Pegou mal em Santa Catarina, especialmente fora do bolsonarismo (onde ordens não se discute, se cumpre), a informação repisada de que o clã Bolsonaro pode indicar o vereador do Rio de Janeiro, Carlos, para ser candidato a senador pelo PL.
Este movimento faz Santa Catarina nos últimos anos parecer a chamada “Casa da Mãe Joana”. Primeiro foi o ex juiz federal Sérgio Moro (União Brasil) quem avaliou ser candidato a senador em 2022 pelo estado. Depois ele tentou ser candidato por São Paulo e não conseguiu. Moro acabou se elegendo senador pelo Paraná.
Na eleição de 2024, foi a vez de Jair Renan Bolsonaro (PL), em sua primeira eleição ser eleito vereador em Balneário Camboriú em sua estreia em eleições.
Agora chegou a vez de Carlos Bolsonaro cogitar ser candidato ao Senado por Santa Catarina para atender o projeto do pai, Jair Messias, de eleger um número expressivo de senadores em 2026.
Aliados não são ouvidos
Para atingir este objetivo, o clã não está considerando a opinião de aliados como a deputada federal Júlia Zanatta (PL) que tem desejo de ocupar este espaço; Esperidião Amin (PP), que tem se esmerado em ser o defensor dos bolsonaristas no Congresso Nacional na maioria dos temas espinhosos que passam por Brasília. Nem mesmo o governador Jorginho Mello (PL), que de fato comanda o partido com ‘mão de ferro’ e que terá o poder de indicar os nomes no estado, foi consultado.
Até onde o governador pode ir?
Refém de Bolsonaro, Jorginho tenta negociar ao menos uma das vagas ao Senado para entregar ao PSD de João Rodrigues; ou ao PP de Esperidião Amin; ou ainda ao MDB de Antídio Lunelli. O ex presidente Jair Bolsonaro já informou que ele irá indicar as vagas. Citou que as duas vagas serão do PL, uma da deputada federal Caroline de Toni, de Chapecó, e agora indica o filho.
Esta indicação adiantada de nomes pode até ser interessante para os Bolsonaro, mas não é para o governador Jorginho Mello (PL), que tenta manter aliados por perto. Ele articula manter MDB, a União Progressista (PP e União Brasil) e até o PSD em sua coligação para ir “pifado” para a disputa da reeleição.
Sem as vagas ao Senado, Mello perde o poder de negociação e só abre espaço para a vaga de vice na chapa, que, em tese, deve ser de Carlos Chiodini (MDB).
A antecipação do debate pelas vagas ao Senado só serve para atrapalhar as negociações com os demais partidos.
Ruído no meio empresarial
Até os empresários, que deram apoio ao avanço bolsonarista em Santa Catarina, já começam a chiar por esta “intromissão”. A eleição do carioca Jorge Seif (PL) como senador até fazia sentido, porque morava, tinha negócios em Santa Catarina, mas importar candidatos não faz parte do DNA catarinense e pode não ter aceitação nas urnas como se espera.