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Espigão da Pedra não quer somente a ponte, quer respeito

Após o anúncio de que o Governo de Santa Catarina havia firmado um convênio para a construção da quarta ponte sobre o Rio Araranguá, nada melhor do que ir até a região para observar como os moradores do “outro lado do rio” receberam a informação.

Além disso, é possível observar parte do impacto que a obra irá trazer para o futuro daquela comunidade. Um pequeno tour pelo local ajuda a dar uma ideia do que terão pela frente os moradores da área mais antiga, onde a história do município começou.

 

 

Araranguá / Criciúma

 

A reportagem do Jornal Enfoque Popular e da Post TV inicia a série de reportagens sobre o Distrito de Hercílio Luz com uma visita a partir da comunidade do Espião da Pedra.

Para chegar à comunidade, o caminho escolhido foi a entrada por Maracajá, pela Rodovia BR-101, pela comunidade do Espigão da Toca, que se estende por 1.600 metros de asfalto na Rodovia Angelino Acordi, pavimentação feita pelo município.

Faltam apenas 800 metros para completar a ligação por asfalto entre os dois municípios, no trecho norte-leste. Metade deste trecho sem pavimentação pertence a Araranguá, onde está localizado o Mercado Daniela, ponto de referência para quem quiser visitar o local.

 

 

Quem conhece o chão

 

No final da rodovia há um cruzamento e uma placa indicativa, na Rua Pedro Liberato Pavei. Esta sinalização ponta que a comunidade de Ilhas e a balsa sobre o Rio Araranguá fica para a direita, no sentido Sul, e para Espigão da Pedra, no sentido Norte.

Em 2021 ou 2022, se as obras andarem dentro dos prazos, a placa deverá ser substituída por “travessia da quarta ponte”.

Deste ponto, da placa, até a Igreja São Valentim, no Espigão da Pedra, é necessário percorrer 2,4 km de estrada de chão batido.

Era uma manhã ensolarada de 12 de junho e a reportagem encontrou Albertina Rosso, a Tina, advogada de um coletivo de Associações de Bairros, que contou um pouco da história da comunidade e mostrou as principais necessidades para esta comunidade do Distrito de Hercílio Luz.

 

 

CASE na “Rota da Imigração”

 

O primeiro trecho visitado foi o que começa nos 500 metros que separam Araranguá de Criciúma, por uma estrada de chão batido, na Rua Pedro Liberato Pavei. Nela, está localizado o Centro de Atendimento Socioeducativo – CASE, que tem capacidade de atender em torno de 150 jovens infratores, mas que tem apenas 50 internos.

Ao atravessar a chamada “estrada velha” e cruzar a BR-101 é possível chegar à histórica Rota da Imigração, caminho antigo, não asfaltado, que se encontra com o Morro do Estevão, na Rodovia Luiz Rosso, em Criciúma.

Antes que fosse inaugurada, em 1971, a Rodovia Mário Covas (BR-101), e que ela cortasse ao meio os morros Albino e do Espigão, esta era a rota utilizada para movimentação da economia regional.

 

 

Vila Maria ainda sem asfalto

 

 

Seguindo pela lateral da BR-101, no sentido norte, é possível chegar ao trevo da Vila São Domingos, em Criciúma, que dá acesso a Cerâmica Portinari e outras empresas do setor cerâmico.

Desde o trevo da BR-101, com deslocamento pela Rodovia Narcizo Dominguini, há um trecho de 2,5 quilômetros asfaltado até o cruzamento Rua José Martinho Teixeira, que faz a ligação com a Vila Maria, onde está localizada a Penitenciária Sul e a Penitenciária Feminina.

Este trecho foi pavimentado pelo Governo do Estado como medida compensatória pelas obras, que na ocasião geravam muitas resistências, e mesmo assim, ainda falta um trecho de 1 quilômetro até o Complexo Prisional.

 Cruzamento Complexo de Segurança – Saída para Espigão

 

 

Passaram a régua em Araranguá

 

O trecho faz parte de um cinturão que separa Criciúma de Araranguá, que aliás, com a remarcação da terra, feita à época sob o comando do então secretário da Segurança Pública e Defesa do Cidadão, Ronaldo Benedet (MDB), perdeu pelo menos 700 metros de território.

