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Pelo Estado 26 de agosto: Momento histórico reúne mídia regional do Sul do país com presidente da República

“A novidade é que o Brasil não é só litoral! É muito mais, é muito mais que qualquer Zona Sul. Tem gente boa espalhada por esse Brasil, Que vai fazer desse lugar um bom país! Uma notícia está chegando lá do interior…”

O trecho da canção “Notícias do Brasil”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, se aplica perfeitamente aos nossos dias, em que pese ter sido escrito em 1981. Quase 40 anos depois e a impressão que se tem é de que nada mudou. É como se tudo o que acontece no país se concentrasse no eixo Rio-São Paulo-Brasília.

Mas não é. E foi esse o recado que presidentes de entidades e diretores de empresas de Comunicação foram dar ao presidente Jair Messias Bolsonaro, na quinta-feira (22), no Palácio do Planalto. Representando a mídia regional que pulsa no interior dos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, homens e mulheres do setor foram recebidos pelo presidente em um café da manhã, encontro inédito, e por isso mesmo tratado como histórico, que serviu para demonstrar as diferenças dos pequenos e médios veículos com sedes fora das capitais daqueles que pensam ditar o que acontece no país como um todo, a chamada grande imprensa.

Promovido pela Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e TV (Acaert), por intermediação de seu presidente, o empresário Marcello Petrelli, o evento teve a participação de representantes da Associação de Diários do Interior (ADI Brasil e ADIs SC, PR e RS), da Associação dos Jornais do Interior (Adjoris SC e PR), entre outras entidades representativas da mídia regional dos três estados do Sul do país. De um lado e de outro, posições coincidentes.

Em um salão com cerca de 70 pessoas, das quais 50 ligadas ao setor de Comunicação do Sul brasileiro, o presidente Jair Bolsonaro lançou mão de sua já conhecida espontaneidade para abrir a conversa  reclamando da má vontade da mídia nacional em interpretar suas declarações.

Apesar da tensão – ele tinha acabado de passar pelo corredor de jornalistas que fazem plantão no Palácio do Planalto -, o momento não poderia ser mais propício para evidenciar as diferenças entre, digamos assim, os dois níveis de imprensa. O que ficou claro na fala do presidente da Acaert, Marcello Petrelli: “Nossos veículos fazem comunicação em sintonia com a sociedade porque fazemos parte dela…

…Nosso público aprendeu a desconfiar da mídia mal-intencionada, uma vez que temos um propósito: pensar e agir diferente. Em primeiro lugar está nossa comunidade, a nossa região, o nosso estado.”

 A mensagem foi bem recebida por Bolsonaro, que declarou ser esse o “seu jeito” de falar. “Jeito que o povo entende. E não vou mudar. Estamos construindo uma rota diferente do passado. Nós temos tudo para dar certo. Precisamos de união”, disse, ao resumir o que seu governo tem realizado e destacar que era ali, com a mídia regional, que gostava de estar, e não com a “outra turma”.

O encontro foi acompanhado pelo secretário Especial de Comunicação Social (Secom), Fábio Wajngarten, pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, e pelo ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, general Luiz Eduardo Ramos, que reforçou o que disse o “chefe” e amigo. “Esse é o jeito sincero do presidente. Discurso que foi eleito pelo povo brasileiro”, disse.

Entidades presentes*

ABERT, vice-pres. Marise W. Hartke

ACAERT, pres. Marcello C. Petrelli

ACI, pres. Ademir Arnon

ADI-Brasil, pres. Jedaias Pereira Belga

ADI-PR, pres. Nery José Thomé

ADI-RS, pres. Eládio Dios V. da Cunha

ADI-SC, pres. Lenoires da Silva

ADJORI-PR, pres. Elizio J. Siqueira Jr

ADJORI-SC, pres. Roberto Deschamps

AERP, vice-pres. José H. Michelleto

AGERT, pres. Roberto Cervo (Melão)

Central de Comunicação,

pres. Adriano Kalil

Comunicação do Senado,

conselheiro Ranieri Bertoli

SERT-PR, pres. Cezar Telles

SERT-SC, pres. Ana Paula S. Melo

SINDIRÁDIO-RS, pres. Christina Gadret

“A verdadeira referência do meio jornal no país são as entidades associativas organizadas”

O vice-presidente de Gestão e Finanças da ADI-SC, Adriano da Fonseca Kalil Escada, foi o responsável por falar do meio jornal no café da manhã com o presidente Jair Bolsonaro. E tratou também de mostrar a importância das entidades que representam boa parte desses veículos, sejam diários ou de outras periodicidades, sejam impressos ou digitais. 

Depois de agradecer pela oportunidade ao presidente Bolsonaro, de cumprimentar o deputado Rogério Peninha Mendonça, coordenador da Frente Parlamentar Catarinense, e elogiar a iniciativa do presidente da Acaert, Marcello Petrelli, o vice-presidente da ADI-SC teve um breve momento para expor o trabalho realizado pela imprensa do interior, desta vez tratando especificamente do meio jornal. Além de destacar a responsabilidade dessas pequenas e médias empresas de comunicação com as comunidades onde estão inseridas, Kalil falou do grande potencial que se abre pela integração editorial entre os vários veículos, atuando em rede pela organização associativa, movimento que se amplia com a integração também entre veículos de diferentes entidades.

