Ao todo, são 40 os acusados pelo Ministério Público, de manter um sistema organizado de funções dentro do grupo para fazer as drogas chegarem ao sul catarinense
O Ministério Público denunciou na segunda-feira, dia 6, um grupo de 40 componentes de uma facção criminosa que foi desarticulada durante a Operação Armagedom, realizada no mês em março, com ramificações no Extremo-Sul de Santa Catarina.
No processo, o MP descreve com riqueza de detalhes como a operação criminosa acontecia, inclusive dispondo os nomes e responsabilidade de cada denunciado dentro do esquema que movimentava milhões.
A gestão do tráfico
Segundo a denúncia, Fernanda Goulart Rabello, atualmente presa no Presídio Regional Feminino de Tubarão, e o marido, Cristiano Martins Rabello, de alcunha Sentado (um velho conhecido da polícia), e que morreu no início de 2019, eram os líderes do bando. Eram, segundo a denúncia, responsáveis por criar todo o esquema, que atuou entre Balneário Arroio do Silva, Araranguá e Santa Rosa do Sul, “sem descartar atuação em outros municípios”.
Isolete Goulart, mãe de Fernanda, é denunciada por dar guarida às ações do grupo, e repassar à filha e ao genro os valores referentes ao fornecimento, inclusive morando no residencial Flor do Campo para fiscalizar e sustentar um ponto de drogas que havia no local.
A lavagem do dinheiro
Janete e Luciano Pedrozo (atualmente recolhido no Presídio Regional de Araranguá) foram denunciados pela ‘lavagem’ dos bens e valores provenientes do tráfico, ‘emprestando’ seus nomes para ocultar a origem dos valores ilícitos. Uma função semelhante era exercida por Zilma e Graziela Martins Rabello, mãe e irmã de Cristiano.
A logística de distribuição
A entrega da droga era trabalho de Leandro Vieira, o Parede, que está preso, e pegava as drogas com os líderes do bando, quando entregava as substâncias a outros traficantes, além de também receber valores referentes às vendas e entregar aos líderes.
Como bem apontou a autoridade policial, o denunciado Leandro Vieira atuava como um “office boy do tráfico”, diz o documento.
Após a prisão de Parede, quem ficou responsável pela função foi Lauri Goulart – irmão de Fernanda, a chefe do bando, que está recolhido no Presídio Regional de Araranguá.
Os subnúcleos do bando
O MP ainda detalha que havia subnúcleos do tráfico: um na rua Guanabara, em Araranguá, que era guardado por três casais; outro sustentado pelo denunciado Bruno Almeida Ribeiro da Silva; e um terceiro, mantido por Lindomar Jorge Barbosa e Edson Ricardo, ambos recolhidos no Presídio Regional de Araranguá.
O documento detalha a atuação de cada denunciado, inclusive com corrupção de menores e emprego de arma de fogo.
A rota das drogas
De acordo com a denúncia, a função de abastecer o estoque de drogas nesses municípios ficava a cargo dos denunciados Débora Mendonça de Paula, Altair Rudnicki e Renato Rudnicki. A denunciada Débora transportava os entorpecentes da cidade de Paranhos/MS até Araranguá.
Já, os Rudnicki, possuíam a tarefa de fazer o translado da droga desde as cidades de Paranhos/MS e Garopaba/SC até Araranguá.
A pirâmide da ORCRIM
Por fim, o MP apresenta até um organograma que detalha o papel de cada denunciado dentro das operações do bando.
“O sistema adotado pelos líderes da organização se assemelha ao das franquias, em que o dono do produto – no caso as drogas, cede ao interessado em utilizar o sistema, o direito de uso da marca ou da patente, com distribuição exclusiva dos entorpecentes”, descreve.
A franca organização em pirâmide que o grupo possuía, foi um dos pontos que mais chamaram a atenção da investigação, visto que cada componente tinha sua função especificada, todos respeitando a liderança de Sentado e Fernanda.
Situação dos Acusados
A denúncia foi encaminhada e ainda não tem data para os denunciados serem julgados.
Também estão detidos no Presídio Regional de Araranguá, Everton Quadra Fenali, vulgo “Bida”; David Teodoro; Carlos Adroaldo dos Santos Perucia, vulgo “Gaúcho”; José Adoir Correa, vulgo “Daia”; Dinael Felisberto; Bruno Almeida Ribeiro da Silva, vulgo “Bruno Paulistinha”; Dauro Fávaro, vulgo “Velho”; Vilmar Constantino dos Santos, vulgo “Vilmar Da Zona”; Walter Becker; Wilson Felisberto; Maicon da Silva Miguel; Paulo Vitor Freitas dos Santos; José Carlos Nicolau; Antônio do Amaral Pereira Júnior, Vulgo “Juca”; Eder Willian Gonçalves do Vale; Iuri Fernandes Gomes.
Estão detidos na Penitenciária Sul, em Criciúma, João Carlos da Rocha Pereira Júnior, vulgo “Juninho”; e Leandro Vieira, vulgo “Parede” ou “Gigante”.
Em prisão domiciliar, estão Juliana da Rocha Pereira; Monique da Rosa Machado e Débora Mendonça de Paula.
São considerados ‘foragidos da justiça’, e em local incerto e não sabido; Fernando Becker, vulgo “Fernandinho”; Altair Rudnicki; Renato Rudnicki e Erielber Ismael Martins, vulgo “Testa”.
Para relembrar o caso
A Operação Armagedom, que desarticulou a organização do tráfico, foi formada por mais de 130 policiais e deflagrada na manhã do dia 12 de março.
Bens foram sequestrados e mandados de busca e apreensão, além de 29 mandados de prisão, foram cumpridos.
A operação foi comandada pelo delegado Lucas Fernandes da Rosa, de Araranguá.