O programa Post Notícias desta segunda-feira, dia 29 de setembro, dedicou o quadro Espaço Saúde (através do IMAS) ao Setembro Amarelo, mês de conscientização e prevenção ao suicídio. O estúdio recebeu Nadiane Gonçalves e Simone Martins, do Serviço de Psicologia e Assistência Social do Hospital Regional de Araranguá (HRA), para detalhar o protocolo de atendimento e a importância da saúde mental.
Protocolo de Atendimento no HRA
As profissionais explicaram que o HRA não é um hospital psiquiátrico, mas é porta aberta e recebe pacientes em ideação ou tentativa de suicídio.
Ações no Hospital: As atividades de conscientização e prevenção são realizadas o ano inteiro, com foco especial em setembro, incluindo cartazes, visitas e palestras.
Acolhimento Emergencial: O serviço de psicologia atende todos os pacientes com vulnerabilidade emocional (e seus familiares). Ao receber um paciente suicida, é feito um mapeamento de risco (leve, moderado ou grave) para identificar as causas e a recorrência.
Encaminhamento: O atendimento no hospital é, em sua maioria, de orientação e emergencial. Após a estabilização, o paciente é encaminhado para hospitais psiquiátricos da região ou para a rede de saúde mental do município (CAPS e unidades de saúde).
Fatores de Risco e o Tabu do Tratamento
Nadiane e Simone enfatizaram que a ideação suicida nunca é causada por um fator único, mas por uma junção de fatores:
Transtornos Não Tratados: É comum o paciente ter transtornos de humor, psicose ou esquizofrenia, e não estar em tratamento.
Tabu da Medicação: Há um grande tabu com o tratamento medicamentoso e a psicoterapia. As profissionais alertam que, em casos de transtornos, a medicação é necessária para reações bioquímicas, pois a psicoterapia sozinha não é suficiente.
Continuidade é Chave: O erro recorrente é o paciente interromper o tratamento ao sentir uma melhora, achando que está “curado”. O tratamento exige continuidade (combinação de terapia e medicação) para evitar o retorno dos sintomas, que é bem recorrente no hospital.
A Importância da Rede de Apoio e do Cuidado com Quem Cuida
Acolhimento Familiar: A rede de apoio e a postura da família são cruciais. Acolhimento, palavras amigas e incentivo ao tratamento são fundamentais. Os familiares precisam evitar falas de julgamento (“De novo?”).
Funcionários: O HRA também oferece atendimento psicológico aos seus funcionários, reconhecendo que o ambiente hospitalar, por lidar constantemente com a dor e a vulnerabilidade, é emocionalmente pesado. O cuidado com a equipe (“cuidar de quem cuida”) é essencial para garantir a qualidade do serviço.
Ações de Humanização: Iniciativas como a visita do cão Bono (terapia) e os Infusores da Alegria não beneficiam apenas os pacientes, mas trazem alegria e motivação também aos colaboradores.
Mensagem de Prevenção
As convidadas reforçaram o principal alerta do Setembro Amarelo:
“Se a pessoa está passando por uma situação semelhante, procure o CAPS ou a unidade de saúde antes que chegue ao estágio que precise do atendimento hospitalar.”
Elas incentivaram a auto-observação de sinais de alerta persistentes, como alterações de humor ou a perda de interesse por atividades antes prazerosas. A dor emocional, assim como a física, exige atenção e cuidado médico. Entrevista completa no link: https://youtube.com/live/4ctOPL_Vz1Y?feature=share