Tina Rosso teve atuação destacada em favor de Araranguá durante a implantação do Complexo de Segurança que foi implantado na divisa com Criciúma.

 Igreja São Valentim – Espigão

 

 

Espigão e o ‘pomo da discórdia’

 

 

A Rodovia Rodovia Narcizo Dominguini inicia no trevo da BR-101 e termina no Espigão da Pedra, e necessita de aproximadamente 1.000 metros para completar a ligação asfáltica da BR-101 com a comunidade.

A Associação de Moradores, à época do então governador Raimundo Colombo (PSD), conseguiu uma verba de R$ 100 mil para elaboração do projeto arquitetônico deste trecho de asfalto. 

No mesmo ínterim, Tina Rosso havia conseguido um compromisso do Tribunal de Justiça, de liberar R$ 1 milhão de um fundo do Poder Judiciário para apoiar a execução da obra, mas até agora não aconteceu.

Na época, o pedido de indenização foi feito pela Associação de Moradores e pela ONG Sócio da Natureza.

Conforme relembra a líder comunitária, na última reunião coletiva com os bairros e prefeitos dos devidos limites territoriais com Araranguá, e o Governador do Estado, houve um acerto para pavimentar 5 quilômetros do entorno do Complexo de Segurança, pelo lado do Distrito, os quais compreendiam dois trechos do Bairro Espigão da Pedra.

“Mais 1 milhão que foi doado pelo TJSC, para a Associação de Moradores do Espigão da Pedra, para integrar a infraestrutura. Agora, com o Edital para a construção da quarta ponte, no local da balsa que liga as duas partes do município, o que falta de pavimentação pelo lado de Araranguá, deve ser tudo concluído, sem deixar nada para trás. Já que é por dentro do próprio município de Araranguá, que liga com a BR-101, tudo já foi concluído”, desabafa Tina. E completa: “Não existe chance de ficar mendigando um quilometro de pavimentação mapeada e acertada. O que falta é apenas esforço para cobrar e executar o comprometido”, completa.

 

Saída do Espigão

 

 

A força do agronegócio

 

A falta de acesso totalmente asfaltado e a ausência de ponte dificulta uma maior transação comercial desta região com Araranguá.

O caminho para ligação, que só pode ser feito via balsa, é via Maracajá já que há ligação praticamente toda asfaltada desde o bairro São Cristóvão, o Encruzo do Barro Vermelho, 

A comunidade do Espigão da Pedra produz especialmente hortaliças, milho, feijão e batata, que são negociadas com as cidades vizinhas.  

A comunidade quer ter direitos para além da execução da nova ponte, que fica há 14 km de distância.

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Ampliação da distribuição de água

 

Um conflito que está no radar do Samae de Araranguá é a necessidade de ampliação da rede de distribuição de água para as comunidades do entorno do Espigão da Pedra, como Pontão e Barro Vermelho.

Na gestão do então prefeito Sandro Maciel (PT), em 2016, a família Rosso se desfez de uma área de terra para construção de uma Estação de Tratamento de Água (ETA).

Atualmente, de acordo com o morador Luiz Rosso, além das 800 casas atendidas inicialmente, os 20 mil litros do reservatório já são insuficientes para atender a demanda.

 

https://www.ararangua.sc.gov.br/noticias/index/ver/codMapaItem/4496/codNoticia/363886

 

 

 

A rota até a ponte

 

Da Igreja São Valentim até o Mercado Daniela, são 2,5 km de estrada de chão. Depois, de mais 1 km pela mesma Rodovia Pedro Liberto Pavei, até ela se encontrar com a Rodovia MAR-357, entre o Encruzo do Barro Vermelho e Barro Vermelho, quando começa o asfalto.  

Em Araranguá, começa a Rodovia Antônio Lemos Pedroso – asfaltada, que inicia na divisa Maracajá-Araranguá, passa pelo Rio dos Anjos e segue até Hercílio Luz.

Paralelamente ao Rio Araranguá há um trecho sem pavimentação até a chegar a balsa que faz a travessia para a outra margem do rio.

 

Seguindo pelo asfalto é possível chegar pelo asfalto até o trevo de acesso a Hercílio Luz, Ilhas e Içara.

 

 

 

MAIS IMAGENS NO LINK:

Imagens e fotos do Distrito de Hercílio Luz