Por: Aline Bauer
Estes primeiros dias de aulas estão sendo bem movimentados na Escola de Educação Básica Castro Alves, e não só por causa do início do ano letivo. É que duas novas alunas chegaram ao colégio e estão proporcionando uma verdadeira troca cultural. As meninas, Maimouana e Mariama vieram do Senegal, na África, e depois de três meses em solo brasileiro, ainda não conseguem entender bem a nossa língua. As duas falam francês e fazem parte da família de Mustapha Samb, que veio para o Brasil há alguns anos e só agora conseguiu trazer as três filhas, de 12 e 7 anos, que estudam na Castro Alves, além da caçula, de 5.
Bastante tímido, ele se disse feliz no Brasil, mas deseja retornar ao seu país de origem. “Lá, como aqui, conseguimos conquistar nossas coisas, mas é bem mais difícil”, relata.
O senegalês trabalha com vendas, e a esposa Salle, já começou a trabalhar com ele. As meninas estudam no período da manhã, e aprendem com professoras e colegas os costumes e cultura do Brasil.
Para a assistente técnico-pedagógica da escola, Cristiane Martins Dal Pont, os alunos estão aprendendo ainda mais com as meninas do que o contrário. A experiência é enriquecedora para todos. “Está sendo uma experiência maravilhosa receber essas alunas, uma vivência diferente não só para os professores, mas para os alunos também. As crianças amaram e a recepção foi incrível”, diz.
Ela ainda relata que é curioso observar como as africanas se deslumbram com coisas que fazem parte do cotidiano de qualquer criança, como livros e brinquedos. “Apresentamos a escola para elas, que não falam nada, apenas observam com olhos brilhando”, comenta.
Apesar das dificuldades com a comunicação, escola e família estão se dando bem, aprendendo uns com os outros, e com isso, ganham os alunos da Castro Alves, que fazem uma espécie de intercâmbio cultural. Além disso, as meninas ainda aprendem a se adaptar no novo país. “Acho que será mais fácil para elas do que foi para mim”, diz Mustapha.