Search

Setembro Amarelo: Sistema divulga número de suicídios de catarinenses em 2020

Com a chegada do mês de setembro, um assunto, que ainda é considerado tabu, volta a ter destaque: o suicídio. Os casos atingem todas as idades, gêneros e classes sociais. Por isso falar sobre o assunto é necessário não só para reduzir os casos, mas também para despertar o alerta sobre a importância de falar sobre saúde mental.

Segundo dados do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) do Ministério da Saúde, só em 2020, 400 pessoas já morreram vítimas de suicídio em Santa Catarina. No mês de março foram 72 vidas perdidas.

Entre as vítimas, a maioria se concentra na faixa etária entre 20 e 59 anos e são do sexo masculino.

Outro dado que aponta o aumento no índice são as tentativas, ou seja, aquelas que não terminaram em morte. Em 2020 já são 2.678 casos. Desses, 764 são de jovens entre 20 e 29 anos.

Separadas por regiões, a situação também é preocupante. Em 2020, no Nordeste do Estado, onde fica Joinville, 43 pessoas cometeram suicídio. Se somado ao total de 2019, em dois anos foram 132 vítimas.

Com números tão preocupantes, o diálogo é fundamental nesse momento, principalmente para identificar sinais que levam as pessoas a tomarem tal atitude.

O que leva a pessoa a cometer suicídio?

Segundo a psicóloga clínica Alessandra de Sá, são inúmeros os fatores que levam as pessoas a desenvolverem pensamentos suicidas, principalmente se o paciente já tem alguma doença mental pré-existente.

“Aspectos relacionados a perdas recentes, exposição a violência familiar, isolamento social, stress, desespero, bullying, histórico de abuso físico, são alguns dos fatores que muitas vezes contribuem para que os pensamentos suicidas surjam”, explica.

O contexto social também pode estar relacionado ao sentimento, principalmente em questões que envolvem situações de vulnerabilidade. Outro fator que vem influenciando nos últimos meses é a pandemia do novo coronavírus. “Se a pessoa já apresenta algum transtorno mental ou já vinha em um quadro depressivo, esse isolamento acaba reforçando esses pensamentos”, salienta a psicóloga.

Atenção aos sinais em crianças e adolescentes

Casos entre crianças e adolescentes também vêm sendo registrados. Em 2020, 24 das vítimas de suicídio no Estado tinham idade entre 10 e 19 anos. Já entre as tentativas, 550 casos foram registrados envolvendo a mesma faixa etária.

Segundo Alessandra, a situação envolvendo crianças e adolescentes é extremamente delicada, principalmente por ser a fase em que aumentam as mudanças no corpo e na rotina.

“A adolescência, por exemplo, acaba sendo uma fase bem desafiadora, já que eles estão naquele momento em que buscam encontrar seu lugar no mundo. Por isso, é importante que toda a rede familiar e escolar fique atenta aos sintomas, para evitar uma tragédia”, explica.

Isolamento e tristeza constante são sinais de alerta

Alessandra explica que há três sinais básicos que ajudam a identificar se a pessoa está ou não pensando em suicídio: fala, humor e comportamento.

“Por exemplo, quando a pessoa diz que se sente um fardo, que está passando por uma dor insuportável, são sinais de que ela está precisando de ajuda. Quando a gente fala em humor, os indícios são tristeza prolongada, perda de interesse, raiva e instabilidade”, conta.

Além disso, a psicóloga reforça que a intensidade desses sentimentos atrapalham a qualidade de vida da pessoa, refletindo no comportamento dela.

“Por fim, quando se fala em comportamento é bom ficar atento no aumento no consumo de álcool e outras drogas, abandono de atividades, falta de sono, entre outros. Outro fator que se deve ficar atento é a possíveis ligações ou visitas a conhecidos com tom de despedida”, enfatiza.

Diálogo é fundamental

Uma das principais medidas para prevenir o suicídio é procurar ajuda profissional. Na rede pública de saúde, por exemplo, o acolhimento de pessoas com transtornos mentais ocorre por meio das unidades básicas de saúde.

Nessas estruturas são atendidas pessoas que vêm em demanda espontânea, entre elas as que têm distúrbio psiquiátrico, pensamento suicida e passaram por tentativa de suicídio.

O CVV (Centro de Valorização da Vida) também é um importante aliado. O serviço oferece apoio emocional gratuitamente de forma voluntária, 24 hora por dia, pelo telefone no 188, e-mail ou chat no site da instituição. São mais 4 mil voluntários em todo o país.

“Ao entrar em contato com a gente, a pessoa vai ser acolhida e nós vamos ouvi-la. Geralmente essas pessoas não tem com quem conversar,então elas nos procuram para falar suas angústias”, explica a voluntária do CVV de Joinville, Marlene Catão.

Durante todo o mês de setembro, o serviço divulgará palestras no seu canal do Youtube a fim de discutir o assunto.

Além disso, Alessandra reforça que o diálogo também é fundamental.

“Expor o que você está percebendo que a pessoa está passando por um momento delicado é muito importante para que ela veja que não está sozinha. É importante esse diálogo para desmistificar o assunto”, finaliza.