Em “A Chuva no meu Sertão”, romance publicado de modo independente pela brasileira Juliana Parrini, aborda as dificuldades de seguir em frente quando o passado se faz presente.
Joana ainda muito jovem se apaixonou por quem não deveria, pelo menos é assim que todos veem o relacionamento dela com o filho do Barão.
Teodoro o filho mais velho, bonito, estudado, atencioso, ele tem todos os atributos para conquistar qualquer garota e, assim aconteceu. Todavia, ele só errou em uma coisa: apaixonar-se por alguém tão insignificante aos olhos da sua família, paixão essa que tirou de Joana o pouco que ainda lhe restava – a dignidade.
Quando se passa fome, privações e humilhações aprende-se a ser mais forte; isto é o que Joana achava, mas o passado sempre retorna, e com ela não foi diferente. Tantos anos longe trouxe a mulher a oportunidade de lidar com suas emoções, seu trabalho duro lhe proporcionou bons frutos, o esforço lhe fez vencer e ser uma mulher bem-sucedida, com um renome e uma boa condição financeira.
Uma carta a faz relembrar e reviver todas as suas emoções, sua irmã está no Sertão e precisa dela, nesses momentos não tem como fingir que não deixou uma família para trás. Reunindo coragem, ela regressa à cidade de Água Branca. Pedro, seu marido, que também saiu do Sertão sem olhar para trás, desaprova por completo a decisão de Joana, mas depois de um acontecimento doloroso, ele não está em posição de opinar em nada.
A narrativa é intercalada entre passado e presente, o que nos apresenta os dois pontos de vista, tanto de Joana, como de Teodoro.
Com a sensibilidade de alguém que fez uma boa pesquisa, a Carioca da gema, Juliana Parrini, quebrou os paradigmas dos estereótipos de quem escreve sobre o povo nordestino e sua jornada. Inclusive fazendo uma bela crítica social narrada pela própria heroína desta história.
Com diálogos regionalistas, Juliana abusa da criatividade para criar arcos fortes de seus personagens, fugindo do superficial e do mais do mesmo.
Assim como a flor do mandacaru que desabrocha em meio a seca e consigo traz uma das flores mais belas do mundo, “A Chuva no meu Sertão” nos apresenta a história mais bonita que meus olhos já puderam ler.
Eu li e recomendo, boa leitura!