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Partido Liberal coloca cargos à disposição do prefeito de Araranguá

A relação entre o prefeito Mariano Mazzuco Neto (Progressistas) e o vice-prefeito Primo Menegalli Junior (PL) já não anda boa faz bastante tempo. Quem acompanha os bastidores da política araranguaense sabe bem disto. Há tempos que ambos não dividem uma mesma mesa.

O afastamento virou crise quando Primo Junior assumiu como prefeito interino para Mariano fazer uma cirurgia em Porto Alegre/RS. De lá para cá a situação só piorou.

Nesta quarta-feira (12), o Partido Liberal, PL de Araranguá, após consulta a Executiva, resolveu tornar oficial a saída do Governo e colocou à disposição os dois cargos ocupados por indicação da agremiação: o da diretora administrativa do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), cargo ocupado por Margarete Timboni Baran – professora efetiva na Escola João Matias, no bairro Coloninha; e a chefia de Fiscalização de Obras e Posturas, ocupada por Jean Rocha.

Primo Junior disse: “o PL já não está no governo desde o ano passado (2018), quando eu pedi a minha destituição da presidência do Conselho Municipal de Inovação e o secretário de planejamento pediu a sua exoneração”.

“Em verdade, colocamos à disposição da Administração Pública os 2 cargos atualmente ocupados pelo PL por indicação do partido. Essa decisão se dá pelo distanciamento de pensamentos é ideologias entre o partido e a atual gestão, no que se refere ser melhor para população de Araranguá. Mas, o vice-prefeito do partido se mantém vice, por ser eleito democraticamente pelo voto da população”, disse o presidente Adriano Machado, que entregou a carta de saída já foi protocolada na quarta-feira (12) na Prefeitura.

O que diz a nota protocolada?

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Ilmo. Sr. Mariano Mazzuco Neto – Prefeito Municipal. Araranguá-SC

Prezado Senhor:

O Partido Liberal, PL de Araranguá, após consulta ao consenso do entendimento dos componentes de sua executiva, vem nesta oportunidade colocar à disposição de Seu crivo os dois cargos atualmente ocupados por indicação desta agremiação, quais sejam;

Diretor administrativo do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto e; Chefia de Fiscalização de Obras e Posturas.

O PL de Araranguá está se sentindo distante da forma do prefeito fazer política, das suas escolhas e decisões.

Acreditamos que a política deva ser regida pela lógica, por valores e por projetos voltados ao futuro do município.

Araranguá, 12 de junho de 2019 –  Adriano Guimarães Machado – Presidente PL

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O que disse o vereador?

 

A esposa do vereador Adão Vieira dos Santos, o Vidrinho (PL), Rosane Teixeira, que é professora na Escola do Jardim das Avenidas (CAIC), está emprestada para o projeto de EAD da UFSC, a UAB Universidade Aberta do Brasil, onde ocupa o cargo de diretora. Segundo o vereador, o cargo não é de indicação do PL, é do próprio prefeito.

“Minha esposa é servidora do município. Não onera em nada os cofres do município, já que o salário é o mesmo. Ela não está na cota do partido (da mesma coligação nas últimas eleições) e se ela voltar para a escola, o prefeito tem que colocar outro servidor em seu lugar ou um ocupante de cargo comissionado (que irá gerar custo), mas vamos deixar a decisão para o prefeito, cabe a ele decidir”, explica.

 

O que disse a diretora?

 

Margarete Timboni Baran disse que iria aguardar os desdobramentos dos fatos. Ela alega que seu cargo não afeta em nada os cofres do município, já que ele recebe os mesmos vencimentos que recebia como servidora da Secretaria da Educação do município. Ela disse que irá aguardar a posição do prefeito, que é quem define a questão dos cargos de confiança. Disse que ainda não conversou com o partido sobre a posição como estratégia para as próximas eleições. Preferiu aguardar para se pronunciar.

 

O que disse o chefe de Posturas?

 

Jean Rocha, chefe de Fiscalização de Obras e Posturas, deixou claro que discorda da posição do partido e que vai se desfiliar. Quanto a saída do cargo, disse que não depende dele. Vai aguardar a avaliação do prefeito Mariano.

O que disse o prefeito?

Ouvido pela reportagem o prefeito Mariano disse que entende situação, mas discorda dos motivos apresentados pelo PL.

“É um direito deles, mas eu não aceito. Ainda vou ver o que fazer. Eles trabalharam 2 anos no governo. Tiveram a pasta do Planejamento. Deveriam ter tomado as medidas necessárias na pasta do Planejamento, era responsabilidade minha e deles também. Foram meus parceiros na eleição, sempre tive educação com Júnior. Mas eles tiveram uma oportunidade de trabalhar com a inovação, que deleguei e ele e sua equipe. Ele (Primo Junior) alugou um pavilhão para incubadora, que ficou quase um ano fechado sem nenhuma atividade, nem repartição. Ele tinha o comando do Conselho de Inovação e o secretário era dele (Fernando Serrano-PL). A única questão que me envolvi em relação pagamentos de despesas, que fiz, como é meu perfil, uma revisão de valores. Ele teve tempo suficiente para acelerar, mas não acelerou”, disse chateado.

E prosseguiu Mariano: “A saída é uma questão pessoal deles. Talvez queiram nas eleições (2020) liderar uma coligação. Eu tive três vices prefeitos. O César Cesa (então no PPS, que hoje é Cidadania). A ruptura se deu por um problema pessoal dele com minha ex-esposa (Claudete Bianchi), que acabou me atingindo. Eu queria uma convivência harmônica”, lembra.

O PPS tinha entre outros cargos as secretarias de Saúde (Henrique Besser) e de Obras (falecido Amador Truite) e a diretoria de Trânsito (Clézio Nunes). Amador e Henrique entregaram os cargos, não foram exonerados. “Eram outros tempos, tinha muito ranço da politicagem. Eles saíram porque ficaram sem ambiente”, conta.

O segundo vice foi Sandro Maciel (PT). “Tinha uma ótima relação com o PT e com o vice (Sandro). Dei a atribuições a ele, como a regulação fundiária, dei equipe para trabalhar (Cida, Thaiza…). Trabalharam, entregara títulos de propriedade. Tivemos boa convivência. Passei várias vezes o cargo a ele, nunca teve constrangimento. Quando Sandro decidiu ser candidato, saiu do governo e colocou os cargos à disposição. Eu só fui exonerar no prazo limite – 6 meses antes do período eleitoral (em 2012)”, lembra.

Sobre o atual vice, Mariano disse que acha que “talvez o Junior esperasse mais espaço, mas eu assumi num tiroteio financeiro, crise, problemas com precatórios prestes a estourar. Prometemos os cargos de confiança ao PL (então PR) e cumprimos. O problema começou quando eu saí para tratar minha saúde. Ele criou um gabinete paralelo, um constrangimento que não precisava, coisa chata”, desabafou sem esconder o desconforto.