Poucos romances na história da literatura alcançaram a grandiosidade de Guerra e Paz, de Liev Tolstói. Publicado entre 1865 e 1869, o livro transcende a definição tradicional de romance e se aproxima de uma crônica filosófica da Rússia durante as Guerras Napoleônicas.
Com personagens vastos e multifacetados, Tolstói conduz o leitor por campos de batalha e salões aristocráticos, explorando não apenas os confrontos militares entre França e Rússia, mas também os dilemas morais, políticos e existenciais que moldam a vida de seus personagens. Entre eles, destacam-se Pierre Bezukhov, um jovem idealista em busca de um propósito, Andrei Bolkonski, um nobre assombrado pela glória e pelo desespero, e Natasha Rostova, cuja vivacidade e sensibilidade representam o coração da narrativa.
O grande mérito de Guerra e Paz está na profundidade psicológica com que Tolstói constroi cada personagem. Não há heróis inatingíveis ou vilões unidimensionais, mas seres humanos movidos por paixões, erros e reflexões que ecoam até os dias de hoje. O autor também rompe com as convenções narrativas de seu tempo, alternando descrições realistas e diálogos com ensaios filosóficos sobre o destino, o livre-arbítrio e a insignificância do indivíduo diante das forças da história.
Mais do que um romance histórico, Guerra e Paz é um tratado sobre a natureza humana e o ciclo interminável de conflito e transformação. Apesar de sua extensão e complexidade, a obra permanece relevante porque trata de temas universais: o amor, a guerra, a busca por significado e a fragilidade da vida.
Ler Guerra e Paz exige dedicação, mas a recompensa é imensurável. Tolstói nos oferece um espelho da condição humana, provando que, independentemente da época, continuamos a lutar nossas próprias batalhas – internas e externas.
Eu li e recomendo!
-Mari Vieira