As crianças do Residencial Flor do Campo, lar de muitas famílias carentes de Araranguá, terão um Natal mais feliz no que depender de Jessica Antunes. Mãe de cinco filhos, ela sabe o que é ouvir um pedido de criança que não pode ser atendido, e por isso, resolveu fazer uma campanha para arrecadar presentes.
Há três anos ela percebeu que quase nenhuma ação é feita para beneficiar as crianças do Residencial, e decidiu começar a campanha. Na época, ela procurou por padrinhos e doadores, e conseguiu dar a 60 crianças um natal melhor. “Já passei por necessidade, e sei que as crianças às vezes querem um brinquedo e os pais não têm condições de dar. Então, comecei juntando padrinhos, correndo atrás, e no primeiro ano consegui bastante”, recorda.
No ano passado, o número de meninos e meninas atendidos chegou a 250.
Com a pandemia, Jessica já tinha decidido não promover a arrecadação, mas ao visitar a mãe no residencial, foi inquirida por um menino e não pôde ignorar a sensação de tristeza. “Eu disse que não sabia se faria a campanha, e ele disse: ‘É que esse ano a minha mãe está mais pobre ainda’. Como mãe, aquilo me partiu o coração”, conta.
Sem conseguir parar de pensar nas crianças sem presentes na manhã de Natal, ela resolveu pôr as mãos à obra. “Cada padrinho eu faço fotos do brinquedo e mando, posto as fotos no Facebook. Cada R$10,00 ajuda”, garante. Quem não puder ou não quiser comprar os brinquedos, pode depositar o valor em conta bancária, e receberá fotos dos cupons fiscais e da criança recebendo o presente. Também é possível adotar uma das cartas que Jessica já está recebendo. “É gratificante ver que ali eu pude fazer algo, que Deus colocou pessoas no meu caminho que me ajudaram a fazer aquilo pelos outros. Eu peço à comunidade de Araranguá, para os empresários me ajudarem”, diz.
Jessica pode ser contatada através do 48 99838-7594, por onde ela dá mais informações sobre a campanha. Vale lembrar que, para quem doa, pode ser apenas um par de sapatos ou um brinquedo, mas para quem recebe, pode ser um Natal inesquecível.
Pedidos emocionantes
Nada de brinquedos caros, roupas de marca ou viagens. As crianças do Flor do Campo pedem aquilo que todos os pequenos deveriam ter diariamente. Em cada uma das cartas que Jessica tem recebido, está descrito um pedacinho da realidade de quem vive no local. Localizado no bairro Lagoão, o residencial já foi cenário de crimes bárbaros, mas também é lar de muitas famílias de bem.
Com a pandemia, muitos pais e mães de família ficaram desempregados ou impossibilitados de trabalhar, o que fez das cartas ao Papai Noel, uma esperança de dias melhores para muitas crianças.
Em uma das cartas, a menina, de 11 anos, pede um par de tênis, porque “a professora não deixa fazer educação física de chinelo”, justifica. Ela ainda pede uma cesta básica para a mãe, e no final do bilhete, faz um pedido que muita gente também gostaria que fosse atendido. “Estou ansiosa para voltar para a escola. Espero que essa doença que se chama coronavírus vá embora rápido”, escreveu. Ela ainda agradece por haver pessoas que façam esse tipo de campanha.
Em outra carta, uma garotinha, também de 11 anos, pede um caderno des “dez matérias” com mola, e um estojo. “De sereia”, escreve ela. Já um outro menino, de 5 anos, pede uma muda de roupas, e deseja ao Bom Velhinho um “Feliz Natal e fica com Deus”.
São pedidos que mostram que mais do que um Natal feliz, elas só querem um Natal em que nada falte. E para quem pode doar, isso custa quase nada.
