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Homem é condenado a 28 anos por tentativa de feminicídio em Araranguá após atear fogo na esposa

O Tribunal do Júri da Comarca de Araranguá condenou, nesta quarta-feira (2), um homem a 28 anos de prisão em regime fechado por tentativa de feminicídio. O réu foi considerado culpado por jogar álcool e atear fogo na esposa, durante uma discussão motivada por ciúmes, ocorrida em janeiro deste ano.

O crime aconteceu no dia 20 de janeiro de 2025, após o agressor pegar o celular da companheira e iniciar uma briga. Durante o surto de violência, ele jogou álcool etílico sobre a vítima e ateou fogo, causando queimaduras de primeiro e segundo graus em cerca de 40% do corpo da mulher, principalmente no rosto, pescoço, tórax e braços. A jovem, de 26 anos, foi socorrida por um vizinho e passou dois meses internada, sendo transferida em estado grave ao Hospital Tereza Ramos, em Lages.

Durante o julgamento, a vítima revelou que já havia sofrido agressões anteriores, mas que não denunciava o companheiro por medo. Ela relatou ter sido ameaçada e mostrou as cicatrizes ao júri, contando ainda que sofre dores persistentes, dificuldades para se alimentar e traumas psicológicos.

A pena também inclui o pagamento de R$ 50 mil por danos morais à vítima.

O Promotor de Justiça Gabriel Ricardo Zanon Meyer, que representou o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), destacou a crueldade do ato e o contexto de violência doméstica. Para ele, a decisão representa um marco para a comarca: “É uma resposta à coragem da vítima, que sobreviveu, denunciou e se colocou diante dos jurados clamando por justiça”, afirmou.

Este foi o primeiro caso julgado em Araranguá com base na nova legislação federal, que passou a tratar o feminicídio como crime autônomo, e não mais apenas como uma qualificadora do homicídio. A mudança amplia a visibilidade dos crimes de gênero e permite aplicação de penas mais severas.