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Aids: Mês chama atenção para prevenção da doença

Municípios seguem enfatizando a importância da prevenção, já que os pacientes parecem mais informados sobre a Aids, mas continuam não usando preservativo ou buscando a testagem rápida

Região

Além das festas natalinas e da virada do ano, o mês de dezembro é marcado por uma causa de extrema importância, a luta contra o HIV/Aids. O dia 1º é o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, doença que já matou milhões de pessoas no mundo e que pode ser evitada com o diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento.
Segundo levantamento da Dive, houve uma queda no número de diagnósticos em Santa Catarina entre 2019 e 2020. Em 2019 foram diagnosticados 2.169 casos contra 1.618 em 2020. Nos dois anos, os homens aparecem entre os mais infectados e a faixa etária mais acometida é de pessoas com idade entre 20 e 29 anos, seguido daqueles com 30 a 39 anos.
A redução no número de diagnósticos, avalia a gerente de IST, HIV/Aids e Doenças Infecciosas Crônicas da Dive, a médica infectologista Regina Valim, pode ter relação com a pandemia, quando menos pessoas procuraram os serviços de saúde.
Isso também foi observado no Serviço de Atendimento Especializado de Araranguá, onde a enfermeira Tiane Ramos do Canto atua há 18 anos no setor da Aids.
De acordo com ela, o número de diagnósticos despencou na unidade por conta da pandemia. “Estamos em um limbo. Muitas pessoas continuam se relacionando sem preservativo, continuam transmitindo, e não estão fazendo o diagnóstico por não procurar os serviços”, comenta. A situação se agrava porque a Aids pode demorar anos a desenvolver algum sintoma, e neste meio tempo, não há como mensurar quantas pessoas são contaminadas.
No local são oferecidos os programas de DST/Aids, Hepatites Virais e Tuberculose do município. Ali os pacientes podem fazer testes rápidos e simples, recebendo o diagnósticos poucos minutos depois.
Por causa da pandemia, não foi feita nenhuma campanha específica, mas a necessidade da testagem é sempre reforçada. “Se você sabe do seu diagnóstico, você consegue procurar mais rapidamente o tratamento e evita de contaminar outras pessoas”, explica.
Na secretaria estão registrados 418 pacientes entre HIV e Aids em acompanhamento. Muitos já estão há bastante tempo diagnosticados. Neste ano, três pessoas morreram por complicações da Aids, porém, nenhuma delas fazia qualquer tratamento.
Em 2019, o número de infectados diagnosticados no serviço foi de 39. No ano de 2020, o índice caiu para 28 e este ano, até o mês de outubro, apenas 16 novos casos foram detectados. “Sabemos que esse baixo número é em decorrência da pandemia, e que nosso maior enfoque é trabalhar a conscientização para prevenção, para que as pessoas usem preservativo e façam um teste pelo menos uma vez ao ano”, defende Tiane.

Falta prevenção

De acordo com a responsável pelo SAE de Sombrio, Bianca Ramos Matos, nos meses de verão a demanda de pessoas procurando o exame da Aids cresce bastante, reflexo de um trabalho mais intenso do setor da Saúde nos meses do Outubro Rosa e do Novembro Azul.
É perceptível no serviço que a população está mais informada e entende a necessidade de descobrir a doença precocemente, por isso, busca o serviço assim que possível. “Isso é muito importante, para que inicie o tratamento e tenha mais qualidade de vida”, explica.
Essa, no entanto, é uma boa notícia pela metade, já que se houvesse a prevenção, não seria necessário o tratamento e todos os cuidados que tem que ser tomados pelo resto da vida do paciente. “Eles têm a informação, mas mesmo assim não se previnem. Temos que reforçar isso para que não se precise chegar ao tratamento”, encerra.
No município, os postos de saúde também fazem a testagem, que quando mostra resultado positivo, logo encaminham o paciente para o serviço. Hoje, o SAE acompanha cerca de 200 pacientes que têm Aids, e que precisam enfrentar uma rotina de muitos remédios e cuidados, mas com qualidade de vida apesar de tudo.

Mais jovens

A Aids não escolhe classe social, cor da pele, orientação sexual ou idade, mas em Maracajá, chama a atenção a incidência da doença em pessoas jovens. Hoje são 40 pessoas em acompanhamento no município. “A faixa etária destes pacientes é bem variada, mas o que tem chamado atenção nestes últimos anos é o aumento de casos em pessoas jovens. Por isso, fica nosso alerta para aqueles que não fazem uso do preservativo, que procurem o SAE e façam a testagem, pois nem todas as pessoas infectadas pelo HIV apresentam sintomas e quanto mais cedo o diagnóstico, mais rápido o tratamento. Pois, vale lembrar que não tratando, o paciente pode vir a óbito”, relata a enfermeira responsável pela Vigilância Epidemiológica, Rosilane Dassoler.
Para acolher melhor esses pacientes, o município oferece um atendimento mais humanizado focado no apoio dentro das próprias unidades. “Antes eles tinham que buscar apoio em outra cidade para realizar os exames e a coleta de sangue para cargas virais, mas hoje existe em Maracajá um atendimento multidisciplinar com médico, infectologista, psicólogo e enfermeiro, garantindo assim um atendimento especializado e sigiloso”, explica a diretora de Saúde, Michele Constantino Gonçalves.
Em todos os municípios, os medicamentos para tratamento do HIV são distribuídos de forma gratuita, e o sigilo na entrega de exames também é mantido.