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DEPOIS DO 7 SETEMBRO, PRESIDENTE RECUA E DISTRIUBUI CARTA À NAÇÃO

CALDEIRÃO DE BRASÍLIA SE VIRA CONTRA O PRESIDENTE

Depois de um ‘festival de trapalhadas’, a poeira começa a baixar no Brasil, os ânimos estão arrefecendo, e as pessoas começaram a se dar conta de que não havia nada de revolução na pauta do Palácio do Planalto. Era apenas mais um ato de ‘campanha antecipada’ do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), assim como vem acontecendo desde quando ele foi eleito. Nada novo até aqui. Só muda o tema, o motivo para chamar o povo para suas passeatas, motociatas, palanques ou seja lá o que for que o presidente e seus aliados promovem para manter inflamados seus apoiadores. A última delas era o voto impresso e o impeachment dos ministros do STF. A próxima não se sabe qual vai ser. Havia sim um clamor para levar as pessoas às ruas do país no feriado de 7 de Setembro (nos 199 anos desta maltratada república). O Planalto usou de toda a estrutura possível para mobilizar aliados e mostrar que o chefe do Executivo tem apelo popular. O problema é que agora Bolsonaro pode ter “batido no teto”, ou seja, terá dificuldades de mobilizar mais gente do que trouxe às ruas. E foi sim muita gente para as ruas (é inegável), pode ter sido 500 mil ou mais de 1 milhão de pessoas na Paulista; pode ter tido centenas de milhares na Esplanada dos Ministérios, em Brasília; e tinha gente mobilizada no país inteiro. O problema é que o time governista dava a atender que o ‘agora basta STF’ era um grito de revolução, com possível invasão do Supremo. Nova bravata. Até o ‘estado de sítio” uma parte dos militantes acreditou que estava decreto. Dentro do script das bravatas, era só mais um apelo para inflamar as massas. Quando parte deste povo percebeu que não ia ter nada, além desta pressão no caldeirão que se tornou Brasília, tudo se transformou em frustração. Agora fica difícil mobilizar novamente os militantes e os financiadores da manifestação, que gastaram dinheiro, e eram de vários pontos do país, a atenderem nova provocação do presidente. Poderia ser um golaço, mas virou apenas uma bola que bateu na trave e saiu fora das 4 linhas.

 

FEITIÇO CONTRA O FEITICEIRO

Os caminhoneiros estavam sendo usados como “massa de manobra” por seguidores do bolsonarismo para mostrar a força do presidente. E deveriam ter parado no 7 de Setembro, em massa, e mostrado este apoio, e ponto. Mas não, eles se empolgaram e quiseram bloquear as rodovias para mandar um recado. E não era uma greve com pautas dos transportadores, era só política mesmo. Alguém avisou ao PR que ele ia se dar mal com uma crise no abastecimento. E Bolsonaro manda um comunicado em áudio para a turma liberar as estradas. E os produtores e propagadores de fake News não acreditaram que não era uma mensagem fake. Pediram provas. O PR não quis mandar em vídeo com medo usarem contra ele no futuro. Coube ao ministro Tarcísio Gomes de Freitas, ser o porta voz do PR, para dizer que era “tudo verdade” aquilo que estava nos grupos de whatsapp bolsonaristas. Mesmo assim, o caminhoneiro Zé Trovão (aquele procurado pela Polícia Federal), se negou a acreditar, mesmo com o ministro dizendo que era fato e não fake. Disse que queria que o PR mesmo viesse a público falar, dar uma satisfação ao seu povo, que lutava por ele. Bolsonaro não correu em defesa da ativista Sara Winter, nem do deputado Daniel Silveira, nem de Oswaldo Eustáquio, assim como não irá fazer nada por Zé Trovão. Eles se meteram nesta porque quiseram defender a pátria. Já o PR, só pensa em ficar no poder em 2022. Bem fazem o guru Olavo de Carvalho e Alan dos Santos, do canal Terça Livre, que gritam pesado, lá do Estados Unidos.

 

O CONSELHO DE TEMER

Em Provérbios (11:14) está escrito: Não havendo sábios conselhos, o povo cai, mas na multidão de conselhos há segurança. O presidente Bolsonaro, deixou de lado os conselhos dos próximos e resolveu mandar avião do governo (às custas dos cofres públicos) buscar em São Paulo o ex presidente Michel Temer (MDB). Foi pedir ajuda para solucionar o conflito com o Poder Judiciário por causa dos embates com os ministros do STF, Alexandre de Moraes e Luiz Roberto Barroso (presidente do Tribunal Superior Eleitoral). Após o almoço com Temer, o presidente, o presidente Jair Messias teve que baixar a guarda, mudar o tom da conversa. Adrenalina baixa, análise de danos calculada, restava agora falar à nação; e ele falou, por carta, para não sair do script.

 

DECLARAÇÃO À NAÇÃO

“No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:

1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.

2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito das fake news.

3. Mas, na vida pública, as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.

4. Por isso, quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.

5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.

6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.

7. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.

8. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário, trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.

9. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles. 10. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil. DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA”.

 

7 DE SETEMBRO UNE 2 PODERES

A briga com o Poder Judiciário (STF-TSE) além de unir ministros, até mesmo o supremo ministro indicado por Bolsonaro, também trouxe para o mesmo lado da corda, o Poder Legislativo. Muitos deputados aliados se assustaram com a possibilidade de invasão do STF e Congresso. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM/MG), discursou com sua conhecida tranquilidade e pediu calma. O presidente do STF, Luiz Fux, no calor da discussão disse que “ninguém irá fechar o Supremo”. O presidente do TSE, ministro Barroso, pegou pesado e foi didático contra o populismo e os ditadores. O que foi mais impressionante mesmo foi a posição de Arthur Lira (PP-PI), aliado do presidente, que cobrou a palavra do presidente em relação ao tema voto auditável e conferencia pública de votos das urnas eletrônicas. O PR havia prometido que iria virar a página, mas não virou. Toda a pressão que recebeu fez com que Jair Bolsonaro recuasse, o que aparentemente é bom para o Brasil. É preciso acalmar a população que vive um momento de crise financeira e muita carestia.

 

UMAS DAS MELHORES

Como o humor sempre se destaca nestes momentos de tensão, uma tirada das melhores que li no twitter foi esta do Professor Fernando Rosa: “Gente, eu sou professor de história e terei de explicar, no futuro, para os meus alunos, um golpe de Estado articulado por Sérgio Reis, Batoré e Zé Trovão? Tenham dó”.