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Setembro Amarelo: psicóloga dá dicas sobre como ajudar quem sofre 

Relatório da OMS mostra dados alarmantes do suicídio, que pode ser evitado se o paciente se sentir ouvido e valorizado

O dia 10 de setembro é lembrado como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a conscientização ocorre durante todo o mês, tanto que este se chama Setembro Amarelo. Em um relatório divulgado nesta segunda-feira, a Organização Mundial da Saúde, OMS, apontou que o suicídio é a segunda maior causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos, perdendo apenas para os acidentes de trânsito. Ainda de acordo com o documento, a cada 40 segundos, alguém tira a própria vida no planeta. Só no Brasil, em 2016, 13.467 pessoas se suicidaram, sendo que destas, 10.203 eram homens. Além disso, a região das Américas foi a única onde o índice de mortes cresceu entre 2010 e 2016, com aumento de 6%. 

Os números vêm na contramão de todo o intenso trabalho realizado pelos Centros de Atenção Psicossocial, os CAPS, e do Centro de Valorização à Vida, o CVV. O Setembro Amarelo nunca foi tão difundido, mas mesmo assim, ainda é difícil acessar quem mais precisa: as pessoas com pensamentos suicidas.

“Acho que o principal problema é o preconceito. As pessoas dizem: cão que late, não morde. Isso não é verdade. Temos que trabalhar mais isso, além de fazer com que aqueles que precisam se sintam mais acolhidos”, diz a coordenadora do CAPS de Araranguá, Fabiane Tierling. Ela diz que a campanha é muito importante, já que leva mais informações à população, que muitas vezes, tem alguém com tendência suicida na família e não sabe como agir.

Sobre isso, a psicóloga Adriele da Silveira Elias, que também atua no CAPS araranguaense, revela os indícios que alguém que cogita o suicídio pode dar. “O suicida, geralmente coloca frases características em redes sociais, e até no jeito como ele se senta ou se veste, se percebe isso. Eles acabam se mordendo, se machucando, ficam mais acanhados. Porém, alguns não dão dica nenhuma”, comenta.

Os fatores que levam ao suicídio são algo bastante complexo, já que cada pessoa enfrenta situações do seu próprio jeito, mas Adriele percebe que, entre os casos que conhece, os principais motivos são desemprego, problemas em relacionamentos, brigas familiares, falta de dinheiro e doenças como depressão e esquizofrenia.

Mas o que pode salvar a vida de uma pessoa que vê na morte uma saída para a sua dor, segundo Adriele, é uma boa conversa. Questionada sobre como um parente ou amigo pode abordar um possível suicida, a psicóloga diz que questionar e saber ouvir é fundamental. “É bom perguntar o que está acontecendo com ele, como ele se sente, o que o está levando ao desânimo. Aqui no CAPS, a demanda é livre, então os pacientes vêm direto aqui ou vêm encaminhados depois do atendimento no posto”, completa.

Em plena campanha do Setembro Amarelo, Adriele vê nesses momentos de conversa uma possibilidade de evitar que mais pessoas entrem nas estatísticas divulgadas pela Organização Mundial da Saúde, e que assustam uma sociedade cada vez mais doente mentalmente. “É importante porque o suicídio é uma fuga, o paciente vê na morte uma solução. Então, ser ouvido pode leva-lo a mudar de ideia, a se sentir mais valorizado”, conclui.

Se você conhece alguém que já tenho dito frases como ‘eu queria sumir’, ou que está apresentando um comportamento depressivo, ou mesmo se você já cogitou se suicidar, ligue para o 188, do CVV, onde pessoas preparadas irão ouvi-lo com atenção e sigilo.