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Pecuária regional sofre com falta de matéria-prima

A falta de milho e o alto custo do arroz no mercado impactou diretamente o setor agro na região. Em muitas agropecuárias, o farelo de arroz esteve em falta e todas as rações dependentes de milho para serem feitas, praticamente dobraram de valor. 

Esses mudanças aumentaram o custo de produção de muitos produtos, entre eles, os ovos. Segundo Eder de Oliveira, produtor de ovos em Sombrio, o custo da alimentação das galinhas ficou 90% mais caro. “A base da ração das galinhas, 80%, é de milho e soja, duas das coisas que mais encareceram nesta pandemia. Então, o custo de produção aumentou 90%. É, praticamente, trabalhar só para as galinhas”, lamenta.

Trabalhando há dez anos no setor, ele nunca enfrentou uma situação tão crítica e preços de matéria-prima tão altos. E o pior é que não está sendo possível repassar esse custo aos clientes, já que com muita oferta de ovos, os consumidores têm mais opções e continuam optando pelo mais barato. Como reflexo disso, os produtores estão fazendo de tudo para diminuir os gastos. “Muitos estão deixando de alojar, e quem tem galinhas para descarte estão descartando antes, porque o custo está alto para manter as galinhas. Creio que o ovo, depois do fim do ano, vai ficar em um preço bem caro”, prevê.

Joelma Acordi da Rocha, que com o marido tem uma agropecuária há 20 anos em Araranguá, nunca tinha sentido a falta de mercadorias. O farelo de arroz, por exemplo, faltou por quase três semanas, assim como os canos de PVC para a construção civil. “Também teve o milho que aumentou e está meio escasso. Hoje, nós já estamos sentindo que as vendas estão caindo. A margem que nós colocávamos, diminuiu”, comenta.

No atacado, em menos de um mês, o aumento nas sacas de farelo, por exemplo, foi de 20% para Joelma, mesmo percentual de queda das vendas no balcão da agropecuária.

Com todo esse custo, ela estima que o consumo vai diminuir, já que os criadores de animais já pensam em diminuir os rebanhos e criações. “Estão diminuindo a produção, muitos já deixaram de levar, então, pela falta de procura, o preço vai, sim, diminuir”, sentencia.

Um dos fornecedores de arroz para farelo na região é a Cooperja, que está com os silos abarrotados depois que a demanda caiu substancialmente. Segundo o presidente da cooperativa, Vanir Zanatta, a produção de casca e de farelo parou. Mesmo assim, ele se diz otimista. “O agro hoje é muito importante para a nossa região e acreditamos que novembro será melhor”, conclui.