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Piorar ou melhorar, depende do teu olhar

Não tem tempo bom pra gente, né? Bah, impressionante. Se tá chovendo, “que desgraça, molha tudo, ninguém merece”. Se faz sol, “credo, esse calor insuportável”.

No verão, a gente morre de saudade do inverno. No inverno, a gente sonha com o verão. Parece que o ser humano já nasce com um botão automático de insatisfação no cérebro — Já reparou?

E o mais curioso: mesmo quando o tal “clima perfeito” aparece, a gente acha defeito. É igual aquele cidadão que vai no rodízio de pizza, devora oito fatias, duas sobremesas e, no final, solta: “A pizza tava mais ou menos.” Mais ou menos? Se tava ruim, por que comeu como se tivesse passado uma semana perdido no mato? Vai entender…

Mas isso não é só com o tempo ou com a pizza, não. É com a vida toda. A gente tem o dom de estragar o próprio dia. Parece até hobby. Basta as coisas não saírem exatamente do jeitinho que a gente queria — e sejamos sinceros, quando é que sai? — que pronto: cancela o sorriso, o bom humor, e ainda leva todo mundo junto no pacote da reclamação.
Você começa reclamando do trânsito, já tá xingando o vizinho, o cachorro late e pronto, dia arruinado.

É aí que o povo estoico dá o recado. Lembra deles? Os cabeças frias da antiguidade, que já sacaram o jogo da vida faz tempo: “Não perca tempo com o que você não pode mudar.” Tipo o tempo, o trânsito, o colega mala do trabalho ou aquele parente inconveniente que, em todo churrasco, pergunta: “E os namoradinhos?” ou “Quando sai o casamento?” ou “E o filho, não vem?”

Esses dias li um livro do Ryan Holiday chamado O Obstáculo é o Caminho. Recomendo, viu? Ele mostra que, às vezes, o perrengue não é o fim do mundo, mas a gente tá tão ocupado resmungando do desconforto que nem vê a oportunidade passando bem na nossa frente. E ela passa, viu? Normalmente camuflada de chuva, calorão, trânsito parado ou conversa atravessada.

Agora me diz: tu já percebeu como tem gente que coleciona reclamação? É uma habilidade! Parece até que acorda de manhã, estica os braços, dá aquele bocejo e pensa: “Vamos ver o que eu posso reclamar hoje…” E sempre acha, impressionante.

Enquanto isso, a vida tá aí, pedindo um pouco mais de jogo de cintura. Tá frio? Aproveita o café quente. Tá calor de fritar ovo no asfalto? Bora tomar um sorvete e rir da situação. Tá no trânsito? Liga o rádio, canta desafinado, ninguém vai te julgar — bom, talvez julguem, mas pelo menos o dia fica mais leve.

Ficar esperando o cenário perfeito é o jeito mais garantido de virar especialista em estragar o próprio dia. E olha, especialista em reclamar já tem bastante por aí. Difícil mesmo é ser especialista em rir do incômodo, em enxergar o lado bom no meio do caos. Bora tentar? Se o dia não sair como o planejado — o que é basicamente todo dia — respira fundo e pensa: “Posso piorar ou posso melhorar, depende do meu olhar.” E, se der, coloca um sorriso junto. Nem que seja só pra contrariar o clima ou a situação.