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Três prefeitos buscam a reeleição em Araranguá; Maracajá e Balneário Arroio do Silva

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MARACAJÁ E O PREÇO DE TER A OPOSIÇÃO DIVIDIDA EM DUAS CHAPAS

Maracajá é um dos municípios ‘mais intensos’ da região quando se trata de eleições municipais. Este ano não foi diferente. Já começou agitado na pré-eleição mais tensa de toda a história, por conta das duas condenações do prefeito por crime ambiental. Esta agonia se arrastou até o dia 28 de agosto, quando o prefeito Anibal Brambila (PSD) foi liberado para disputa. O filho, Diogo, ficou guardando a vaga até o dia que pode ser feita a troca.

A campanha de Maracajá foi dividida em três: pré-campanha; campanha sem; e depois, campanha com Brambila.

Na primeira fase, cenário ruim para o prefeito, dificuldades de fechar os parceiros (PP era o desejado) e baixo desempenho nas pesquisas.

Na campanha, ainda com Diogo e sem Brambila, a incômoda posição de terceiro colocado, atrás de Cacaio (PP) e Edilane (União Brasil), cenário que durou até dia 28/8, quando “o homem foi liberado”.

Ali tudo mudou. Maracajá nunca teve antes uma campanha eleitoral deste tamanho (que começou no governo já). A campanha de reeleição do prefeito estava pronta desde que contratou a agência do jornalista Saulo Pithan, que a exemplo de Araranguá, com produção de conteúdo de marketing profissional, ao meu ver, desequilibra as duas eleições. Ambas campanhas já foram amplamente feitas na pré-campanha e até durante os governos. Especialmente Araranguá, que tinha o prefeito César “livre, leve e solto” para mostrar sua gestão em verso e prosa (e vídeo, muito visual mesmo, com drone e tudo).

Maracajá, na confiança de liberação do prefeito (graças a Pierre Vanderlinde e Admar Gonzaga), deixou a campanha eleitoral toda pronta. Bastou apertar o play para que se visse uma das campanhas mais imponentes da história. Apesar do esforço das outras duas candidaturas (corajosas) para tentar manter o jogo equilibrado, a máquina poderosa de propaganda do governo foi potencializada pelas redes sociais.

Além disso, o fato de PP e MDB mais uma vez não conseguirem estar juntos em Maracajá, foi fundamental para que o prefeito voltasse pro jogo. Primeiro, o PSD atraiu o PL com promessas de amor eterno, segurou o PSDB/Cidadania e bloqueou o PDT. Depois trouxe o MDB com Rudi Dassoler para vice. Foi a senha para a saída do União Brasil do grupo.

O que parecia ser ruim, no andar da eleição passou a ser uma coisa positiva para a campanha.

Era preciso ter onde desaguar votos de pessoas que não queriam votar no candidato do PP mas não votavam Brambila; que não queriam votar no MDB como vice, mas não votavam PP; ou que rejeitavam tanto um quanto o outro. Três chapas era o cenário dos sonhos do atual prefeito, já que, de outro lado, seus adversários eram Cacaio e Alex – um ex prefeito que fez duas gestões aprovadas, com o presidente da Câmara, jovem e de grande futuro político; e de outro, e uma dupla de vereadores, Edilane e Rodrigo, de ótima atuação no parlamento.

O prefeito chegou na reta final como favorito à reeleição, como a maioria a absoluta dos prefeitos atuais da Amesc – com uma rara exceção.

 

ELEIÇÃO DE UM NOME, NÃO UM NÚMERO

Às lideranças políticas com quem converso desde 2023 sobre as eleições em Araranguá tenho dito que 2024 será uma uma eleição de um nome, e não de partidos. O nome é César Cesa. Ficou maior que o 15, cujo teto era 14 mil votos na história em eleições com pelo menos 3 candidatos. Maior que o PP em sua histórica vitória de Mariano (PP) contra Anísio Premoli (MDB) em 2016 – 20719 contra 11903 votos, por 9.016 votos.

César terá votos dos partidos da coligação – MDB, PSD, Republicanos, União Brasil, PDT, PSDB/Cidadania, mas também de eleitores que costumavam votar no PP, PT e até do PL, que tem candidata a prefeita.

Podemos estar diante de uma “onda 15” jamais vista na história com votação de 80 a 90% dos eleitores. Isso pode também trazer para a Câmara uma leva de 4 a 6 vereadores do MDB. A coligação ainda pode ter arrastado junto 2 a 3 do Republicanos, 2 a 3 do PSD, 1 a do União Brasil, ou que levaria o próximo governo a ter de 11 a 13 cadeiras.

A oposição pode ter até 4 cadeiras, com PP (2 ou 3), PL 1 e PT 1. Isso tudo depende do tamanho das votações dos vereadores da base. Na oposição teremos um campeão de votos, assim como um puxador de votos da chapa do prefeito.

 

OS MOTIVOS PARA ESTE CENÁRIO?

O prefeito soube fazer a gestão e mostrar o que fez (a contratação da agência do jornalista Saulo Pithan foi uma virada de chave na propaganda governista); o vice Tano Costa (PSD) teve liberdade para costurar acordos para reduzir o poder de fogo de uma oposição que começou 2021 com 8 vereadores contra 7 do governo e terminou 2023 com 12 contra apenas 3 do PP. Além de articulações que tiraram Diego Pires (União Brasil) da posição de oposicionista mais duro, coube a Tano o papel de articulador político de uma chapa que vai pra eleição com potencial de ter a maior bancada governista da história.

O possível fracasso eleitoral do PP nas urnas tem haver com a condução dos últimos anos. Tinha que ter investido em Guilherme May para ser o nome novo (saiu para o PSD), com quatro vereadores novos, mas preferiu manter os caciques, e as urnas irão cobrar a conta. Não ter cabeça de chapa nestas eleições irão custar caro para o partido que já foi o maior da história de Araranguá.

Por fim, o PL e o PT, tentaram trazer pra eleição a polarização nacional (que ninguém aguenta mais) e podem ter aí a razão do baixo desempenho esperado tanto na majoritária como proporcional. É preciso mudar a melodia e ao arranjo se quiser ter novos resultados.

 

ARROIO E A DIVISÃO DA OPOSIÇÃO

A oposição dividida pode ter sido o maior aliado do prefeito Evandro Scaini (PP) em seu projeto de reeleição. Ele nunca nem um movimento muito diferente do que fez em outras 3 campanhas vencedoras. Monta um bom time, escolhe uma ou duas siglas (PP e PSD – com apoio de Republicanos e União Brasil), e tem uma campanha organizada do início ao fim.

De outro lado temos uma oposição fragmentada, que tinha o nome de Jairo Borges como nome do PL para a disputa e o MDB, que acabou trazendo um nome novo para a disputa, e com potencial de trazer atenção à campanha do prefeito. Tentaram até esta última semana da eleição convencer o PL a desistir em favor do MDB, mas tentar uma frente ampla contra Scaini, mas a informação que chega à coluna é que não fecharam. Há casos isolados de candidatos a vereador do PL pedindo voto para o MDB, mas não é a sigla.

Se as pesquisas confirmarem o prefeito deve seguir para cumprir seu quarto mandato.