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Balé em Ermo: Projeto CriArte celebra 11 anos de história

Tudo começou num ritmo calmo como uma tênue trilha de balé. Uma professora começando a trabalhar com dança na rede municipal de ensino de uma cidadezinha pequena e pacata, desacostumada com toda a elegância e pompa que a música clássica parece exibir, foi incumbida de ensinar crianças a arte e a cultura de um jeito diferente.

Neste cenário, nasceu, em abril de 2010, o CriArte, projeto desenvolvido desde o início pela professora Renata Possamai e que levou mais de cem crianças a conhecer o balé  pelo lado de dentro. 

Poucos anos depois, o estado retirou o apoio ao projeto, mas, encantada com o resultado, a diretora da escola quis levar adiante o programa, que envolvia e despertava a arte nos alunos. “As pessoas estavam percebendo a importância das crianças estarem em contato com a arte e a cultura. E foi assim que começou”, conta Renata.

Na hora de destacar os melhores momentos desta história, Renata precisa de alguns minutos para pensar. Onze anos de muitas vitórias e aprendizado passam pela mente da professora. “Um deles foi o festival Mário de Andrade, de escola pública, que foi o pontapé inicial. Acho que ficamos classificados ou ficamos em terceiro lugar na fase regional”, recorda.

Logo depois, um novo momento para o grupo. Com a coreografia do Boi Bumbá, o CriArte foi selecionado para participar do Festival de Dança de Joinville, um dos mais prestigiados do país e que é tradicional por reunir diferentes vertentes da dança clássica. “Também foi uma grande conquista. Depois vieram muitas competições como o festival Passo de Arte em São Paulo, onde ficamos em segundo lugar. Foi muito difícil e é com as escolas de dança mais conhecidas do país. Foi marcante a viagem para Córdoba, na Argentina, onde ganhamos premiação de grupo-destaque”, continua.

Já em 2019, Renata e os dançarinos montaram o primeiro repertório de balé completo no município com mais de cem crianças. “Isso já foi na nova sede, na escola João Moro. Envolvemos, além do pessoal da dança, as séries da escola também”, diz.

No ano seguinte começaria a pandemia do coronavírus, que paralisou muitas atividades, mas não as aulas da professora Renata. “Mesmo nesse cenário estamos conseguindo estruturar o grupo, trabalhar com vídeo-aulas, conseguindo trazer nossas alunas para aulas presenciais. É um momento em que seguimos de cabeça erguida, mesmo nas dificuldades”, celebra.

Nestes onze anos de CriArte, o grupo já coleciona troféus e muitas histórias, que fazem parte de uma verdadeira jornada entre sapatilhas e barras. “É muito legal. Já fomos destaque em muitos festivais, inclusive no Unesc Em Dança, um festival aqui na nossa região, o que é muito importante. Todas as experiências foram muito enriquecedoras”, diz.

Como uma bailarina que está sempre treinando seus passos, o grupo evoluiu. O que antes ocorria em uma sala pequena nas dependências de um ginásio, agora é um projeto que oferece todo suporte para as crianças que participam. “Elas recebem alimentação, figurinos… Hoje, eu diria que temos muito a conquistar, mas na estruturação, evoluímos muito. Não foi um caminho fácil, mas a gente consegue manter 100% o projeto, e isso foi uma conquista muito grande”, acrescenta.

Outra questão interessante é o laço de afeto que, pouco a pouco, a cada apresentação cheia de encanto e delicadeza, o grupo conseguiu desenvolver com a cidade. De acordo com Renata, Ermo abraçou o CriArte. “Todos estão sempre preocupados em melhorar, eu consigo trabalhar muito bem aqui. Vejo que estamos conseguindo consolidar esse projeto, se tornando uma marca registrada. Fico muito feliz”, pontua. Ainda na opinião de Renata, os ermenses hoje apuraram seu gosto pela cultura e a cada geração de dançarinos formados pelo projeto, seres humanos melhores são semeados no mundo.

Onze anos já são muito tempo, mais de uma década de história, mas como um dançarino em pleno desenvolvimento, o CriArte ainda tem muitos planos e o futuro está logo ali na frente. “Nós vamos planejar um festival de dança, estamos começando a pensar, para quando passar a pandemia, e vamos inserir no município, paralelo às festas ou não. Estamos começando a amadurecer a ideia para logo conseguirmos organizar nosso festival aqui”, promete.

Os alunos podem participar do CriArte, gratuitamente, no contraturno das aulas. Atualmente, Renata tem a ajuda do ex-aluno Renan Bittencourt, que também aprendeu no grupo sobre a arte e a cultura através do balé.

As turmas, que iniciam com quatro anos e vão até os 16 anos de idade, são separadas por faixa etária e aprendem desde o baby class até o intermediário. Além de aprender noções de dança e técnica, o projeto dá oportunidade para quem quer seguir a carreira de bailarina.

O projeto participa das seletivas para a Escola de Dança Bolshoi, de Joinville, todos os anos, e em 2018 teve uma aluna aprovada na escola internacional.