O Conexão Sul, programa da rádio Som Maior e Post TV, entrevistou nesta quinta-feira, dia 15, Robson Schmidt, presidente do IMAS, Instituto Maria Schimitt, responsável pela administração de 12 unidades de saúde no estado. Ele usou o espaço para falar, em maioria, da pandemia e seus efeitos nas unidades de saúde, além de pontuar mudanças no Hospital Regional de Araranguá e a dificuldade em conseguir insumos para continuar tratando os pacientes graves de Covid-19. Acompanhe os principais pontos da conversa, que pode ser encontrada na íntegra na página do Facebook da Post TV.
Mais leitos
Robson começou anunciando que já há uma mobilização entre profissionais e representantes do Hospital Regional de Araranguá e Dom Joaquim de Sombrio. O objetivo é viabilizar mais trinta leitos de UTI para a região já nas próximas semanas. “Estamos com o sistema de saúde muito sobrecarregado. Não é uma terceira onda, mas um tsunami de casos”, comentou.
Elogio
Na conversa, o médico pontuou a necessidade de continuar mantendo os cuidados para evitar mais contágio e enalteceu os trabalhos da nova secretária de Saúde, Carmen Zanotto. “Eu fico muito feliz em ver a preocupação dela em pedir ao Ministério da Saúde para antecipar as vacinas da gripe, antecipar os cuidados relacionados ao período em que vamos entrar agora, quando já temos um aumento nos casos de problemas respiratórios”, continuou.
Fôlego preocupado
Ele também falou do momento atual da saúde regional e estadual, comentando que houve uma pequena redução no número de pacientes aguardando leitos de UTI e nos pronto-socorros. “Ainda estamos trabalhando com sobrecarga, acima da capacidade máxima. Com a entrada do inverno, tudo leva a crer que podemos, sim, ter de novo um colapso no sistema”, diz.
A preocupação dele é com o número já rotineiro de pessoas com H1N1, por exemplo, que buscam os serviços de saúde no período de inverno, e que encontrarão nos hospitais pacientes de Covid-19.
Momento delicado
Robson avaliou o último ano nos hospitais catarinenses, principalmente no HRA. “Passamos por momentos muito delicados, com até 10, 12 pacientes na emergência aguardando leito de UTI. Hoje, temos dois. Mas, isso ainda é um número que não tínhamos antes do Covid”, declarou. Junto a isso, ele externou sua preocupação com a nova variante do vírus, que é ainda mais agressiva. “Essa nova variante trouxe uma gravidade maior em jovens, e eles estão ficando muito mais tempo internados, de 20 a 40 dias na UTI. A gravidade e o tempo de UTI cresceram muito, isso faz com que a gente não tenha rotatividade de leitos e não consiga atender as pessoas da forma como a gente precisa. Essa nova variante é muito agressiva”, comentou.
Descuido
Robson comentou que a doença nunca esteve sob controle, e a prova disso foi a avalanche de novos casos registrados em março. “Houve um relaxamento quando em novembro os números diminuíram, e colhemos os frutos disso agora. Isso acende um alerta para que a gente não relaxe agora e colha os frutos em junho, julho”, disse.
Questionado sobre o número de óbitos e infectados na equipe médica, Schimitt destaca que, antes do início da vacinação, o índice de afastamentos do trabalho era maior. “Tivemos que contratar funcionários para suprir essa demanda em decorrência dos atestados de nossos colaboradores. Perdemos, sim, guerreiros trabalhadores. A Covid é uma doença grave, agressiva e imprevisível. Agora, após a vacina, o número de afastamentos reduziu sensivelmente”, comentou.
Nova epidemia
Depois de mais de um ano na linha de batalha contra a Covid-19, o que o instituto mais tem percebido dentro dos hospitais é o cansaço entre seus colaboradores e a escassez de insumos para tratamento. “Temos verdadeiros guerreiros, que têm trabalhado incansavelmente para salvar vidas, e o que percebemos é que cada vez mais os recursos para o tratamento desses pacientes graves estão difíceis de conseguir no mercado. É uma epidemia a falta de medicamentos no mercado, no país inteiro. Temos uma dificuldade em conseguir medicamentos, em conseguir contratar para suprir a sobredemanda de serviço”, continua.
Para amainar o problema dos medicamentos, o instituto está importando produtos de países como a Índia e o Peru.
Hoje, o quadro de funcionários do HRA está 20% maior, mas ainda há falta de profissionais, já que muitos tiveram que se afastar por estarem infectados, por exemplo.
Adequações
O diretor ainda destacou que o hospital precisou passar por inúmeros momentos de remanejamento de funcionários e de recursos, já que a demanda da Covid-19 não existia e, repentinamente, exigiu um esforço incalculável das equipes. “Em nenhum momento o hospital deixou de atender a obstetrícia, a pediatria, a área de traumas, a ortopedia… É um hospital geral com um hospital de Covid dentro dele”, disse.
Repasses
Sobre os repasses de valores do estado para manter os trabalhos e ainda custear o volume maior de atendimentos no HRA, Schimitt argumentou que apenas R$1,9 milhão foi entregue do governo, enquanto que o número de leitos de UTI ativados no hospital subiu de 20 para quase 40. “O valor custearia vinte leitos por dois meses. Hoje temos um déficit e segundo a secretaria estadual, esse déficit será sanado. Está tramitando um contrato de aditivo”, diz.
Segundo ele, uma UTI com dez leitos custa hoje, em média, de R$680 mil a R$700 mil ao mês.