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SAÍDA DE MORO E AS REPERCUSSÕES; DEPOIMENTO DE BOLSONARO; E OUTROS PITACOS

O ex juiz federal Sérgio Moro deixou o cargo sob os olhares perplexos de boa parte da população e decepção de milhares de brasileiros, fãs do juiz que “botou Lula na cadeia”; agora sob a constatação de boa parte da população de que ele era justamente quem “boa parte da imprensa” sempre afirmava que ele era.

Logo após sua saída do posto de ministro da Justiça e Segurança Pública, e depois que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) havia feito seu pronunciamento à imprensa, Moro fez o que sempre fazia quando era juiz (e muito provavelmente) também quando era ministro. Vazou conversas suas com agentes do governo que há pouco representava.

Nenhuma novidade, porque ele é um vazador contumaz, que se vale de sua abertura com setores da imprensa, para vazar seletivamente mensagens que lhe interessam.

Foi após terem vindo a público diversas conversas através do site The Intercept Brasil, é que a Operação Lava Jato recebeu a alcunha de “Operação Vaza Jato”. Em vários diálogos nos grupos do Telegram, juiz e procuradores combinavam como agir e o que deveria sair para a Opinião Pública. Modus operandi que ajudou a “botar em xeque” muitas etapas da operação.

 

VAZADOR, VAZA

Desta vez, Moro nem precisou fazer vazamento indireto, anônimo ou apócrifo. Municiou diretamente a Rede Globo com seus costumeiros vazamentos seletivos, com as conversas que teve com a deputada federal Carla Zambelli (PSL) e com o presidente Bolsonaro.

O agora ex-ministro Moro havia trazido à luz informações que, no mínimo, são comprometedoras, sobre a tentativa de um chefe de Estado de receber informações privilegiadas dos órgãos de investigação. Como ele não aceitou, em tese, não houve o crime.

Moro negou também que tenha pressionado Bolsonaro para sua indicação ao Supremo Tribunal Federal, vaga que ficará em aberta em novembro com a aposentadoria do decano Celdo de Mello. Foi a acusação que Bolsonaro fez de que ele (Moro) havia pedido para trocar o cargo de ministro do STF é que motivou a entrega de mensagens trocadas pelo Whattsapp entre o então ministro, a deputada e o presidente.

PARA AMOLECER

Zambelli foi direta ao dizer que iria interceder junto a JB para que o cargo no STF fosse de Moro. Bastava para isto, que aceitasse Alexandre Ramagem (líder dos arapongas da Abin). Mas, ele não só não aceitou, como usou a mensagem para desmentir que havia esta troca. “Não estou a venda”, disparou.  

Moro usou ainda a mensagem do próprio Bolsonaro em que afirmava que a troca de Maurício Valeixo da Polícia Federal era importante porque a PF estava “na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas”.

A mudança de diretor da PF aconteceu justamente na semana em que o presidente Bolsonaro havia voltado a se aproximar dos partidos do Centrão, muitos com parlamentares sendo investigados.

HOMEM COMUM

O fato é que Moro não tinha mais o poder que tinha quando era juiz federal concursado, protegido sob o manto da magistratura. E agora vira “cidadão comum”, sem prerrogativa.

Mesmo assim, é fato que o governo sofre uma baixa em relação à Opinião Pública, em um dos pilares, o do combate à corrupção.

O outro, da Economia, também corre riscos, já que o poder do ministro Paulo Guedes foi dividido com o lançamento do Programa Pró-Brasil.

LULA TAMBÉM FEZ

 

Na matéria da Folha em 2007, é possível ver que o ex-presidente também usou do cargo para trocar diretor e pedir relatórios:

https://diariodopoder.com.br/destaques-home/lula-trocou-diretor-da-pf-para-ter-acesso-a-informacoes-mas-nao-foi-acusado-de-interferencia

BOLSONARO AVISOU

O presidente Bolsonaro disse logo em sua fala inicial à imprensa, 17 horas, a um grupo de deputados, que já sabia que Sérgio Moro, a manhã de 24 de Abril, iria mostrar quem ele era. Moro falou às 11 horas da manhã

O QUE DISSE O PRESIDENTE?

Em resumo, o depoimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teve os seguintes pontos:

