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Primeira-dama vence câncer após transplante

Números indicam boas notícias para quem precisa de transplante, embora tratamento ainda seja distante da região

Aline Bauer /Araranguá / Ermo

Após mais de um ano de um desgastante tratamento contra uma leucemia, a primeira dama do município de Ermo, Marília Souza Cadorin fez um transplante autólogo de medula óssea, quando o próprio paciente fornece as células tronco para combater o câncer. O procedimento aconteceu em entre 18 e 21 de fevereiro, e incluiu coleta de material e tratamento das células em laboratório. Ainda em isolamento, ela já se recupera bem em sua casa em Ermo, mas segundo o prefeito do município, Aldoir Cadorin, o Zika, a luta foi difícil. “A família toda acaba sofrendo os reflexos de um processo traumático como esse, tínhamos uma expectativa desde o momento do transplante até quando tivemos certeza de que deu certo”, relata.

O procedimento ocorreu em 18 de fevereiro, no hospital Celso Ramos, em Florianópolis, e tudo se desenrolou em um processo que começou um ano antes. Esse tempo foi para a preparação do corpo de Marília, que passou por sessões de quimioterapia e coleta de células-tronco. “Tínhamos uma data limite de onze dias. Se após esse tempo ela não melhorasse, todo esse trabalho teria sido em vão. No décimo dia, quando o médico chegou e disse para a família e para mim que os exames estavam mostrando melhoras, foi uma alegria muito grande, um sentimento de gratidão a Deus que nos deu força para suportar a tudo e nos deu uma segunda chance. A gente acaba não se controlando e o choro é inevitável”, conta Zica

 

Números do câncer

O prefeito de Ermo, ao falar do câncer da esposa, elogiou o serviço oncológico do SUS em Santa Catarina, mas do que muita gente reclama quando está enfrentando esta batalha é da distância entre a região da Amesc e o ponto de tratamento, geralmente alocado em Criciúma, Florianópolis e até, dependendo dos casos, em Porto Alegre. Uma das soluções discutidas para o caso era a implantação de uma unidade de tratamento em Araranguá, que encurtaria o tempo de viagem para quem já está sofrendo com a doença. O pleito é tão importante que as Câmaras de Vereadores da região assinaram um pedido para que a Unacon pudesse ser implantada.

Em conversa com a gerente regional de saúde da ADR de Araranguá, Patrícia Paladini, ela explicou que atualmente não é possível instalar essa unidade na região, já que o porte populacional da região não atende a portaria de alta em oncologia do Ministério da Saúde. “Hoje, se formos avaliar pela portaria do Ministério da Saúde, não há possibilidade de implantação desses serviços. Precisaríamos atender outra região para ter um porte populacional melhor. Porém, eu vejo a necessidade desse atendimento, principalmente de quimioterapia estar mais perto da nossa população”, comenta.

Sobre o que já é oferecido para quem sofre com câncer, Patrícia diz que o primeiro atendimento é feito dentro de um prazo mínimo, e que quem precisa, é encaminhado prontamente para as referências em oncologia. “A demanda oncológica do extremo-sul é atendida no São José, de Criciúma. Para a primeira consulta, não temos filas de espera, a oferta hoje atende à demanda”, diz.

Números da solidariedade

Nem todos os pacientes têm condições de um transplante autólogo como o de Marília, e então é preciso apelar para um banco de medula. Esse trabalho é do Hemosc, que além de fazer o recolhimento de doações de sangue, também faz o cadastro de candidatos a doadores de medula. Segundo o órgão, em Santa Catarina são 191.244 candidatos, isso corresponde a 3,94% do total nacional. É um dos estados com mais candidatos registrados.

A maior dificuldade enfrentada hoje pelo Hemosc é na questão de localização destes candidatos, que esquecem muitas vezes de atualizar seus cadastros e depois não podem ser encontrados. Além disso, há o problema de não haver centros de transplante suficientes no estado. Porém, em questão de números, há uma boa proporção entre candidatos e necessitados de doação.