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Santa Catarina: cenários em disputa pelas duas vagas ao Senado em 2026

As articulações políticas em Santa Catarina já começam a desenhar os rumos das eleições de 2026, especialmente em torno das duas vagas ao Senado Federal que estarão em disputa. As movimentações atuais têm raízes nos erros e acertos estratégicos das últimas campanhas.

 

Quando Moisés era “azarão” e o jogo virou

Em 2018, Carlos Moisés da Silva era apenas o parceiro político de Lucas Esmeraldino, que, após deixar o PSDB de Tubarão, assumiu a presidência estadual do PSL e impulsionou a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência da República.

Sem nomes de maior expressão no partido, Esmeraldino decidiu concorrer ao Senado e lançou Moisés como o “azarão” na disputa pelo Governo do Estado. Em meio à “onda 17”, o PSL negligenciou a composição da segunda chapa ao Senado, abrindo espaço para Roberto Salum (PMN), que obteve menos de 4% dos votos.

O desfecho foi decisivo: se o PSL tivesse lançado um segundo candidato competitivo, Lucas Esmeraldino provavelmente teria se tornado senador — e Jorginho Mello não teria chegado ao governo em 2022. Uma escolha que mudou o rumo da política catarinense.

 

Amin dobra com Colombo e Jorginho cresce com o MDB

Naquela eleição, Esperidião Amin (PP) dobrou com Raimundo Colombo (PSD), que, após dois mandatos como governador, disputou o Senado e acabou em quarto lugar. Amin saiu vitorioso e consolidou sua volta à política nacional.

A segunda vaga ficou com Jorginho Mello (PR), que compôs a coligação do MDB e contou com uma jogada estratégica: colocou Ivete Apel da Silveira, viúva do ex-governador Luiz Henrique da Silveira, como primeira suplente. O peso simbólico e político da escolha garantiu a Jorginho pouco mais de 18 mil votos de vantagem sobre Esmeraldino, o suficiente para ocupar o Senado e, posteriormente, o Governo do Estado.

 

Erros políticos e reviravoltas

Lucas Esmeraldino perdeu o Senado; Moisés rompeu com Bolsonaro, filiou-se ao Republicanos e acabou fora do segundo turno em 2022 — abrindo caminho para Jorginho Mello (PL) enfrentar Décio Lima (PT) e vencer.

Após as eleições, Moisés tentou controlar o Republicanos junto ao deputado Bispo Sérgio Motta, mas perdeu espaço. O partido acabou sob o comando de Jorge Goetten de Lima, aliado de Mello, consolidando o isolamento político do ex-governador.

 

Direita dividida e tabuleiro embaralhado

O campo da direita vive um dilema. Além de Jorginho Mello (PL), nomes como João Rodrigues (PSD) e Marcos Vieira (PSDB) já se movimentam com vistas ao Governo do Estado.

Essa divisão também afeta o Senado. No PL, as deputadas Júlia Zanatta e Caroline De Toni despontam como opções fortes, mas Mello deve reservar ao menos uma vaga para o vice e outra para compor alianças amplas, reduzindo riscos eleitorais.

Há ainda espaço para Esperidião Amin (PP) e o nome de Carlos Bolsonaro (PL), indicado por Jair Bolsonaro, que embaralha completamente o tabuleiro político. Caso o filho do ex-presidente não dispute, João Rodrigues (PSD) pode ser o próximo a pleitear o posto.

 

Esquerda mira ampliação do palanque

Na outra ponta, a esquerda busca reorganização. O PSB tenta atrair figuras experientes como Paulo Bauer (PSDB), Raimundo Colombo (PSD) e Gelson Merísio (Solidariedade), em uma composição voltada a fortalecer o palanque do presidente Lula (PT).

Se a articulação avançar, Décio Lima (PT) pode abrir mão de disputar o Governo e concorrer ao Senado, ampliando o espaço da esquerda e equilibrando o jogo político catarinense.