  • O ego de Sérgio Moro irá colocar uma cunha (separação) entre o presidente e o povo;
  • Que o então juiz o havia lhe ignorado em 30 de Março de 2017, antes da campanha, quando se encontraram em um aeroporto de Brasília;
  • Moro não estava com Bolsonaro, não participou da campanha (e nem poderia, porque era juiz);
  • O primeiro encontro de ambos na Barra da Tijuca, com a presença de Paulo Guedes, para acertar a ida do juiz para o governo;
  • O ministro tinha autonomia, mas não soberania, recebia sinal verde quando indicava os cargos (o presidente tinha poder de veto) – que Maurício Valeixo era indicação de Moro;
  • Os cargos chave do Ministério da Justiça e Segurança Pública eram todos de Curitiba (República de Curitiba se instalou, parafraseando o ex presidente Lula);
  • O presidente aponta falta de isenção da imprensa contra ele;
  • Alegou que não houve interferência nas operações da PF, mas cobrou que elas tinham menor intensidade do que no governo anterior;
  • Que não haviam mais indicações partidárias no governo, que a corrupção não era tão abundante, criando a falsa impressão que o presidente era contra a Operação Lava Jato;
  • O presidente lembra que no governo anterior havia acordo com empreiteiras, escândalos nas estatais e no BNDES (que até o momento ainda não foi revelado);
  • Disse que a luta é contra os poderosos, contra o Establishment, contra o sistema;
  • Que é um homem de coragem para indicar o atual time de ministros;
  • O presidente disse que Moro se preocupava com sua biografia e ele com um país a zelar;
  • Que é militar, que dá a vida pela pátria;
  • Se queixou dos ataques a sua família, de acusações torpes;
  • Que tem a prerrogativa de trocar ministro, então porque não o diretor?;
  • Falou que só pediu para Moro descobrir quem mandou matá-lo;
  • Que se preocuparam mais em investigar quem matou a Marielle do que quem tentou matar seu chefe (a diferença é que a vereadora está morta), que era menos difícil solucionar seu caso;
  • Que seu filho teve que gravar a secretária eletrônica do prédio para acabar com a acusação de que ele estava no prédio, no caso do porteiro, na investigação do caso Marielle;
  • Se queixou que mesmo com as digitais no painel de votação em Brasília, teve que provar, que estava no parlamento em março de 2018 – que até hoje não sabe como a voz do porteiro fez a confusão – se houve suborno, ou ameaça a ele;
  • O presidente falou da atuação no parlamento, do uso dos 3 cartões corporativos, desligamento da piscina olímpica, redução do cardápio palaciano;
  • Falou da interferência no Inmetro, para evitar obrigação de gastos com tacógrafos e taxímetros;
  • Disse que Valeixo falou por videoconferência com os 27 superintendentes da PF e que (cansado) manifestava que desejava sair desde janeiro;
  • Elogiou a PF que tinha 60 pessoas em sua proteção, mas que mesmo assim a PF não conseguiu evitar que Adélio Bispo o esfaqueasse;
  • Que em seu governo quer que as operações da PF devem ser mantidas e potencializadas;
  • O presidente disse que a relação entre ele e Moro não era mais de confiança, que precisava de um relatório das últimas 24h para decidir, que a inteligência perdeu espaço neste governo;
  • Perguntou “por que não o meu?” indicado para o lugar de Valeixo:
  • Disse que deixa de ser presidente se tiver que me submeter aos meus subordinados e que irá continuar a interagir com órgãos;
  • Disse que Moro disse: “o senhor pode trocar o Valeixo em novembro, depois que o senhor me indicar para o STF”;
  • Reclamou de ter que falar o tempo todo para resolver questões que lhe eram caras, como no caso do filho 04, Renan; o caso do porteiro;
  • Tratou do caso dos 2 ex policiais, reclamou que acusavam seu filho de ter namorado com uma das filhas, e que teve que mandar a PF a Mossoró para ouvir o sargento, que negou que a filha namorava com Renan, porque morava no Estados Unidos;
  • Disse que o filho 04 falou que saiu com a metade do condomínio (primeira pérola);
  • Reclamou da imprensa que usava casos da família da esposa (Vó da esposa presa 3 anos por tráfico de drogas; sogra cometendo crime de falsidade ideológica em documento de identidade em menos de 10 anos):
  • Lembrou que conhecia o Fabrício Queiróz desde 1984 quando eram paraquedistas juntos, que o ex-PM foi trabalhar com o filho, mas que ele responde pelos seus atos, mas que, de fato, ele fez pagamentos com cheques, não R$ 24 mil, mas R$ 40 mil;
  • Disse que nunca pediu pra blindar ninguém, mas que se queixou das prisões arbitrárias feitas no pais por causa da pandemia. Disse que ele (Moro) deveria usar inclusive da lei de abuso de autoridade;
  • Queixou-se de que Moro só queria aparecer em matérias boas, mas não quando tinha que mostrar sua cara,
  • Reclamou que Moro não enfrentou decisões do STF, como a que deu autonomia a governadores e prefeituras para decidir as políticas contra a Covid-19;
  • Reclamou que fez campanha como armamentista, mas Moro é desarmamentista;
  • “Se ele quisesse ter autoridade que eu tenho, que visse candidato em 2018;
  • Disse que não pode ficar com quem pensa diferente, em temas caros ao presidente, como na indicação de Ilana Szabó (abortista) como suplente no Conselho se Segurança;
  • Confirmou que deu ‘carta branca e porteira fechada’ ao ministro (com poder de veto);
  • O presidente disse que está preocupado, não com a biografia, mesmo com tiro na cara irá cumprir a missão;
  • Disse que o país estava passando por anos de doutrinação, que a Educação está mal;
  • Que manteve diálogos republicanos com seus ministros;

NO DISCURSO LIDO:

Falou de lealdade, de decepção com o comportamento de Moro, outra vez sobre Adélio Bispo, porteiro e o filho 04 (Renan), sobre a exoneração a pedido, que não pode ser chamado de mentiroso, que é autoridade sobre seus ministros, e sobre a confiança.

RECADO FINAL (COM SANGUE):

“A pátria vai ter de cada um de nós o seu empenho, o seu sacrifício. E se possível, se for necessário, o teu sangue para defender a democracia e a liberdade”.

DEPOIMENTO NA ÍNTEGRA

https://www.facebook.com/groups/2921738641384848/wp/265522947956842?ext=1588027323&hash=AeQHqAUO8bYU5xHU

MORO NO TWITTER

“A permanência do Diretor Geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem com a substituição do Diretor Geral da PF”.