Presentes dados por autoridades estrangeiras incluem kit da grife de luxo Chopard, dois relógios (um Rolex e um Patek Philippe) e duas esculturas folheadas a ouro. Objetos de alto valor devem ser entregues ao acervo da Presidência – ou seja, são bens públicos, e não pessoais.
>Com informações do Portal g1<
Um kit da grife de luxo Chopard, dois relógios (um Rolex e um da marca Patek Philippe) e duas esculturas douradas folheadas a ouro. Esses são os itens que, dados por delegações estrangeiras ao governo durante gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, teriam sido desviados e negociados por seus auxiliares, segundo uma investigação da Polícia Federal.
Objetos de alto valor devem ser obrigatoriamente entregues ao acervo da Presidência da República – ou seja, são bens públicos, e não pessoais.
Veja, abaixo, detalhes dos presentes oficiais cuja negociação ilegal foi identificada pela PF:
Joias e Rolex
Em outubro de 2019, durante outra viagem oficial de Bolsonaro à Arábia Saudita, o governo recebeu um kit com:
- anel;
- abotoaduras;
- um rosário islâmico (“masbaha”);
- e um relógio da marca Rolex, de ouro branco com diamantes.
O relógio em ouro branco foi negociado junto com o relógio Patek Philippe (veja mais abaixo). Ao todo, os dois foram vendidos por US$ 68 mil (pouco menos de R$ 347 mil na cotação da época, segundo a PF). A investigação não aponta estimativa de valor para os outros itens.
O relógio Rolex negociado ilegalmente nos Estados Unidos é fabricado em ouro branco cravejado em diamantes e com mostrador em madrepérola branca, também cravejado em diamantes.
Já nos Estados Unidos, após ter sido transportado em voo oficial no fim de 2022, o kit foi desmembrado pelos assessores de Bolsonaro. O relógio foi vendido a uma empresa especializada, e as joias, entregues para venda em outra firma.
Assim como o kit de ouro rosé, esse kit de ouro branco teve de ser resgatado pelos aliados de Bolsonaro depois que o TCU determinou a devolução dos itens ao governo federal.
A operação de resgate envolveu Frederick Wassef, advogado e amigo de Jair Bolsonaro, e o ex-ajudante de ordens Mauro Barbosa Cid. Cid chegou ao Brasil em 28 de março com as joias, e Wassef, no dia seguinte, com o relógio.
O kit foi remontado e entregue em uma agência da Caixa, em Brasília, em 4 de abril de 2023.
Kit da Chopard
Em outubro de 2021, durante viagem do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, à Arábia Saudita, o governo brasileiro recebeu um kit com itens da marca Chopard que tinha:
- uma caneta;
- um anel;
- um par de abotoaduras;
- um rosário árabe (“masbaha”);
- e um relógio.
Segundo o relatório da PF, esse kit deixou o Brasil no mesmo voo oficial que levou Jair Bolsonaro e assessores à Flórida, nos Estados Unidos, no penúltimo dia do mandato presidencial.
O pacote foi anunciado por uma casa de leilões sediada em Nova York com valor inicial de US$ 50 mil (R$ 245 mil) e valor estimado entre US$ 120 mil (R$ 588 mil) e US$ 140 mil (R$ 686 mil). Ele não chegou a ser arrematado.
O anúncio feito pela casa de leilões indica que o relógio da Chopard foi fabricado em ouro rosé 18 quilates (o mesmo das outras peças) e faz parte de uma série limitada – apenas 25 desse modelo foram produzidos.
O anúncio feito pela casa de leilões indica que o relógio da Chopard foi fabricado em ouro rosé 18 quilates (o mesmo das outras peças) e faz parte de uma série limitada – apenas 25 desse modelo foram produzidos.
Além do ouro rosé, há diamantes no rosário e na caneta. Nas abotoaduras e no anel, a superfície mais destacada é lisa – “ideal para um monograma de prestígio”, sugere a empresa de leilões.
Depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) mandou Bolsonaro entregar esse kit à Caixa Econômica Federal, em março, os bens foram “resgatados” na casa de leilão e devolvidos ao governo.