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Após vencer câncer, mulher fala de infertilidade, otimismo e vida nas redes sociais

Quem vê Liliane Fernandes, linda, bem sucedida e dona de uma confiança imbatível, não sabe da verdadeira batalha que ela teve que vencer recentemente. Ela tem uma empresa de RH, é professora de graduação e pós-graduação de duas universidades e mentora de carreira e analista comportamental, e no ano passado recebeu o diagnóstico de um câncer. Mas isso, mais do que sua saúde, transformou sua vida permanentemente.

Liliane descobriu que havia algo errado em um exame de rotina. A ginecologista dela mandou material para análise e depois de exames, o resultado foi avassalador: câncer. “Passei por vários médicos aqui e no Rio Grande do Sul para entender tudo sobre o tratamento”, conta. Na época, ela tinha perdido uma prima para a doença e sentiu um choque enorme ao receber o diagnóstico. “Não queria ninguém preocupado ou com pena de mim por causa disso, por isso ia ao médico sozinha”, pontua.

Para não assustar a família, ela fez todos os exames sozinha e só revelou o problema quando o diagnóstico foi confirmado.

No meio dos riscos, ela ainda teve mais uma notícia ruim. Com o tratamento, que contava com uma cirurgia, ela poderia ter zeradas as suas chances de ser mãe. “Havia algumas opções. Eu escolhi fazer a cirurgia parcial onde ainda teria possibilidade de ser mãe. Descobri em outubro, fiz a primeira cirurgia no dia 3 de dezembro, e na volta ao médico, descobri que o câncer não tinha ido embora”, recorda. 

Sim, a luta continuava e para sobreviver, ela poderia retirar mais uma parte do útero ou todo o órgão. “Minha família já estava muito apreensiva com toda essa situação e também para garantir a eliminação total, resolvi tirar o útero”, conta.

Assim, com apenas 34 anos, Liliane ficou infértil. Tudo isso a deixou com tantas questões na cabeça que elas acabaram indo parar na internet. Para se sentir melhor, ela passou a compartilhar seu aprendizado sobre o câncer, a jornada da cura e as consequências da doença, em suas redes sociais. “Aprendi nesse tempo que eu precisava dar espaço para as pessoas, que elas precisavam me acompanhar de perto, e que isso era uma demonstração de amor por mim e não de dó. Sempre olhei todas as coisas que aconteceram na minha vida de forma muito positiva e me considero muito inteligente emocionalmente e isso me faz passar por tudo sem me torturar, sem perder a fé e usar isso para ajudar outras pessoas”, explica.

Sobre a questão da maternidade, ela conta que estava com diversos medos: de ficar sozinha, de não encontrar alguém que quisesse casar com alguém que não pudesse lhe dar filhos, de não ter sua história continuada. Isso mudou quando ela olhou para quem estava ali, bem perto dela. “Minha mãe e minha irmã fazem parte do programa família acolhedora há mais de 5 anos, então elas acolhem crianças que serão adotadas. Isso me mostra que eu posso ser mãe adotiva e ajudar uma criança a ter uma família. Então, é um conjunto de coisas. E eu sempre penso que poderia ter sido pior, e que Deus deve ter um objetivo na minha vida, que aos poucos estou descobrindo”, diz.

Nas redes sociais, o apoio a ela tem sido maciço. Frequentemente, segundo Liliane, pessoas mandam mensagens falando da força da professora e de como isso as inspira a não olharem para seus problemas como se eles fossem o fim.

Apaixonada pela vida e consciente de como sua experiência pode ajudar outras pessoas, ela está escrevendo um livro para ser lançado nos próximos meses, contando sua história sobre como enxergar tudo pelo melhor ângulo. “Não há nada na vida que eu não possa melhorar”, diz ela ao legendar uma de suas fotos.

No último dia 9 de abril, Liliane recebeu a confirmação de que venceu, definitivamente, o câncer.