Um caso que chocou a Grande Florianópolis e repercutiu em todo o Sul de Santa Catarina teve desfecho nesta semana. Após 22 horas de julgamento, o Tribunal do Júri da comarca de São José condenou um homem a 25 anos e 1 mês de reclusão, em regime inicial fechado, pelo assassinato de um homem que tentou intervir em uma discussão motivada por uma simples vaga de estacionamento.
O crime ocorreu na avenida Presidente Kennedy, uma das mais movimentadas de São José, no dia 28 de janeiro de 2023, por volta das 22h50. Segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), o réu discutia com o proprietário de uma loja de bebidas sobre o uso do espaço público para estacionar. Após o bate-boca, o homem foi até seu carro, buscou uma pistola e retornou para matar. A vítima fatal, no entanto, não era um dos envolvidos diretos na briga: tentava apenas evitar uma tragédia.
Ao tentar separar os dois, o homem acabou baleado no abdômen e tórax, morrendo no local. O autor do crime foi condenado por homicídio qualificado por motivo fútil e por porte ilegal de arma de fogo.
Um retrato da banalização da violência
A Promotoria destacou que o réu demonstrava comportamento violento e impulsivo, com histórico de nove ocorrências em apenas cinco anos: ameaças, agressões contra mulheres e funcionários, além de tentativa de fuga para o Paraguai após o crime. Ele chegou a ser preso, libertado com tornozeleira, mas violou as condições impostas e voltou à prisão.
Para o Promotor de Justiça Vinicius Barreto Pinho, que atuou ao lado da promotora Lanna Gabriela Bruning Simoni, integrante do Grupo de Atuação Especial do Tribunal do Júri (GEJURI), o julgamento foi uma resposta clara da sociedade ao tipo de violência que tem crescido nas cidades catarinenses, inclusive no Sul.
“Foi uma mensagem alta e clara de que a sociedade de São José – e por extensão toda Santa Catarina – não aceita a banalização da violência”, declarou.
Reflexos no Sul do Estado
Embora o caso tenha ocorrido na Grande Florianópolis, a repercussão se espalha por todo o estado, especialmente em regiões como Araranguá, Criciúma, Tubarão e Laguna, onde o avanço da violência urbana em situações cotidianas, como disputas por vagas, filas e discussões no trânsito, tem preocupado autoridades e moradores.
Casos recentes na região Sul envolvendo agressões e brigas por motivos fúteis demonstram a importância de um Judiciário atuante e ágil, como destacou a atuação do GEJURI, grupo criado justamente para lidar com crimes de grande complexidade e violência extrema.
A decisão de iniciar imediatamente o cumprimento da pena se baseia em entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal (Tema 1.068), que reconhece o poder soberano dos vereditos do Júri.
O caso serve como alerta: em tempos de tensão social e impulsividade, um gesto de agressividade pode escalar para tragédias irreversíveis. E a Justiça, neste caso, foi clara em sua resposta.
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