fernando Henrique – entre outros, criaram o PSDB. O problema é que o MDB pode ocupar a vice na chapa de Lula em 2026, enquanto o PSDB segue sem rumo após o fracasso de negociações com Podemos e Cidadania (que finda em 2026).

Com a centro-direita se organizando, o cenário de 2026 pode trazer novidades: uma reconfiguração em que MDB, PSDB e PDT fiquem no mesmo barco, buscando espaço entre Lula e Bolsonaro, os dois polos que seguem dominando a política nacional. Se isto acontecer, Lula poderá enfrentar em 2026 uma das maiores frentes da história contra sua reeleição.

 

E os palanques estaduais?

Santa Catarina aguarda esta definição do MDB para saber quem será o vice de Jorginho Mello (PL) em 2026. Caso não seja o vice de Lula, a tendência é que o MDB apresente Carlos Chiodini como vice.

Se o MDB fechar com Lula tudo pode mudar e o partido se obrigar a lançar candidatura própria. Isto porque o MDB de Santa Catarina tem pregado que é antiPT.

Se o MDB não estiver na aliança de Jorginho no primeiro turno, há uma possibilidade real de apoiar o PSD de João Rodrigues, o que tornar a eleição aberta, com 3 candidaturas: Jorginho Mello (PL), João Rodrigues (PSD) e Décio Lima (PT). Em um eventual segundo turno entre PL e PSD, a tendência é que a esquerda votasse de Rodrigues, o que tornaria a eleição totalmente aberta,

Caso o MDB seja o vice de Jorginho, o governador segue como favorito à reeleição.

Fotocapa Crédito: Andressa Anholete/Agência Senado – 11/07/2025