No programa Post Notícias desta quinta-feira, dia 14 de agosto, a psicóloga Fabiana Pereira foi a convidada para dar início às conversas do mês Agosto Lilás. A profissional, que atua na Rede Municipal de Saúde de Araranguá, detalhou o projeto Observatório das Mulheres e a importância do acolhimento e ressignificação para as vítimas.
Observatório das Mulheres: Acolhimento Humanizado e Imediato
Fabiana explicou que o Observatório das Mulheres é uma política pública criada para oferecer um espaço de escuta qualificado e humanizado para mulheres em situação de violência doméstica. O projeto nasceu da necessidade de dar um atendimento psicológico imediato, sem filas de espera, para as mulheres que já haviam passado pelo CREAS, Delegacia da Mulher ou outros órgãos da rede de proteção.
Fluxo de Atendimento: A mulher pode ser encaminhada de diversos locais, como a Delegacia, as UBS (Unidades Básicas de Saúde) ou a Rede Catarina. A psicóloga ressaltou que o primeiro contato é feito de maneira cuidadosa, evitando que a vítima precise reviver o trauma ao repetir sua história.
Manejo Terapêutico Diferenciado: A abordagem de Fabiana inclui a contoterapia (contar histórias), utilizando contos como o do Barbazul para ajudar a mulher a identificar nuances da violência de forma lúdica. Isso permite que a vítima perceba que a violência, muitas vezes, começa de forma sutil, com controle e dominação disfarçados de afeto.
O Ciclo Vicioso e a Questão da Culpa
A psicóloga destacou que é comum que mulheres, mesmo após saírem de um relacionamento abusivo, acabem repetindo o padrão de violência com outros parceiros. Essa repetição de padrões está ligada à forma como elas entendem o amor e o afeto. Fabiana também abordou o sentimento de culpa que muitas vítimas carregam, muitas vezes reforçado por comentários de pessoas próximas, o que as leva a voltar a procurar o agressor.
A meta do Observatório é ajudar essas mulheres a se ressignificarem e se empoderarem, quebrando o ciclo de dor e violência.
Ações para o Agente da Violência e o Projeto Dona de Mim
Fabiana enfatizou a importância de trabalhar também com os agressores. Ela mencionou o trabalho da Dra. Tânia, que realiza grupos reflexivos para homens. A psicóloga explicou que muitos desses homens reproduzem comportamentos violentos que aprenderam na infância, e esses grupos são essenciais para que eles entendam a própria disfuncionalidade.
Além do Observatório das Mulheres, Fabiana também falou sobre o projeto Dona de Mim, um programa de grupos terapêuticos semanais, espalhados em seis UBS da cidade. O projeto, já premiado e com reconhecimento internacional, serve como um braço de apoio para as mulheres que passam pelo Observatório, fortalecendo-as em um ambiente de coletividade e cura.
Fabiana encerrou o bate-papo convidando as mulheres que precisarem de ajuda a procurarem o Observatório das Mulheres, que funciona todas as quintas-feiras na Clínica da Família, sem necessidade de agendamento prévio.
Entrevista completa no link: https://youtube.com/live/TxCTXLVPZGU?feature=share