Menina Bonita do Laço de Fita, de Ana Maria Machado, vai muito além de uma simples história infantil. Em cada página, encontramos uma celebração poderosa da negritude e um chamado sutil, porém firme, para o combate ao racismo desde a infância. Publicada em 1986, essa obra-prima da literatura brasileira não apenas encanta com sua delicadeza, mas também carrega uma mensagem transformadora e necessária.
A história segue um coelho branco, fascinado pela beleza da menina negra de olhos brilhantes e pele escura, adornada com um laço de fita no cabelo. A curiosidade do coelho em saber como ela é tão bonita gera respostas lúdicas da menina e reflexões importantes sobre as múltiplas formas de ser, existir e brilhar. Aqui, Ana Maria Machado, com sua linguagem envolvente, planta sementes de amor-próprio e aceitação racial em leitores de todas as idades.
A simplicidade da trama esconde uma profundidade emocional e social que ecoa a urgência de falar sobre racismo com nossas crianças. Ao abordar o orgulho da menina sobre sua cor e sua identidade, a autora quebra estereótipos, reafirma a beleza negra e oferece uma resposta amorosa e poética às pressões sociais que tantas vezes invisibilizam as diferentes formas de existir.
A ilustração de Claudius é outro ponto forte: vibrante, colorida e cheia de vida, enaltece a singularidade da protagonista e reflete a diversidade do mundo em que vivemos, provocando em cada leitor um sentimento de pertencimento e empatia.
“Menina Bonita do Laço de Fita” é uma obra atemporal que nos lembra, de forma delicada, mas profunda, que o combate ao racismo começa no respeito, na educação e no reconhecimento da beleza que existe em todas as cores. É um livro que ensina, emociona e nos desafia a construir um mundo onde cada criança, independentemente de sua pele, possa crescer sabendo que é bonita e merecedora de amor e de respeito.
Este é mais que um conto infantil; é uma ferramenta para pais, educadores e leitores que desejam ser parte ativa de uma mudança necessária e urgente.
Uma leitura necessária. Eu recomendo. Muito!
Mari Vieira