Search

Rumo acelerado para uma genética de carne de qualidade

Melhoramento genético está produzindo animais prontos para o abate, mais precoces. Um bovino só emite metano enquanto está vivo. Com abates antecipados, haverá uma redução na emissão desse gás e ganhos no balanço do carbono da pecuária.

 

 

Não foi por acaso ou sorte que a raça Nelore se tornou líder dos criatórios bovinos do Brasil tropical.  Resistência ao calor e a capacidade de digerir capins grosseiros são qualidades de todas as raças zebuínas. O grande diferencial da raça Nelore foi a habilidade maternal.

 

 

Algumas décadas atrás essa qualidade, em criações extensivas, seca prolongada, capins fibrosos e pouca disponibilidade de medicamentos, foi essencial para a sobrevivência dos bezerros.

 

 

Nascimento de bezerros muito espertos e um pouco menores facilitando os partos, vacas com tetos pequenos, possibilitando uma amamentação natural sem cuidados especiais, foram qualidades diferenciadas e decisivas. Há que acrescentar ainda o instinto de defesa da vaca Nelore à sua cria contra mamíferos predadores e urubus.

 

 

Com essas qualidades e aptidões a raça naturalmente conquistou a liderança nos criatórios nacionais. Com o tempo, os consumidores de carne passaram a ser mais exigentes com relação a sua qualidade. Foi natural que nesse quesito a raça Nelore tivesse uma qualidade inferior às raças européias.

 

 

Teve início então, no Brasil, a fase dos cruzamentos industriais, zebuíno x europeu que durou aproximadamente 30 anos. Entre as diversas raças europeias utilizadas, sobressaiu a raça Aberdeen Angus, que hoje domina o mercado.

 

 

O Angus atualmente já está popularizado no cardápio de quase todos os restaurantes e nos anúncios dos açougues como sinônimo de carne gourmet.

 

 

Porém, a maioria dos consumidores não têm a noção que essa carne Angus ofertada é proveniente de um cruzamento de uma vaca Nelore com sêmen de touro Angus.

 

 

Na verdade, essa oferta de carne Angus só foi possível devido às qualidades já descritas da vaca Nelore que transmitiu parte dessas características aos seus bezerros meio sangue.

 

 

Embora houvesse um trabalho constante de melhoramento do Nelore, ele foi muito lento. O foco na época era direcionado basicamente para indicadores de ganho de peso.

 

 

Neste ano estamos comemorando 20 anos de uma nova tecnologia de melhoramento genético direcionado para a melhoria da carne e da carcaça.

 

 

Graças ao avanço na qualidade das imagens da ultrassonografia, foi possível, a partir do ano 2003, avaliar e medir em animais vivos, características como espessura de gordura do contrafilé, área do olho de lombo e marmoreio. Todas essas características são indicadoras de maciez, suculência, sabor e rendimento de carcaça.

 

 

O fato de identificar e quantificar esses caracteres em animais vivos, associado a modernas técnicas de reprodução, permitiu agilizar os cruzamentos e a introdução desses atributos para o rebanho, possibilitando em apenas duas décadas esse incrível avanço do melhoramento da raça.

 

 

O visual do fenótipo de um Nelore geneticamente melhorado nesses padrões, se assemelha muito a silhueta de um bovino europeu.

 

 

Como vantagem secundária aos objetivos dessa seleção, temos ainda a comemorar um ganho ambiental. Essa genética está produzindo animais prontos para o abate, mais precoces. Um bovino só emite metano enquanto está vivo. Com abates antecipados, haverá uma redução na emissão desse gás e ganhos no balanço do carbono da pecuária.

 

 

Lembre-se sempre que a carne Angus que você consome tem a participação genética de 50% da raça Nelore.

 

 

Muito em breve, quando no cardápio dos restaurantes estiver escrito “Steak Nelore”, será um atrativo para o consumidor.