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Safra da mandioca termina na Semana do Agricultor

O mês de julho está acabando e junto com ele, a colheita de mandioca

A cultura, que vem crescido bastante na região, teve recorde na área plantada este ano, que dobrou em Araranguá nos últimos três anos. “Houve uma mudança maior na produção. A área ficava em 500 hectares de mandioca, mas a realidade mudou e chegou a mil hectares de mandioca plantada”, revela Homero Rock Bosch Júnior, engenheiro agrônomo do escritório municipal da Epagri de Araranguá. Ainda de acordo com ele, os motivos que levaram ao crescimento, são muitos. “Podemos apontar a redução da área de fumo, que deu espaço à mandioca, e muitas áreas são rotacionadas entre as culturas”, comenta. 

A expectativa, porém, é que a produção diminua na próxima safra, já que os preços já foram menores este ano. A produtividade também foi boa, e a média para Araranguá foi de 16 a 18 toneladas por hectare. “Se compararmos com outras regiões, como Jaguaruna, a deles é maior, chegando a 30 toneladas. Ainda não sabemos bem o porquê disso, mas pode ser alguma questão de microclima e solo, além das variedades diferentes”, acrescenta Homero. 

Ele ainda explica que a produtividade não deve ser a melhor na próxima safra já que os agricultores plantaram em áreas de fumo, onde há muitas doenças de solo.

A questão do preço, com certeza, é a que mais impacta nos números finais da safra. A mandioca de um ano, que possui menos amido e menor produção, era vendida a R$ 350 a tonelada na última safra. Neste ano, porém, os negócios fecharam em torno de R$ 230 a tonelada. Quando o assunto é a venda da mandioca de dois anos, que rende mais, de R$ 500 a tonelada, no ano passado, na safra de 2019 o preço mal chegou a R$ 420 toneladas. Para o produtor, os números são desanimadores. “De uns cinco anos para cá o preço despencou. Na mandioca de dois anos eu produzi 40 toneladas uma média muito boa, que eu nunca tinha feito. Mas o preço, não compensou”, relata o produtor Rui Ourides de Freitas. 

Desanimado com o lucro que não teve este ano, ele pretende diminuir a área plantada na próxima safra. De vinte hectares, ficará com doze. “Antigamente, uma tonelada custava R$ 200 e um empregado custava R$ 20. Hoje, dez, quinze anos depois, a tonelada custa R$ 280 e um empregado, R$ 100”, reclama.
Ele vendeu a produção para os engenhos de farinha, e percebe que ano a ano, as coisas parecem estar piorando. “Os preços estão diminuindo. Pode que haja melhora, mas em menos de três anos, a situação não muda. Os produtores menores vão parar, e eu vou diminuir muito. Não adianta continuar assim”, diz.

A realidade dos plantadores de mandioca reflete o que muitos agricultores vivem. São pragas, intempéries do clima e um preço desanimador no fim da produção. Por isso, para seu Rui e muitos outros agricultores, plantar o que todo mundo, inclusive a cidade, consome, é um desafio. “Colocar comida barata na mesa dos outros, mas quem planta precisa também”, comenta. 

Rui foi empresário e comerciante e voltou à agricultura há quase 20 anos. Para ele, quando a agricultura é valorizada, a economia gira e tudo vai bem. “Quando se ganha bem, a gente gasta bem. Mas ganhando pouco, se segura muito. A gente trabalha e só sobra o que a gente economiza”, reclama. 

Seu Rui e outros agricultores são os que mantêm o agronegócio funcionando, e por isso, merecem também, reconhecimento. Mesmo em uma rotina puxada e com o sistema derrubando os preços, eles continuam batalhando, e como todo herói, merecem celebrar seu dia, sendo valorizados o ano inteiro.