O mês de junho é mais colorido desde que foi instituído como o mês do Orgulho LGBTQIA+. O período é marcado por manifestações em defesa dos direitos deste público, que constantemente sofre preconceito, desrespeito e até, violência. “Este mês é importante para nós, para afirmarmos que existimos, que somos seres humanos, que precisamos dos nossos direitos, que muitos não são considerados, como ao casamento na igreja, a plano de saúde, até mesmo como nossa vida é tirada”, defende Willian Roque, Articulador Regional da Pastoral da Diversidade – Anglicanxs, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil na Paróquia Cristo Redentor, em Araranguá.
Segundo Willian, a pastoral foi criada pensando em acolher o grupo LGBTQIA+, que por vezes não se sente aceito em outras religiões. “Com a aprovação do casamento igualitário, sentimos a necessidade da criação de uma pastoral voltada para o público LGBT, porque a questão é que como o casamento foi aprovado, virão novas pessoas que precisarão de acolhimento, e a igreja precisará estar preparada”, pontua.
A pastoral realiza encontros mensais, grupos de estudo e outras atividades para celebrar e debater questões deste público. Um deles ocorre neste sábado, dia 26, na sede da igreja, na Avenida XV de Novembro, no centro da cidade, e qualquer pessoa interessada pode participar. “Será para celebrar este mês. Estamos bem ansiosos, pois vamos celebrar a vida, claro que mantendo os cuidados. Vai ser muito bom”, completa.
Lilian Conceição da Silva, reverenda da Igreja Anglicana e pastora da Paróquia de Araranguá, explica que a igreja, ao longo das últimas décadas, tem priorizado a diversidade, e isso inclui valorizar e acolher as causas do público LGBT. “Reconhecendo que a sociedade da qual fazemos parte, é diversa, e nós como igreja, que temos como ponto de partida a Bíblia, reconhecemos que as diversidades humanas são criação de Deus”, pontua.
Promover a vida plena
Em sua função acolhedora e da promoção da fraternidade, Lilian defende que todas as igrejas deveriam promover a “vida plena” a todas as pessoas, e lamenta que tantas pessoas, principalmente do grupo LGBTQIA+, sofram violência pela falta de sensibilidade de alguns. “Cristo nos ensinou que o único mandamento, é o do amor, a prática da amorosidade. E nos atuais dias, em que infelizmente a violência tem se tornado a prática mais cotidiana, pessoas e grupos têm se tornado vítimas dessa violência”, continua.
Afirmar a humanidade
Sobre o papel da igreja na defesa destas vidas, a reverenda diz que ela deve “afirmar a humanidade destas pessoas”, que não são respeitadas atualmente.
Natural do nordeste do país, a pastora chegou em abril em Araranguá, mas diz que já percebeu que ainda impera uma visão tradicional da sexualidade. Porém, ela também ressalta que há a sensibilidade quanto à violência que o grupo LGBTQIA+ sofre.
Beleza a ser celebrada
Por fim, Lilian diz que, quando a sociedade aceitar sua própria diversidade, o respeito vencerá a violência. “Nós, como pessoas, somos diversas, e se há nessa diversidade pessoas cuja especificidade da existência tem sido negligenciada, é papel das pessoas que acreditam que essa diversidade é uma beleza que precisa ser celebrada, transformar essa sociedade e essa cultura”, conclui.