Search

Saúde do HRA é crítica: leitos de UTI ocupados e trabalhadores sobrecarregados

O Comitê Extraordinário Regional Covid-19 AMESC (CER AMESC) fez uma reunião virtual no final da manhã terça-feira (21) com as Vigilâncias Epidemiológicas dos 15 municípios do extremo sul catarinense e professores da UFSC Araranguá, que produzem boletim padronizado sobre a pandemia do coronavírus, o “Investiga-Covid”.

É crescente o número de casos confirmados de covid-19. Em reunião remota entre prefeitos e secretários de saúde da região da Amesc foi dito que a Amesc entrou na condição de risco gravíssimo, porque não existem mais leitos disponíveis na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Regional de Araranguá. Os 20 leitos estão ocupados.

Os prefeitos deverão anunciar em conjunto novas medidas para conciliar as atividades comerciais e familiares com a necessidade do efetivo distanciamento social.

Situação crítica no Hospital Regional de Araranguá, tanto para pacientes como para os profissionais da Saúde

 

 

Pacientes covid e não covid no mesmo espaço

A reportagem do Jornal Enfoque Popular e da Post TV apurou que o quadro já preocupante há duas semanas. Quando surge vaga logo é preenchida, seja com pacientes covid, seja por outras patologias.

Conforme a mesma apuração, houve um caso em que dois pacientes com suspeita de coronavírus teriam sido colocados no mesmo quarto, que ainda tinha vaga para outro paciente. Se um deles tivesse o diagnóstico positivo, a probabilidade que o outro acabasse se contaminando também.

“Está meio estranho o protocolo deles, não tem como ficar no mesmo quarto. Quando a pessoa tem suspeita, mas está bem, o paciente fica em casa fazendo o tratamento via oral, e caso piore, vai para internar. Neste momento, em que a pessoa apresenta suspeitas, ele faz o exame. Nem todo positivo tem que ficar no hospital”, explica uma fonte que preferiu não se identificar. E continua: “Agora, o quarto é pequeno para ter duas suspeitas, sendo que um deles pode dar positivo. Sendo assim, aquele que estiver negativo está sumariamente condenado, digamos, a contrair”, concluiu.

De acordo com esta fonte, há casos em que não houve contraprova de exames negativos, que podem dar positivo em uma segunda testagem, e casos de profissionais que atuam na ala destinada aos pacientes de covid-19 e em outros setores (em ambos), o que ajudaria a disseminar o vírus.

“[…] Muitas coisas poderiam ser melhores, mas […] eles (o IMAS) dizem que os recursos que vieram não podem ser usados nisso, que a maioria é pagamento de folha… […] em um grupo de profissionais de saúde, um trabalhador ficou doente, e não houve vontade da gestão de fazer a testagem dos colegas. Trabalhador, para eles, não tem nenhum valor. Estamos tendo problemas desde o começo da pandemia. Os primeiros, o pessoal do Sindicato foi solucionando, só que aqui juntaram as clínicas, a médica com a cirúrgica e a pediatria. Essas duas já eram no mesmo corredor, então só colocaram uma médica ali junto. Porém, não colocaram o tanto de profissionais que o Coren preconiza”, queixa-se a fonte em condição de anonimato. 

 

Trabalhadores com sobrecarga de trabalho

Segundo a fonte, os trabalhadores já estão sobrecarregados, alguns ficando doentes, desesperados para conseguir dar conta de atender a todos os pacientes. Além de tudo, ainda há o medo de pegar a Covid-19.

“Essas pessoas estão pedindo ajuda. Pelo que chega aos trabalhadores, houve até contato do Sindicato o Hospital Regional para cobrar uma posição e eles responderam que estão de acordo com o que preconiza o Coren (Conselho de Enfermagem)”, explica. 

De acordo com ela, pacientes têm reclamado da conduta do hospital, inclusive houve denúncias anônimas.

Um familiar de um paciente da clínica cirúrgica, que passaria por cirurgia, queixou-se do quadro reduzido de profissionais, que estaria sobrecarregando os profissionais da saúde e que o paciente não estava sendo assistido como deveria. A pessoa relatou a ala cirúrgica estava com trinta (30) pacientes e apenas três (3) técnicos”.

“Meu familiar ficou pendente de curativo e fralda. Vi uma técnica de enfermagem chorando por não conseguia atender bem o paciente. A coordenadora tá sabendo e não providenciou ninguém pra ajudar”, relatou C., mas, que preferiu manter o anonimato. Eu pedi que a situação fosse averiguada pelo Sindicato da categoria.  

“É comovente o que as técnicas de enfermagem estão fazendo para dar conta de todos os pacientes”, completou.

Representantes do Sindicato tem dito em conversas com os profissionais que tentam dialogar com a instituição (IMAS), mas não estavam conseguindo.

Outra queixa era que acordo coletivo entre hospital e trabalhadores não foi fechado em Março por conta da pandemia. O Estado decretou calamidade pública em 17 de Março.

Outras denúncias, que chegaram às redações do Enfoque Popular e da Post TV, reforçaram a situação de haver poucos funcionários para atender a muitos pacientes.

“Uma média de 4 para 40, que envolve médico, enfermeiro e técnico de enfermagem. Me disseram que não está tendo muito critério, com gente com suspeita de Covid internado nessas alas mistas”, declarou outra fonte ouvida.

O que disse o IMAS?

 

Em contato com a Assessoria de Comunicação do Instituto Maria Schmidt, a resposta obtida foi: “Não estamos passando a ocupação do hospital já que são dados variáveis, atualiza todo dia”.

Sobre demais temas em relação ao período de pandemia, em tentativas anteriores, a resposta obtida foi de que o IMAS não poderia responder por determinação do Governo do Estado, que seria responsável por falar à imprensa.

A reportagem encaminhou a matéria para a Secretaria de Estado da Saúde e aguarda a resposta.