Se tu nasceu nos anos 80 ou 90, deve lembrar daquela vinheta da Globo de fim de ano: “o futuro já começou…”. Confessa, a musiquinha já veio na tua cabeça, né? Pois é, tirando o jingle chiclete — que existe até hoje —, essa frase tem um baita peso. Afinal, será que o futuro já começou mesmo? Ou a gente vive se enrolando no carretel do tempo sem notar que a linha vai ficando cada vez mais curta?
O tempo tem dessas. O passado, por exemplo, é eterno: já aconteceu, mas nunca some. O presente é quase um estagiário apressado: começa agora, dura um suspiro e já corre pro departamento do passado. E o futuro? Ah, o futuro é aquele chefe misterioso que promete muito, mas não revela a pauta da reunião. Uma caixinha de surpresas, às vezes boas, às vezes… nem tanto.
O presente que a gente vive hoje é o futuro que um dia sonhamos. Ou não. Vai dizer: dez anos atrás tu imaginava estar exatamente aqui, nesse ponto da vida? Talvez tu tenha planejado, talvez não. Talvez tenha feito planilha, metas, projeções… e talvez a vida tenha olhado pra isso e pensado: “que fofo, deixa eu bagunçar um pouco”. E é nessa que muita gente entra no famoso modo “deixa a vida me levar”. Só que, convenhamos, a vida até leva, mas não avisa o destino. Às vezes te larga numa praia ensolarada, outras vezes numa estação de rodoviária fedendo a pastel requentado. E aí, meu amigo, quem não planeja acaba desembarcando no porto chamado Consequências.
Esses dias perguntei pra um amigo:
— Cara, o que tu tá vivendo hoje foi o que tu planejou dez anos atrás?”. Ele parou, pensou e respondeu:
— Nossa, há dez anos eu tava com meu filho recém-nascido no colo. Hoje passei o dia todo com ele, resolvendo trâmites escolares”.
A lembrança veio com um sorriso no rosto. Porque filho é isso: talvez a melhor tradução do tempo. Do passado que vira presente, do presente que projeta futuro. Um ciclo que não precisa de manual de coach pra fazer sentido. E é nessa que o tempo mostra sua cara. Ele não precisa ser inimigo, mas também não é babá pra segurar tua mão o tempo todo. Se tu sabe onde quer chegar, até os desvios fazem sentido. Agora, se tu vai no automático, qualquer vento te derruba.Bora encarar o tempo de outro jeito. O presente é um presente (olha o trocadilho barato), mas não é desculpa pra viver largado. Ele é só um corredor rápido, que conecta o futuro que tu sonha ao passado que tu vai deixar registrado. A questão é: tu quer que esse registro seja de arrependimento ou de orgulho?
O futuro já começou, sim. Começou ontem, quando tu tomou as decisões que te trouxeram até aqui. E começa agora, nas escolhas que tu tá fazendo nesse minuto.
Se tu não decidir nada, beleza, a vida decide por ti. Só não reclama depois quando o pacote surpresa vier com gosto de jiló. Se bem que… eu gosto de jiló.






