Search

Artigo – “Sistema de segurança pública e a descrença da população na recomposição de forma civilizada”

A advogada Juliana Karin de Souza faz uma reflexão que passa pelas últimas eleições, pela deficiência do nosso sistema de segurança e os altos índices de criminalidade.

ARTIGO: Sistema de segurança pública e a descrença da população na recomposição de forma civilizada

A deficiência do sistema de segurança pública do nosso país esteve no centro das atenções no último ano em razão da campanha eleitoral. Encorajados pelo discurso político de grande parte dos candidatos, vários “especialistas das redes sociais” se posicionaram contra a criminalidade de uma forma bastante extrema. Tornou-se rotineiro abrirmos nossas redes sociais e nos depararmos com manifestações contra o sistema, contra o estatuto do desarmamento, contra os direitos humanos, etc. As frases como “bandido bom é bandido morto”, “direitos humanos para humanos direitos”, nunca foram tão disseminadas.

Se por um lado essas manifestações comprovam que o nosso sistema de segurança pública está em falência, por outro escancaram a falta de crença da população na recomposição da ordem de maneira civilizada.

Tal falta de confiança é resultado da precariedade em que se encontra, em especial, o sistema penitenciário brasileiro, que há anos vive à beira do colapso e há muito abandonou a sua função fundamental: a ressocialização.

A ressocialização dos detentos, que perpassa pela educação e profissionalização, é um dos maiores desafios do sistema de segurança pública de qualquer país. No Brasil, essa dificuldade parece ser redobrada, se considerarmos a extensão territorial, a população carcerária e a falta de unidades prisionais adequadas.

Num país em que a educação fora dos presídios vai de mal a pior e que pessoas morrem todos os dias em corredores de hospitais por falta de leito, se torna fácil entender o porquê que a ressocialização de detentos não é prioridade.

O resultado disso tudo? Criminalidade em alta. Descrença da população no sistema. Mais violência. Mais descrença. E assim seguimos, nesse círculo vicioso, em que no final das contas estamos apenas enxugando gelo.