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Acolhida e céu de cores

Uma SABIÁ pousou faceira na soleira da sacada. Fenômeno improvável? Só tem sabiás lá no interior? Ou onde tem pés de laranjeiras? Verdade até diria. Pois lá se alimentam, fazem seus ninhos e criam suas proles.  Mas não é somente aquela sabiá, que ousou posar aqui na cidade. Há um ano pousou no mesmo local um casal de andorinhas. Ambos me despertaram um olhar de pura sensibilidade e tiveram o merecimento de uma poesia. Será que sou privilegiado? Não. Apenas sou um bom observador da natureza, que oferece gratuitamente momentos dignos de registro, estando atento ao que circula ao meu redor. Por isso capto belas imagens, que se transformam em poesias em que faço a leitura de imagem. E o que é leitura de imagens? É olhar o nascer do sol, uma cachoeira, uma cascata, a chuva caindo, o sol se ponto, pássaros pousando, as nuvens dançando no céu e em seguida imaginar. Na imaginação, transformar o que se vê em palavras. Diria que o poeta transforma imagens visuais em textos, distribuindo as palavras, de forma que o texto tenha vida progressiva e se transforme na descrição de uma foto. Fotógrafos e Poetas não dormem sem antes captar as belezas que a natureza propõe, de graça.

 

UMA SABIÁ

Uma Sabiá veio faceira, voou em balanço, pousou solene

Bela parceira, em forma singela, postou-se a mim ladeada.

Perplexo. Ficou há dois 2m de distância, pousei meu olhar

Ousou ficar na vacância bem esbelta ali, por tempo perene.

Pousada na minha sacada, eu a saquei e dela fiz meu click

Ela espreitava inteiro eu, estava solo ali, com o mar e ela.

Num precioso olhar entrou na foto altaneira, demorou-se.

Pousou ali, sem haver galho de laranjeira, pra mim cantou,

Cantou e voou. Não longe. Foi ali noutra sacada, repousou.

Oh portentoso Sabiá cantador, visto só no pé da laranjeira!

Sabiá! És um galanteador meu, de novo pousado na ladeira,

A Chuva quedou forte, obliqua, eu vendo o mar, sabiá no ar,

Puz-me bem atento, sentado, com cuia de chimarrão a matear,

Eternizei paisagem, pairaram versos, logo galanteou a poesia.

 

ANDORINHAS VOAM, POUSO SIGNOS

Hoje pousou um casal de andorinhas na minha sacada.

Alongaram tempo, fizeram sintonia de olhares. Revoadas,

Distanciaram-se e voltaram, fazendo seu bailado sensual,

Seduzem signos de vitalidade, trazem-nos força, esperança,

Boa sorte ao amor, fertilidade, fidelidade, luz na presença.

Tão populares lendas ou crenças? Andorinhas representam

Significados e mensagens que fluem, trazidas em vôo a nós.

Carregam consigo bons fluidos espirituais, evoluem cientes,

Em especial as boas virtudes. Voam em espirais, vão e vem,

No verão, todos as verão revoarem e, pousarem incansáveis.  

 

Pois é, bons amigos leitores. O céu nos premia sempre, em especial no nascer e no por do sol. Espetáculos diários visualizados no crepúsculo da aurora, quando o sol se ergue, como um novo espelho de vida e, no poente dia, quando o sol vai esmaecendo e produz raios coloridos por entre as nuvens, formando telas divinais, exóticas, mutantes de minuto a minuto. Basta estar atento, erguer os olhos para onde o sol nasce, para onde o sol se põe. Impossível ficar com os sentimentos insensíveis, quando vemos os raios coloridos espalhar-se entre as nuvens, ou sobre as nuvens. Há formação de dispersos desenhos, múltiplos e tingidos por inúmeras cores, amarelas, vermelhas, encarnadas, douradas. Tanta beleza acaba molhando os meus olhos aflitos e, posto-me em êxtase, a cada pensar que me vem à tona, diante das muitas miragens. Perfeitas telas sentimentalmente pintadas diante dos meus olhos, levitam cada esconderijo da alma, lavando máculas e nódoas de tristeza. Confesso que estes momentos são presentes belos que cada um visualiza e dele colhe a ternura do bom momento.