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Em defesa do jornalismo transparente e da imprensa livre

EDITORIAL

A opinião emitida sobre a atuação da imprensa, ao menos para o nosso grupo de comunicação, representa duas certezas: primeiro, que vivemos de fato em um Estado Democrático de Direito, onde a liberdade de expressão é um valor garantido; segundo, que essa mesma opinião ou posicionamento pode ou não estar em sintonia com a realidade.

Reafirmamos, também, nosso respeito ao trabalho de investigação realizado pelos órgãos de segurança pública, cuja missão é entregar melhores resultados à sociedade. Lamentamos quando a divulgação de uma notícia acaba interferindo em estratégias operacionais — nunca foi, nem será, a nossa intenção prejudicar esse trabalho.

Nossa função é atender quem está na outra ponta: o cidadão. Seja dando voz, seja oferecendo informações claras e verificadas. É consenso que a sociedade precisa da imprensa para não ficar às cegas — emparedada entre o que os órgãos oficiais escolhem divulgar e o universo cada vez mais nocivo da desinformação e das fake news. Afinal, não informar é tão prejudicial quanto informar mal.

A desinformação corrói tanto o trabalho das instituições quanto o jornalismo sério, que busca sempre apurar os fatos com clareza, pluralidade de pontos de vista e responsabilidade. Por vezes, optamos por não exibir conteúdos sensíveis, que possam servir de gatilho ou estimular mentes perturbadas. Nossa política editorial é preservar, sempre que possível, a identidade dos envolvidos, evitando nomes, rostos e detalhes que comprometam investigações. A regra é simples: se não for para ajudar, não queremos atrapalhar.

Por outro lado, não podemos nos omitir. Cumprir nossa missão jornalística significa buscar a checagem máxima, ouvir nossas fontes — construídas ao longo de décadas de trabalho — e manter de pé a confiança de quem nos acompanha. Ética, credibilidade e rigor são princípios inegociáveis.

Muitas vezes, deixamos de divulgar matérias em primeira mão por entender que ainda não havia elementos suficientes. Fizemos isso em respeito à vida, às histórias e às reputações. Essa escolha é a nossa consciência em paz.

Ainda assim, o imponderável existe. Nem nós, nem os órgãos oficiais, nem a própria segurança pública têm controle absoluto sobre ele. Se fosse diferente, os serviços de inteligência resolveriam casos antes mesmo de virarem notícia; não haveria processos em aberto, culpados soltos e inocentes encarcerados.

O fato é que a realidade humana, com seus erros e desvios, exige leis, normas e vigilância constante. É também por isso que há tanto apelo para matérias violentas — os números de audiência não deixam dúvida. Mas o papel do jornalismo vai além: é mostrar o inusitado, o diferente, o que não está sendo visto. Ser imprensa “chapa branca” ou “marrom” nunca fez parte do DNA da Post TV e do Jornal Enfoque Popular.

Nosso compromisso é mostrar tanto as boas notícias, que inspiram e confortam, quanto as que alguns prefeririam esconder. Olhar para a notícia é, acima de tudo, um exercício de empatia: colocar-se no lugar do outro.

Reconhecemos e respeitamos o trabalho de todos os profissionais que fazem o seu melhor em cada segmento da sociedade. Do nosso lado, continuaremos a fazer o que nos cabe: informar de forma ética, transparente e responsável.

E em qualquer pauta, nossos veículos e redes sociais seguirão abertos ao contraditório.

 

Everaldo Silveira

Diretor Executivo da Post TV e do Jornal Enfoque Popular