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Psicóloga orienta sobre ansiedade pré-volta às aulas

Depois de dois anos de pandemia, é hora de todos os estudantes voltarem às aulas de forma integral, e retomar a rotina após tanto tempo com tarefas em casa ou em regime misto pode ser complicado. Por isso, a psicóloga infantil Bruna Tristão dá dicas sobre como este retorno pode ser facilitado.
Inicialmente, ela diz que no consultório percebe dois grupos de estudantes: os ansiosos para voltar e os que não estão tão animados assim. “Não dá para generalizar. Vejo que há o grupo que brilham os olhinhos para voltar, que já estão entediados em casa. Mas há o grupo que já não tinham muito interesse em estudar, muitas vezes por ter algum atraso na aprendizagem e não se sentem motivados a retornar”, explica.
Muito disso, conforme Bruna, se dá pelo fato de que cada escola tem sua realidade, de forma que enquanto algumas tiveram bom desempenho no ensino remoto, outras tiveram índices de alunos que passaram ‘raspando’ de ano. São justamente esses estudantes que, agora, se sentem inseguros e resistentes ao voltar à rotina de aulas. “Eles sabem que o ensino presencial cobra mais”, completa Bruna.
Ela ainda se diz preocupada com as crianças que começaram a vida escolar em 2020, quando houve a alfabetização. “O primeiro ano é a base, é muito importante para a criança. Essas que tiveram o primeiro ano todo remoto, imagine como estão prejudicadas”, pontua. Bruna comenta que o ano escolar de 2021 ainda não pode ser considerado como ‘volta ao normal’, e que os professores precisarão se preparar para receber esses alunos com atraso na alfabetização. “Vamos pensar também no Ensino Médio, que é a preparação para vestibular e entrada na faculdade. Também são alunos que perderam muita coisa, há aqueles que não conseguem estudar sozinhos. Será um desafio para professores e alunos. Isso pode gerar ansiedade em ambas as partes”, continua.
A nova realidade do ensino, de acordo com Bruna, precisa ser de mais atenção e ajuda por parte dos professores, que precisam ver as dificuldades dos alunos e incentivá-los até que o período de adaptação seja ultrapassado.
O primeiro passo que os pais podem dar para ajudar no retorno das aulas de modo saudável para as crianças, é esquematizando os horários. Atrasar o despertador dez minutos todos os dias já é suficiente para colocar o relógio biológico em dia. “Combinem de acordar mais cedo, para ir acostumando, dormir mais cedo também”, aconselha. Organizar os materiais na mochila também ajuda a entrar no clima de retorno às aulas, assim como pensar em como será a rotina dos alunos e falar da escola como uma experiência interessante e motivadora. “Eu gosto muito de montar tabelas de horários. Para crianças com ansiedade, essa ferramenta ajuda muito, já que ela sabe o que tem que fazer e não tem que ficar preocupada com o que tem que fazer à noite”, encerra.
Para um retorno às aulas presenciais que traga apenas benefícios para os estudantes, é preciso um esforço conjunto de pais, alunos e professores focados em deixar a fase do ensino remoto de vez para trás.