Antes de mais nada, deixa eu te explicar a loucura aqui.
Sou formado em análise de perfil comportamental — sim, aquele negócio que diz se tu é mais estável, dominante, influente ou conforme. E como a vida é uma grande mesa de bar, resolvi juntar os quatro perfis num cenário clássico: boteco, fim de tarde, cerveja e uma pergunta idiota que virou tese de mestrado.
“Quem veio primeiro: o ovo ou a galinha?”
Senta aí e vê se tu te encaixa em algum desses perfis…
Era pra ser só mais uma terça-feira tranquila no Bar do Vieira.
Vieira é aquele típico perfil estável: calmo, pacificador, dono do próprio bar há vinte anos, com um pano de balcão que já devia ter aposentado. Gente boa, firme no propósito, e raramente se mete em briga — a não ser que tentem cortar a fila da coxinha.
De repente, entra o Luizão, vendedor nato, sorriso maior que a testa. É o perfil influente clássico: comunicativo, empolgado e sempre com um produto novo pra te convencer que tu precisa, mesmo sem saber o que é.
— Pessoal, trouxe uma cerveja nova! Lager com essência de maracujá, toque de gengibre e final herbal.
— Herbal? — perguntou o Toninho, um gauchão abagualado, velho conhecido da casa, perfil conforme até o tutano. Vive na mesma mesa, com o mesmo copo, tomando a mesma cachaça há 12 anos. Gosta de ordem, rotina, e de gente que não inventa moda. — Isso é cerveja ou xarope de vó, tchê?
Sentado no balcão estava o Santos, recém-saído do escritório, terno alinhado, cara fechada. Um perfil dominante puro: direto, objetivo, intolerante a enrolação e com aquele ar de “se não for pra resolver, nem me chama”. Saiu de uma reunião de três horas querendo bater em alguém, e acabou batendo foi no copo de whisky.
Aí veio o tiro.
Toninho soltou do nada:
— Mas tchê, quem vocês acham que veio primeiro: o ovo ou a galinha?
E pronto. Foi como abrir a caixa de Pandora.
Luizão, sempre vendedor de si mesmo, mandou logo:
— Não sei a idade da Janja nem do Alexandre de Moraes, senão eu até arriscava responder! (risos)
— Sem política aqui, amigo! — retrucou Santos, com a cara mais fechada que portão de quartel.
Luizão nem se abalou:
— Com certeza o ovo. É a lógica do mercado, rapaziada. Primeiro nasce a ideia, depois vem o bicho. Igual produto: pensa no conceito, depois embala.
Santos rebateu sem respirar:
— Negativo. A galinha veio antes. A galinha é a fábrica. Ovo é produto. Simples. Isso é administração 1.0. Não precisa ser gênio.
Toninho fez que não com a cabeça e mandou a carta do baralho que todo conforme guarda na manga:
— Mas quem botou o primeiro ovo? Isso aí só Deus explica.
Luizão tentou argumentar, Santos bufou, e Vieira… bom, o Vieira, com toda a tranquilidade de quem já viu discussão por causa de maionese no pastel, soltou a dele:
— Pra mim veio tudo junto. Tipo promoção: galinha, ovo e refri. Deus não gosta de atraso, Ele manda completo.
Santos levantou uma sobrancelha:
— Isso não é lógica, é cardápio de boteco.
Luizão não perdeu a deixa:
— O cardápio pode até ser de boteco, mas tem mais sabedoria que muito CEO por aí.
Toninho encerrou com um brinde:
— O importante não é quem veio primeiro. É que vieram. E tão aí até hoje alimentando conversa fiada. Todos caíram na risadas e viraram os copos num gole só.
Bom, no fim das contas, esses quatro perfis vivem cruzando contigo por aí.
Talvez tu seja o influente que vende até brisa. Ou o dominante que resolve tudo no grito. Pode ser o conforme, que ama a rotina e detesta inovação. Ou o estável, que vê tudo, ouve tudo e fala só quando vale a pena.
Agora me diz: tu se enxergou em algum deles?
Se não, relaxa… ainda tem o perfil do maluco que só veio pelo torresmo.
Olha que interessante isso:
Sabe aquela propaganda do chocolate que diz “Você não é você quando está com fome”? Pois então… isso aí serve direitinho pra comportamento também. A real é que, muitas vezes, tu não é tu quando tá sob pressão, numa encrenca, num ambiente estranho ou tentando se encaixar onde não se sente à vontade. O nome disso é “perfil adaptado”.
Tu pode até ter nascido estável, tranquilo, estilo paz e amor. Mas coloca esse cidadão no meio de uma empresa toda bagunçada, com chefe tóxico e cobrança sem sentido… pronto, vira o Hulk da produtividade. Ou pior: vira o Vieira do bar, surtando porque mexeram na ordem dos copos na prateleira.
Sabe aquela clássica frase: “Tu não é mais o mesmo”? Ou então: “Eu não sou mais quem eu era”? Pois é. Tem gente que nasceu pra brilhar: comunicativa, cheia de vida, influente. Mas bota essa pessoa num ambiente gelado, cheio de regra seca e pressão inútil… e ela começa a murchar. Se fecha, se molda, e vira quase um robô de planilha.
É o famoso: “Tu não era assim… o ambiente te deixou assim.” Ou seja: a gente se adapta. Não porque quer, mas porque às vezes é sobreviver ou surtar.
No caso dos nossos quatro malucos do bar, ali talvez cada um estivesse no seu modo mais natural — ou não. O Santos, por exemplo, parecia aquele dominante raiz, mas vai saber se em casa ele não é o cara que lava a louça em silêncio pra não incomodar a esposa. O Toninho parece conformado, mas vai que foi um rebelde adaptado pela vida. E o Luizão… bom, ele vende até o silêncio, mas talvez seja só carência disfarçada de entusiasmo.
Nunca julgue a pessoa só pela aparência ou pelo momento. Pode ser que tu esteja lidando com o modo adaptado dela. E sim, isso muda tudo.
Então, antes de dizer “esse aí é um mala”, tenta entender se o cara é assim mesmo ou se tá sem o Snickers dele.