O programa Post Notícias da Post TV recebeu nesta sexta-feira dia 25/07 o artista Alex “Barbudo” Cardoso dos Santos, conhecido por seu trabalho com arte urbana e o projeto Aru City Arte Urbana. Alex, que transitou da música para as artes plásticas, compartilhou sua trajetória, a importância da arte na ressignificação de espaços públicos e os detalhes de seu mais recente documentário.
A trajetória artística: da vocação ao reconhecimento
Alex, que adotou “Alex Barbudo” como nome artístico por já ser reconhecido assim, contou que a aptidão para o desenho esteve presente desde sua infância, incentivada pela família e professores. Apesar de ter experimentado a música e trabalhado em diversas empresas, a decisão de seguir a arte como profissão surgiu do desejo de unir o útil ao agradável. “Trabalhar com uma coisa que eu gosto para dar um sentido, um significado para a vida, tentar encontrar isso aí e ser feliz”, afirmou.
Por não ter referências próximas de arte urbana em Araranguá, Alex buscou inspiração em trabalhos de fora e começou a observar a cidade sob uma nova perspectiva. Andando de bicicleta e skate, identificava espaços esquecidos que poderiam ser revitalizados. Há 15 anos, montou um ateliê na Divinéia, inicialmente uma biblioteca, que se tornou um ponto de encontro, de troca de ideias e ensaios de bandas, consolidando sua carreira artística.
Arte urbana: ressignificando espaços e quebrando preconceitos
Alex explicou que as artes urbanas são expressões artísticas que interagem diretamente com a rua, não se limitando a museus ou espaços fechados. Sua principal forma de expressão é o grafite. Ele destacou a boa aceitação em Araranguá quando a arte é aplicada em locais sem revitalização, transformando-os com “um pequeno detalhezinho colorido, uma palavra, um símbolo, um desenho” que trazem vida.
O artista abordou a questão das pichações em escolas, vendo-as como uma busca de atenção e aceitação de jovens com uma “potência criadora”. Em vez de reclamar, Alex propôs uma ação positiva, realizando trabalhos voluntários de melhoria e revitalização de espaços precários, promovendo a interação com a comunidade. Ele afirmou ter tido encontros com ex-pichadores que, ao verem seu trabalho ou se inspirarem em outros artistas, mudaram de rumo, utilizando sua energia criativa para somar à comunidade.
Alex mencionou o exemplo de João Doria em São Paulo, que transformou a abordagem das pichações ao convidar grafiteiros para criar arte em locais públicos, transformando o que antes era visto como vandalismo em algo positivo. Ele ressaltou que o grafite, hoje uma expressão cultural reconhecida por lei, é um “grito” que traz à tona descasos e discussões que não são debatidas de outra forma.
Projetos marcantes e o Aru City Arte Urbana
Entre os trabalhos mais relevantes de Alex Barbudo na cidade, ele citou a arte no Açude de Belezone, que conta a história da cidade nas cores e formas, guardando a nascente de água que abastece Araranguá. Outro trabalho recente e significativo é a pintura no muro da Rua Amaro Pereira, que homenageia a Comunidade Quilombola Maria Rosalina. Alex destacou a importância de reconhecer a história da escravidão na cidade e a necessidade de apoiar a comunidade do quilombo urbano, discutindo a questão territorial e a gentrificação. “Todo lugar em que o grafite está presente busca chegar naquele espaço e deixá-lo melhor do que quando chegou”, enfatizou.
O grande destaque da entrevista foi o projeto Aru City Arte Urbana, que levou oficinas de grafite para escolas do município. A iniciativa, que recebeu o primeiro lugar em um edital da Lei Aldir Blanc, documentou cinco oficinas em escolas onde Alex já havia atuado voluntariamente: Morro dos Conventos, Urusanguinha, Divinéia, Cidade Alta e Polícia Rodoviária.
O objetivo das oficinas não era formar grafiteiros, mas ensinar técnicas de pintura em parede e introduzir temas como a cultura hip-hop, educação ambiental e o pertencimento cultural, utilizando a fauna e flora local como inspiração. Mais de 150 pessoas foram diretamente impactadas, e o projeto, em parceria com a produtora Filmics e William Viana, resultou na produção de uma cartilha e um documentário.
Lançamento do documentário e convite à participação
O documentário Aru City Arte Urbana foi lançado em 18 de julho na Galeria Abrão Scott, na Praça Ercílio Luz, com a presença de mais de 100 pessoas e apresentações de expressões artísticas do hip-hop local. O recurso público utilizado foi investido integralmente na região, beneficiando artistas, escolas e a produção do material.
Alex Barbudo anunciou que o documentário estará disponível no YouTube na primeira semana de agosto, gratuitamente, para que professores e diretores possam utilizá-lo como material didático. Ele também convidou a comunidade cultural de Araranguá para uma oitiva sobre a Lei Aldir Blanc no dia 7 de agosto, onde poderão opinar e conhecer mais sobre a distribuição de recursos para suas categorias.
Entrevista completa no link: https://youtube.com/live/tHGEAIAqXGs?feature=share