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Praga ameaça lavouras de milho na região

Uma nova praga está ameaçando dizimar as lavouras de milho da região da Amesc. A cigarrinha do milho, pequena e de aparência frágil, tem trazido uma doença capaz de destruir as plantas e causar sérios prejuízos. Segundo Leandro Formanski, da Pioneer Sementes, o inseto tem espalhado o Enfezamento Vermelho e o Enfezamento Pálido, doenças transmitidas por microrganismos chamados molicutes. “A cigarrinha é exclusiva da cultura do milho, e uma vez infectada ao sugar a planta em sua fase jovem ela transmite esse molicutes que se multiplica durante o período vegetativo da cultura do milho. Quando chega à parte reprodutiva, ele começa a causar danos”, explica.

Esses danos são a má formação de espigas e grãos, além de uma diminuição no porte da planta, amarelamento ou avermelhamento das folhas, e a morte prematura da cultura do milho, causando perdas de até 100% das lavouras da região. “Para termos o controle dessa doença, temos que controlar o vetor. Uma das estratégias é, juntamente com o produtor reduzir a janela de plantio de milho, que após a colheita fica lá abandonado, sendo hospedeiro do patógeno e da cigarrinha. Também usar uma semente tratada com inseticida, que vai ajudar na parte inicial da lavoura”, explica Leandro. 

Ele acrescenta que ter uma janela de aplicação de inseticida reduzida, conforme a orientação da cooperativa ou revenda da sua região, é outra estratégia que ajuda no combate, assim como utilizar produtos biológicos e sementes de milho mais resistentes à cigarrinha. “Isso vai ser uma sinergia. Nem a genética sozinha, nem o tratamento químico, nem o tratamento biológico vai conseguir controlar 100% da cigarrinha. A gente vai ter que ter uma sinergia e força para controlar esse patógeno”, conclui.

Conforme Juliano Zili Favarin, que trabalha na Coopersulca, focos da praga já foram identificados em Turvo, Timbé do Sul e Jacinto Machado, mas é possível dizer que já há ataques em todos os municípios do extremo-sul catarinense. Isso quer dizer que há chances reais de prejuízos para a produção. “É uma praga que migra muito rápido. A maioria dos produtores se atentou tarde, já não consegue controlar. E aqueles que estão com a lavoura jovem conseguem fazer o controle”, comenta.

Ele ainda pontua que a doença pode liquidar completamente a lavoura, já que a parte reprodutiva fica toda comprometida. Felizmente, este não é o caso das lavouras monitoradas pela cooperativa até o momento. Mesmo assim, a cautela precisa ser mantida. “A praga está presente e a tendência é aumentar”, declara.

Por conta da severidade da doença e da forma repentina com que os insetos surgiram, ainda não é possível calcular o prejuízo. “É uma praga nova, uma experiência nova. Estamos avaliando os danos, não temos como quantificar o prejuízo”, encerra.

Segundo o boletim agropecuário divulgado pela secretaria da Agricultura de Santa Catarina em fevereiro, a área cultivada com milho na segunda safra é de 25,2 mil hectares de estimativa inicial, mais de 90% superior à área da safra anterior. Na região de Araranguá, a área plantada na safra 2020/2021 é de 389 hectares. A produção estimada é de 1.858 toneladas.