Rede Catarina de Proteção à Mulher
O dia 8 de março é uma data internacionalmente conhecida por celebrar as mulheres. Para a Ana Silvia Henkemaier Silva esse dia marca a luta para salvar a filha, de apenas 20 anos, do vício das drogas. Depois de inúmeras tentativas frustradas, ela finalmente encontrou apoio na Rede Catarina de Proteção à Mulher, programa da Polícia Militar de Santa Catarina, implementado em Lages em 2018, e que comemora nesta sexta-feira (8) um ano de atendimentos às vítimas de violência doméstica
Mãe de seis filhas, Ana, que há pouco tempo perdeu a mais velha e o neto por conta do vício, não suportava a ideia de ver que Andriele Henkemaier de Quadros estava indo para o mesmo caminho. Para salvar a filha, não mediu esforço e buscou todo tipo de ajuda.
Foram inúmeros internamentos, várias idas às bocas de fumo a procura da menina, que começou a usar maconha aos 15 anos. Depois veio a cocaína e, infelizmente, o crack. Durante cinco anos usou a droga diariamente. Passava dias fora de casa perambulando pelas ruas. A mãe sofria, e sem saber mais o que fazer, buscava alento na igreja.
Quase sem esperanças chegou manter a jovem, já bastante debilitada por conta do uso diário de crack, trancada dentro do próprio quarto para que não saísse para as ruas. “Um dia me revoltei. Pedi a Deus que se não fosse ajudar a salvar minha filha, que a levasse”.
Chegada da Rede Catarina
Nesta época, por meio de um atendimento no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREas), a Rede Catarina foi acionada para atendimento. Após a intervenção, feita por policiais treinados para dar atenção às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, surgiu uma esperança.
Durante as conversas com a jovem, os PMs perceberam que Andrielle desejava sair daquela situação. A soldado Camila Santos de Athayde Corrêa, do 6º Batalhão de Polícia Militar, conta que jovem se comprometeu a mudar e ficou um tempo internada para tratamento. “Nós estabelecemos um vínculo de confiança com ela e não perdemos o contato. Desde o início do atendimento até agora, já foram realizadas 18 visitas preventivas na residência. Ela demostra que está realmente disposta a ter uma nova vida”.
A jovem está sem usar crack há um ano. Mas, no local onde mora, o acesso à droga é muito fácil. Teve uma recaída e fumou um cigarro de maconha. Arrependida, pediu perdão aos policiais, os quais considera anjos da guarda. “Hoje, Andrielle é uma jovem transformada. Voltou a estudar, tem sonhos e vontade de ser psicóloga. Faz planos para escrever um livro da vida dela e outras perspectivas”, comemora o soldado Marlon Patrick Antunes, do 6BPM.
Feliz, a garota conta que tem ido à igreja, onde encontrou boas amizades, pessoas que a incentivam a prosseguir firme no propósito de manter-se longe das drogas. “Minha mãe sofreu muito comigo até conhecer o Marlon e a Camila. Eu pedi a Deus que mandasse um anjo para me salvar. E mandou dois. A Rede Catarina significa muito na minha vida, porque se não fossem eles, não estaria de pé, estudando. A minha mãe está muito orgulhosa de mim”, celebra.
A história de Ana e Andrielle não é diferente de outras centenas de famílias que sofrem todos os dias com a violência psicológica ao ver um filho seguir no caminho das drogas. Um caso de amor incondicional que salvou Andrielle da morte ou prisão.
Mais de 760 mulheres visitadas em um ano de programa na Serra Catarinense
Na Serra Catarinense, a Rede Catarina realizou, em um ano, mais de 760 visitas preventivas às mulheres vítimas de algum tipo de violência. Destas, 632 possuíam medidas protetivas emitidas pelo Poder Judiciário. Atualmente, 78 mulheres estão em acompanhamento, outras 166 não necessitam mais.
Para manter os agressores afastados das vítimas, a Polícia Militar realiza acompanhamento. Cerca de 50 deles já foram visitados. “Vamos até o agressor e explicamos o que acontecerá se ele se aproximar da vítima. Ao descumprir a medida, a gente efetua a prisão”, alerta o coordenador do programa na Serra, sargento José Valdir Goedert.
O comandante do 6º BPM, tenente-coronel Alfredo Nogueira dos Santos, destaca que o trabalho só é possível devido à soma de esforços de diversas entidades que garantem todo o apoio necessário às vítimas. “A ideia é trabalhar na prevenção, o empoderamento da mulher, com visita a cada uma e interagindo com uma rede de proteção na busca de encaminhamentos para vários problemas de desdobramento familiar”.
Por Catarinas || Fotos: Nilton Wolff