Search

Destruição de patrimônio leva a afastamento do governador do DF

O Brasil viu pela cobertura da imprensa ou diretamente pelas telas dos celulares de diversas pessoas, o espetáculo mais dantesco deste início de novo governo. A invasão do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal é a última (ou mais atual) etapa de um espetáculo que se arrastou por 4 anos, que estimulava quase diretamente – por diversas fontes, não apenas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – a pressão sobre os poderes.

É inegável que toda esta carga, que vem sendo alimentada desde 2013, quando se disse que o “gigante acordou”, contribuiu para a extrema-direita chegar ao poder com discurso inflamado contra o establishment político. Verdadeiras multidões nas ruas passaram a clamar contra a esquerda, que ficou no poder 13 anos (2003 a 2016).

De lá para cá, tivemos a contestação das eleições de 2014 pelo então candidato Aécio Neves (PSDB), a ascensão do bolsonarismo, que chegou ao poder em 2018 – fruto deste movimento – que buscava a manutenção do poder e foi derrotado agora em 2022.

Mesmo com a derrota em dois turnos, uma por 6 milhões de votos e outra por 2 milhões de votos de diferença, o grupo derrotado – que aprendeu a contestar tudo (sistema, pandemia, vacinas, imprensa, urnas eletrônicas… e tudo mais que não satisfizesse esta nova visão de mundo), manteve-se unido pelo propósito de “não aceitar a derrota nas urnas” para um ex condenado, o agora presidente Lula da Silva (PT).

Esta chamada omissão dos meios garantidores da ordem no Distrito Federal – que culminou com a barbárie – é só mais um capítulo desta história que completa este ano 10 anos. O movimento que se dizia pacífico, que envolveu tantas igrejas, o movimento evangélico, agora perde a mão e passa a ocupar o rol dos grupos terroristas, violentos e com propósitos diversos do que foram criados.

As atitudes do ex-presidente Bolsonaro, logo após a derrota de 30 de Outubro, que ao invés de pedir a paz e aceitar a derrota, se colocar como líder de uma oposição de uma oposição aguerrida, contribuiu decisivamente para o que aconteceu em 8 de Janeiro de 2023. Ele preferiu deixar o país em 30 de Dezembro, antes mesmo de terminar seu mandato, preferiu silenciar e deixar sem rumo seus seguidores. Eles criaram em suas cabeças diversas teorias da conspiração. A cada uma destas teorias que caia por terra, mais raivosos e descontrolados ficavam. Os acampamentos em frente aos quarteis se tornaram pequenas células raivosas. Um barril de pólvora, que agora provou ser o estopim deste movimento.

 

Reação tardia é desculpa

Os bolsonaristas avisaram via redes sociais que iriam fechar aeroportos, que se deslocariam de diversos pontos do país para o DF para aterrorizar os poderes constituídos, e a Segurança Pública, até então responsável por manter a ordem, perdeu a chance de impedir e agora paga pela omissão.

O governador Ibaneiz Rocha (MDB) exonerou o secretário Anderson Torres, ex ministro da Justiça de Bolsonaro, mas já era tarde. Ele próprio foi afastado por 90 dias por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, porque o vandalismo atingiu a sede do Poder Judiciário.

O Congresso Nacional se reúne neste dia 9 para validar o decreto do presidente Lula (PT) que nomeia Ricardo Garcia (adjunto do Ministério da Justiça) como interventor e que passa a segurança da capital ao Governo do Federal. A Força Nacional irá comandar o DF até 31 de Janeiro, impedir novos movimentos, até que se apure todos os responsáveis pelo crime.

Foram depredados espaços públicos, destruídas obras de arte e objetos históricos com danos irreparáveis. Nada que dinheiro resolve. Nada condizente com o discurso de pacifismo que se ouvia. Foi vandalismo, destruição e crime.

A punição deverá ser exemplar, com reparação dos danos para os envolvidos e os estimuladores e financiadores dos atos de barbárie.

A “crônica da destruição anunciada” iniciou depois dos bloqueios de rodovias e com a montagem de acampamentos em frente aos quarteis. Estes “vasos comunicantes” tinham em seu interior agitadores – uma minoria, diga-se de passagem – que estimulava o uso da violência.

O ministro Alexandre determinou prisões em flagrante, apuração para buscar outros culpados, e ainda que em 24 horas deste 8 de Janeiro, o desmonte final de acampamentos em todo o país.

 

Autoridades criticam atos violentos

Além da postagem do ex presidente Bolsonaro em suas redes sociais, em que condenava esta onda de violência, os pronunciamentos nesta linha se sucederam país a fora. Destaque para a fala do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), em que condena os atos violentos e até mesmo o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto.

 

Não foi tentativa de golpe de Estado

Os chamados atos antidemocráticos deste 8 de Janeiro não pode ser chamados de tentativa de golpe de estado, já que as condições para isso não havia. Não se tentou a deposição do presidente Lula, que estava em Araraquara/SP no momento da invasão, não havia apoio das Forças Armadas para deposição, e nem mesmo um novo presidente para colocar em seu lugar.

Ficou clara a intenção dos vândalos de entrar nos três poderes, e destruir, carregar troféus, protestar contra a derrota do ex presidente, que encontra-se fora do país, mas no mais, apenas atitudes insanas de uma massa enfurecida.

A tentativa de golpe de estado houve sim em 7 de Setembro de 2021. O restante é apenas descontentamento com a derrota nas urnas.