De forma simples, a diferença é que com entrevista concedida a apenas um jornalista é possível alcançar leitores de 90% do estado, no caso específico de Santa Catarina, conforme demonstrou o Projeto Eleições de 2018, efetivado em parceria com a Adjori-SC. “Trata-se de um instrumento muito forte, que pode e deve ser bem usado por fontes de todos os setores da sociedade”, defendeu.

“Personalidades, órgãos governamentais, lideranças políticas e empresas associam seus nomes ao que temos de mais forte e valioso – nossas marcas.”

Kalil lembrou que dois dos três homens mais ricos do mundo, segundo a Forbes, investiram altas somas na compra de jornais impressos. O mais rico, Jeff Bezos, dono da Amazon, comprou o Washington Post por 250 milhões de dólares. O terceiro mais rico, Warren Buffet aplicou 142 milhões de dólares na aquisição de 77 jornais diários e semanais do interior dos Estados Unidos. Segundo justificou na época, movido pelo “sentimento de comunidade” característicos desses veículos. “Investiram, ampliaram a circulação de papel, promoveram um salto na audiência digital e, junto, fortaleceram suas empresas tradicionais com marcas reconhecidas no mercado”, contou.

Com isso, o vice-presidente da ADI catarinense disse acreditar que são os veículos da mídia regional o canal ais certeiro para que a mensagem do governo chegue na ponta, onde as marcas dos jornais influenciam o leitor, o radialista local e o comentarista da TV regional e o bate-papo nos diferentes espaços de circulação da população.

“Reunida, a mídia do interior dos estados brasileiros é, de fato, a grande mídia nacional.”

 Ao final de sua explanação, Adriano Kalil recebeu o reconhecimento do presidente Bolsonaro quanto à solução encaminhada em Santa Catarina para a questão das publicações legais. Enquanto no restante do país a discussão sobre o assunto ainda é intensa, por aqui já existe lei sancionada que regulamenta a publicação legal na edição digital dos jornais, com acesso gratuito a quem interessar. “Um avanço que precisa ser valorizado.”

 Impressões positivas

 O empresário Jailson de Sá, editor do portal “Acontecendo Aqui”, voltado ao mercado catarinense de propaganda, marketing e inovação, ficou positivamente surpreendido com o encontro realizado no Palácio do Planalto. E com o clima descontraído proporcionado por Bolsonaro, que não se negou a posar para selfies. “As falas do Petrelli e do Kalil deixaram claro que a mídia regional está disposta a levar as informações do governo para a sociedade. O objetivo foi alcançado.” Segundo Sá, ao final do encontro Fábio Wajngarten, chefe da Secom, confirmou a importância do evento e sugeriu que outras regiões façam o mesmo. Ele valorizou o papel da mídia regional no contexto da comunicação de massa.

O deputado Peninha, que participou do café da manhã, afirmou que o encontro não poderia ter sido melhor. “O presidente é um defensor das mídias regionais. Não foi uma reunião protocolar, mas de trabalho. E vai render bons frutos.”

O café da manhã com o presidente não foi o único compromisso da comitiva de comunicação do Sul do país em Brasília. Um almoço foi realizado com parte da bancada federal catarinense.

O senador Jorginho Mello estava lá e fez uma análise diferente. “Quando se fala em Santa Catarina ainda há resistência. Em Brasília se pensa que o nosso estado não precisa de nada. Por isso o trabalho em conjunto da nossa bancada é fundamental, alinhado ao apoio que a mídia vem nos fornecendo.” A deputada Angela Amin avaliou como “de fundamental importância” a aproximação da mídia regional com o Congresso Nacional e a presidência da República “para que as informações cheguem aos que buscam se atualizar pela rádio, pelo site, pelo jornal da sua cidade”.

O deputado Carlos Chiodini também considerou fundamental estreitar as relações, “não somente com o governo estadual, mas com o federal”. Ao se declarar “grande incentivador e conhecedor do importante trabalho que a mídia regional exerce”, o deputado Daniel Freitas parabenizou pela iniciativa e, principalmente, pelo trabalho  pautado nos interesses coletivos realizado pelos veículos reunidos ali, “o que faz com que o cidadão, além de informado, sinta-se  representando”.

Comunicador e, portanto, ciente do papel da imprensa catarinense, o deputado Hélio Costa considerou de grande importância o debate da comunicação e da mídia regional com a bancada. “Estamos em uma era que a informação é instantânea e nós deputados precisamos estar alinhados com os propósitos dos veículos de imprensa.”

Além do deputado Peninha, o deputado Coronel Armando também participou do café da manhã com o presidente Jair Bolsonaro. E outros parlamentares catarinenses prestigiaram o almoço da mídia regional com a bancada federal – senador Esperidião Amin, deputada Carmen Zanotto e o deputado Darci de Matos.

Jornalistas Guido Schvartzman e Marco Aurélio Gomes (Acaert), Andréa Leonora (ADI-SC), Murici Balbinot (Adjori-SC)

Fotos: Marcos Corrêa/Presidência da República, Tauan Alencar