Search

Projeto propõe consertar cadeira de rodas motorizada

Proposta por um professor para sua classe de alunos do IFSC, a experiência busca unir prática, teoria e solidariedade

Aline Bauer

Mais que unir prática e teoria, o projeto proposto pelo professor Fábio Santana a seus alunos da turma de Eletromecânica tem um cunho social.

São cinco alunos do curso técnico integrado ao ensino médio do IFSC de Araranguá, que com o auxílio dos professores, estão trabalhando no conserto de uma cadeira de rodas motorizada. A ação, além de movimentar os alunos na aplicação do que aprendem no curso, ainda vai ajudar alguém que não tem condições de se locomover com mais conforto.

O grupo escreveu o projeto, que participou de um edital, foi aprovado e conseguiu recursos financeiros. A Associação da Pessoa com Deficiência de Araranguá, Adear, também atua como parceira do projeto.

O primeiro passo foi encontrar uma cadeira, que foi achada no projeto Resgatando Vidas, que abriga dependentes químicos. O professor Fábio, então, levou o equipamento ao IFSC, pensando em usar a ideia para integrar teoria e prática. O professor e coordenador do curso, Mauro Orcelli, junto aos alunos, aceitaram integrar o projeto à disciplina de Manutenção. “Apresentei a ideia ao professor Mauro e os alunos também gostaram da proposta. Esse projeto acabou virando integrador, dando aplicação a algo que eles aprendem na teoria durante o curso”, relata Fábio.

Os trabalhos começaram no início de Maio e tão logo o primeiro exame foi feito no equipamento, a equipe já descobriu por onde começar a trabalhar. “Tem uma plaquinha eletrônica com problema e eles aprendem sobre isso, então já começaram a trabalhar. Vamos analisar baterias, ver se é necessária uma nova placa ou consertamos essa. É um desafio colocar esse conhecimento em prática, nós precisamos fazer a cadeira funcionar”, explica.

Ainda analisando o equipamento, os alunos descobriram que a cadeira foi adaptada com motores anexados a ela, e também que o objeto já foi doado por outras pessoas até chegar ao atual dono. “Quem doou, foi porque ganhou outra melhor. Isso ocorreu duas vezes. Imagina, a pessoa ter uma cadeira normal e receber uma motorizada. Porém, ela não estava funcionando. Queremos fazer isso”, completa o professor. Fábio ainda diz que há, no instituto, vontade de ter uma oficina voltada a esse tipo de trabalho, e que há a possibilidade de uma parceria entre a instituição e um mecânico que trabalha somente com cadeiras, para darem as mãos para consertar mais desses equipamentos e ajudar mais pessoas.

Para Eliseu Irineu Gomes, um dos componentes do grupo, esse trabalho está sendo mais que praticar seus conhecimentos, mas uma ação social e solidária. “É gratificante. Quando nos foi proposto o projeto, não conhecíamos a história da cadeira, e ao falar com o professor e saber como tudo aconteceu até aqui, nos animamos e estamos empolgados”, relata.

O prazo de conclusão do trabalho é o fim do ano, quando os estudantes e professores querem fazer a entrega para o usuário, mas muita coisa ainda deve acontecer até lá. “Teremos bastante trabalho pela frente, mas temos os professores sempre presentes e isso ajuda muito. Já temos um planejamento dos passos que temos que dar. Nosso cronograma pode se estender um pouco ou ser mais curto, é difícil prever já que nós pegamos o equipamento montado”, completa Eliseu.

Com tantas cabeças pensando e tantas mãos empenhadas em torno do projeto, logo, alguém estará com uma cadeira motorizada nova, e os alunos, depois dessa experiência, nunca mais serão os mesmos.